15 setembro 2025

O Espetáculo da Corrupção (Resumo de Livro)

Título do livro: O Espetáculo da Corrupção: Como um Sistema Corrupto e o Modo de Combatê-lo estão Destruindo o País. Walfrido Warde. Rio de Janeiro: LeYa, 2018.

Os capítulos do livro: — Pra Começo de Conversa — O Novelo de Ariadne — A Profecia de Belchior, na Voz de Elis — O Combate Inconsequente — Corrupção em Pílulas — O Desprezo aos Fundamentos e a Permeabilidade Seletiva — Os Números da Lava Jato — Corrupção Legal — Honestidade para Todo — J’Accuse — Por uma Política Nacional de Combate à Corrupção — Circus.

Sobre o autor: Walfrido Jorge Warde Júnior é advogado especializado em direito empresarial, com atuação forte nas intersecções entre Estado, empresas e regulação. O livro aparece em meio ao auge da discussão pública sobre Lava Jato, combate à corrupção, debates sobre impunidade, moralismo etc.

Principais teses:

1. Corrupção como sistema enraizado. Warde argumenta que a corrupção no Brasil não é algo pontual ou de indivíduos maus, mas sim um sistema estruturado — com atores, incentivos, instituições e práticas recorrentes — que se reproduz.

2. Problemas no modo de combate atual. Ele critica a forma como o combate à corrupção tem sido conduzido, dizendo que, embora necessário, esse combate tem causado danos colaterais severos: destruição de empresas, desestímulo à iniciativa privada, desemprego etc.

3. Espetacularização versus banalização. Uma ideia-chave é como a corrupção virou espetáculo público — cada escândalo vira show de mídia, há uma espécie de moralismo público — ao mesmo tempo em que a corrupção é banalizada no sentido de que muitas práticas corruptas vão sendo aceitas, justificadas ou ignoradas.

4. Danos à economia, às empresas, à política. Empresas foram arruinadas ou fragilizadas em processos anticorrupção; mercados importantes sofreram. Isso causa efeitos sociais negativos: desemprego, queda de investimento, prejuízo para desenvolvimento. Políticos passíveis de punição, mas também há risco de judicialização/politização excessiva do processo, com efeitos sobre instituições, liberdades, etc.

5. Necessidade de um “combate equilibrado”. Warde propõe que não se precisa “destruir” o capitalismo, nem rédeas de empresas ou da política; é possível combater a corrupção de forma que preserve instituições, empresas saudáveis, economia, empregos. 

6. Propostas de reforma. Criação de uma política de combate à corrupção que seja coordenada entre poderes, com planejamento. Estruturas de compliance mais robustas nas empresas — detecção, prevenção. Priorizar o ressarcimento ao erário (“cofres públicos”) em vez de vingança política. Evitar excessos que possam violar direitos fundamentais no processo de combate. 

Críticas. Warde reconhece que a Lava Jato desempenhou papel importante, acusando e punindo corruptos, mas ele aponta que houve consequências negativas (empresas destruídas, destruição de valor econômico, efeitos colaterais não intencionados). Também alerta para o risco de moralismo barato — ou seja, discursos que pedem punição pela pena, mas sem cuidado com processos justos, com impactos, com a proporcionalidade.

Importância do livro. O livro oferece uma crítica ao modelo dominante de combate à corrupção, argumentando que, se não for bem calibrado, pode agravar problemas ao invés de solucioná-los. Traz reflexões que combinam direito, economia e política, úteis para quem quer entender o tema de forma mais complexa, não só no aspecto penal ou midiático. É patriótico no sentido de querer preservar estruturas democráticas, de justiça, e não ceder ao autoritarismo ou à destruição institucional em nome de combater a corrupção. 

 

 

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