Tese:
As rendas deveriam ser iguais se todos os homens fossem semelhantes.
Não é correto reivindicar que todos devam ter
rendas iguais. Para explicar esse raciocínio, temos de nos valer da utilidade
marginal da renda. Inicialmente, façamos a hipótese de que possamos atribuir
números à utilidade da renda de cada pessoa. A utilidade marginal da renda é a
mudança na utilidade total que resulta de uma mudança de unidade na renda.
Suponhamos, também, que possamos somar as utilidades totais de diferentes
indivíduos para obter uma utilidade total social para a sociedade toda.
Baseando-nos nos dizeres acima, a utilidade social
chegaria a um máximo quando a utilidade marginal da renda de todos os
indivíduos fosse igual. Igualdade de renda, contudo não implica igualdade da
utilidade marginal da renda. Por quê? Porque cada um de nós faz um juízo de
valor diferente para cada unidade de sua renda. É por isso que as rendas seriam
iguais somente para pessoas semelhantes.
O argumento mais convincente a favor da
desigualdade da renda é o de que não é o nível médio de realização que mede o
valor de uma cultura, mas os níveis máximos que ela atinge. Dentro desse
contexto, seria preferível uma sociedade que tivesse cabanas de pau-a-pique e
catedral a uma outra que só tivesse cabanas de pedra. O problema das políticas
econômicas é encontrar o grau ótimo de desigualdade. Parece-nos que a média
justa, apregoada por Aristóteles, é a mais aconselhável.
Dando prosseguimento a este raciocínio, somente as
sociedades ricas podem se dar ao luxo da igualdade. As sociedades em
desenvolvimento precisam de um alto grau de desigualdade, em que os recursos
possam ser aglomerados em mãos de poucos, para propiciar o desenvolvimento de
longo prazo.
Fonte de Consulta
BOULDING, K. E. Princípios de Política
Econômica. São Paulo: Meste Jou, 1967, p.107 a 111.