15 dezembro 2022

Agricultura: Sustentáculo de Tudo

Sem o pão material ninguém permanece vivo, sem o surgimento da agricultura, nada seria possível, e indústria, cidade, entretenimento, luxo, riqueza etc. seriam inviáveis. Em outras palavras, a descoberta da agricultura é responsável por todo o processo de evolução decorrido em nosso planeta desde tempos longínquos.

O início da agricultura só aconteceu depois da Era do Gelo, há 8000 a. C. Com o aquecimento da Terra, as camadas de gelo que cobriam a maior parte do norte da Eurásia e da América do Norte começaram a derreter e, com isso, liberaram grandes quantidades de água doce, propiciando as condições necessárias para a vegetação, como também para as florestas e pradarias.

Em termos históricos, os nômades foram os primeiros habitantes a se valerem da caça e da pesca. Quando essa matéria prima se tornava escassa, eles procuravam outra região para ser explorada. O surgimento da agricultura tornou-os sedentários. A consequência imediata desse procedimento foi a produção de um excedente agrícola, que possibilitou o aparecimento de outros tipos de atividade, tais como, a do sacerdote, do filósofo, entre outras.

A domesticação dos animais foi uma das principais consequências do surgimento da agricultura, e o cão, que é descendente do lobo, foi o primeiro desses animais. Lembremo-nos de que os cães foram usados como animais de guarda e caça muito antes de os humanos se tornarem sedentário. Só mais tarde, quando as culturas aráveis tiveram início, é que começou a criação de animais para uso na alimentação.

Com o passar do tempo, os países foram se especializando num tipo de cultura: trigo e cevada eram os cereais básicos no Crescente Fértil; o milho, nas Américas; o sorgo, na África subsaariana; o painço, no norte da China; e o arroz no sul da China. Feijão, inhame, batata, abóbora e pimentão se desenvolveram em outras partes do mundo.

Fonte de Consulta

Crofton, Ian. 50 Ideias de História do Mundo que você Precisa Conhecer. Tradução de Elvira Serapicos. São Paulo: Planeta do Brasil, 2022.

08 dezembro 2022

A Guerra

“A guerra é a continuação da política por outros meios.” (Karl von Clausewitz)

Linha do tempo. Séc. IV a.C. — Sun Tzu escreve A arte da guerra, o primeiro livro sobre teoria militar do mundo. Séc. V d.C. — Santo Agostinho desenvolve a doutrina cristã da guerra justa. Sec. XIII — São Tomás de Aquino aperfeiçoa os princípios da guerra justa. 1932 — Publicação da influente obra de Clausewitz, Da guerra. 1862 — A Guerra de Secessão dos Estados Unidos leva J. S. Mill a exaltar a guerra justa. 1978 — Arthur Koestler fala sobre a natureza perene da guerra.

A persistência do estado de guerra na humanidade levou muita gente a supor que é uma característica inerente à raça humana. Por isso, o teórico militar prussiano Karl von Clausewitz afirmou: “A guerra é a continuação da política por outros meios”. Em outras palavras, enquanto os seres humanos continuarem a ser animais famintos por terras e outros recursos, as disputas estarão além da resolução por meio pacífico.

Dentro desse enfoque, no século V d.C., Santo Agostinho tentou conciliar os ensinamentos pacifistas dos primeiros apóstolos da Igreja e as necessidades militares dos governantes imperiais, e apresentou-nos a doutrina da guerra justa, fundada na obrigação moral de buscar a justiça e defender os inocentes. Além da guerra justa, os filósofos apresentam-nos as visões extremas do realismo e do pacifismo. No realismo, há a desconfiança de se aplicar conceitos éticos à guerra. No pacifismo, acredita-se que a moralidade ainda tem um peso nas questões internacionais.  Mesmo se tornando uma coisa medonha, até o filósofo pacifista J. S. Mill considerava que às vezes é necessário se travar a boa luta.  

No século XIII, Tomás de Aquino aprimorou a guerra justa de Santo Agostinho, propondo uma distinção entre jus ad bellum (“justiça para fazer a guerra”, condições sob as quais é moralmente correto pegar em armas) e jus in bello (“justiça na guerra”, regras de conduta no curso da luta). Hoje, o debate atual sobre a ética da guerra é fundamentada em torno dessas duas ideias.

Em linhas gerais, a única motivação da guerra justa deve ser a de corrigir o mal causado pela agressão que forneceu a causa justa, e não para encobrir outras motivações, como interesses nacionais, expansão territorial e engrandecimento.

“Subjugar o inimigo sem lutar é a excelência suprema”, segundo o general chinês Sun Tzu, o primeiro grande teórico militar do mundo. A ação militar deve ser sempre o último recurso e só se justifica se todas as outras opções pacíficas fracassarem. Como afirmou o político britânico Tony Benn, em certo sentido “toda guerra representa um fracasso da diplomacia”.

Fonte de Consulta

DUPRÉ, Bem. 50 grandes ideias da humanidade que você precisa conhecer. Tradução Elvira Serapicos. São Paulo: Planeta do Brasil, 2016.

&&&

Para Reflexão

742. Qual a causa que leva o homem à guerra?

— Predominância da natureza animal sobre a espiritual e satisfação das paixões. No estado de barbárie os povos só conhecem o direito do mais forte, e é por isso que a guerra, para eles, é um estado normal. À medida que o homem progride ela se torna menos frequente, porque ele evita as suas causas, e quando ela se faz necessária ele sabe adicionar-lhe humanidade.

743. A guerra desaparecerá um dia da face da Terra?

— Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Então, todos os povos serão irmãos.

744. Qual o objetivo da Providência ao tornar a guerra necessária?

— A liberdade e o progresso.

Extraído de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

 

06 dezembro 2022

Nero

Lúcio Domício Enobarbo, conhecido como "Nero Cláudio César Augusto Germânico", ou simplesmente Nero (37–68), foi imperador romano entre os anos 54 e 68 da era cristã. Na dinastia Júlio-Claudiana, foi o quinto, após Augusto, Tibério, Calígula e Cláudio. É conhecido como um dos mais cruéis imperadores da história de Roma.

Conta-se que, depois que alguns soldados mataram Messalina, a quarta esposa de Cláudio, este casou-se com Agripina, já então mãe de Nero, que o persuadiu a adotar Nero como filho; depois, alimentou o imperador com cogumelos envenenados, matando-o. Posteriormente, Nero subiu ao trono aos dezessete anos (em 54 d.C.).

Sêneca serviu de orientador de Nero, e este prometera-lhe dar o exemplo durante todo o seu reinado, da virtude da bondade que o filósofo exaltava no tratado De clementia. Os primeiros cinco anos de seu mandato, o império progrediu substancialmente: a corrupção foi reprimida, a burocracia administrativa melhorou e o Mar Negro ficou livre dos piratas.

Sêneca, para desviar Nero dos negócios de Estado, permitiu-lhe afrouxar a rédea na moral, promovendo banquetes caros e festas abundantes. 

Nero desfez-se da esposa Otávia e casou-se com Popeia Sabina, que se embelezava e estimulava o desejo. Tendo a oposição da mãe de Nero, incita o marido a matar a própria mãe.

Em 18 de julho de 64, irrompeu um incêndio no Circus Maximus que se alastrou rapidamente. Durou nove dias e arrasou dois terços de Roma. Daí, surgiu o boato de que Nero havia mandado tocar fogo para apreciar o espetáculo e escrever um poema baseado na realidade. Para afastar as suspeitas, culpa os cristãos, e começa a persegui-los. Homens mulheres e crianças foram presos e condenados aos piores suplícios.

Um ano depois, Nero soube de uma conspiração para depô-lo; alguns prisioneiros comprometeram Sêneca e o poeta Lucano; Nero ordenou aos dois que se matassem e eles obedeceram.

"Em meio às suas conquistas, Nero recebeu a notícia de uma rebelião na Judeia e de que praticamente todo o Ocidente estava contra ele. Em 68 d.C., Víndice, governador de Lyon, e Galba — comandante do exército romano na Espanha —, ambos, aderiram à rebelião; Nero procurou a Guarda Pretoriana para defendê-lo; esta se declarou favorável a Galba, e o senado proclamou Galba imperador. Nero apelou aos amigos que favorecera, mas nenhum o ajudou. Fugiu pela estrada em direção a Óstia, esperando encontrar um navio com uma tripulação leal, mas os soldados do senado o alcançaram e cercaram. Tentou enfiar um punhal na garganta; a mão falhou; seus criados libertos o ajudaram a pressionar a lâmina. “Qualis artifax pereot”, lamentava-se ele — “Que artista morre comigo!”"

Fonte de Consulta

DURANT, Will. Heróis da História: Uma Breve História da civilização da Antiguidade ao Alvorecer da Era Moderna. Tradução de Laura Alves e Aurélio Barroso Rebello. L&PM Pocket.


01 dezembro 2022

Revolução: Armas ou Ideias?

"Só existem duas formas de encetar uma revolução: pelas armas ou pelas ideias."

Ludwig von Mises, na 6.ª lição — “Política e Ideias”, do livro Seis Lições, enfatiza que devemos combater as más ideias, substituindo-as por outras melhores.

Assim, devemos lutar contra:

as doutrinas que promovem a violência sindical;

o confisco da propriedade;

o controle de preços;

a inflação;

o monopólio do Estado...

Somente ideias podem iluminar a escuridão.

As boas ideias devem ser levadas às pessoas de tal modo que elas se convençam de que essas ideias são as corretas, e saibam quais são as errôneas. No glorioso período do século XIX, as notáveis realizações do capitalismo foram fruto das ideias dos economistas clássicos, de Adam Smith e David Ricardo, de Bastiat e outros.

Um exemplo: por que o Estado deve ser o moderador de tudo? Países cooperam com outros países e não há um governo central? Por que os indivíduos não podem cooperar com outros sem que haja o Estado no cangote de cada um deles?

...

O sistema tende a eliminar os que atrapalham o funcionamento do sistema.

A verdade é como o fruto maduro. Uma vez caído ao chão não há como devolvê-lo à árvore.

"Ideias e somente ideias podem iluminar a escuridão." (Ludwig von Mises)