02 outubro 2019

Novilíngua (George Orwell)

novilíngua (newspeak em inglês, novafala em português) é uma língua que aparece no romance 1984, de George Orwell. Língua extremamente simplificada, é um dos pilares básicos do regime autoritário do Partido. Tinha por objetivo substituir a antilíngua (Oldspeak), o inglês real, para assim dominar o pensamento dos membros do Partido.

Vocabulário é reduzido ao mínimo. O mal converte-se em imbomótimo, em plusbom; terrível, em dupliplusimbom. Um bom falante é aquele que usa menos variedade de palavras para expressar uma ideia. O vocabulário divide-se em: 1) palavras de uso comum (comer, beber, árvore); 2) palavras construídas com fins políticos, com o objetivo de dirigir e controlar o pensamento do falante: bonsexobempensadamenteduplipensar; 3) composto exclusivamente de palavras científicas e técnicas, mas redefinidas de maneira que ficassem desprovidas de significados "potencialmente perigosos".

Algumas Palavras Peculiares

Facecrime (facecrime), rosto com uma expressão imprópria (como mostrar-se incrédulo ante o anúncio de uma vitória), o que é punido por lei.

Duplipensar (doublethink) - capacidade de manter na cabeça dois pensamentos contraditórios, um realista e oposto à doutrina do Partido e outro de acordo com este, de maneira que a forma de atuar, o comportamento e o próprio pensamento seja congruente com o que dite o Partido, independentemente das demais ideias que haja na mente. Por exemplo, se o Partido diz que dois mais dois são cinco, e em nossa mente sabemos que na realidade deveriam ser quatro, a correta aplicação do duplipensar consistiria em manifestar-se e comportar-se como se fossem cinco, mantendo internamente que o resultado é quatro.

Negrobranco (blackwhite), aplicada a um inimigo, refere-se ao costume de afirmar descaradamente que o preto é branco (contradizendo a evidência, que é aquilo que o Partido prescreveu), enquanto ao se referir a um membro do Partido significa afirmar de boa vontade que o preto é branco, quando o Partido assim o indicar.

Extraído de https://conlang.fandom.com/pt/wiki/Novil%C3%ADngua

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Duplipensar (1949) [George Orwell]

Crença simultânea em duas ideias contraditórias com a mesma convicção

Cunhado pelo escritor britânico George Orwell (1903-1950) em seu romance 1984 (1949), o termo “duplipensar” refere-se à crença simultânea em duas ou mais ideias contraditórias, como “Guerra é paz”, “liberdade é escravidão”, “A vida é predeterminada, mas temos o livre-arbítrio”.

No romance, o governo, formado por um único partido político, dominante, controla a população com uma série de ferramentas de coerção, como propaganda, forças policiais secretas, tortura, sistema de vigilância onipresente e espiões. As pessoa só têm direito a acreditar no que contribui para os objetivos políticos do regime. Às vezes, o governo exige que o povo aceite duas ideias como verdade, embora elas sejam contraditórias. Dessa forma, pelo milagre do duplipensar os trabalhadores do Ministério da Paz podem travar guerras, enquanto aqueles que trabalham no Ministério do amor recorrem sem cerimonia à tortura para extrair falsas confissões.

A palavra duplipensar passou a ser utilizada na linguagem popular para descrever situações em que se expõem ideias contraditórias. Em termos psicológicos, o duplipensar é conhecido como “dissonância cognitiva” e ocorre quando o conflito de ideias faz com que o indivíduo mede suas crenças para torná-las mais compatíveis. As convicções políticas ou sociais podem ser examinadas e criticadas sob a ótica do duplipensar, o que ajuda a compreender por que os adeptos de uma ideologia, um partido ou uma doutrina costumam seguir de modo tão fervoroso ideias aparentemente contrárias a todo mundo.

ARP, Robert (Editor). 1001 Ideias que Mudaram a Nossa Forma de Pensar. Tradução Andre Fiker, Ivo Korytowski, Bruno Alexander, Paulo Polzonoff Jr e Pedro Jorgensen. Rio de Janeiro: Sextante, 2014.

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Natureza de escritor

Desde muito pequeno, talvez em cinco ou seis anos de idade, eu sabia que devia ser escritor quando crescesse. Mais ou menos entre 16 e 24 anos, tentei abandonar essa ideia, mas o fiz consciente de que estava ultrajando minha verdadeira natureza e que mais cedo ou mais tarde teria de me conformar a escrever livros.

Eu tinha o hábito, típico de crianças solitárias, de inventar histórias e conversar com pessoas imaginárias.

ORWELL, George. Porque Escrevo e outros Ensaios. Tradução de Claudio Marcondes. São Paulo: Penguin Companhia de Letras, 2021. 


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