23 setembro 2025

Teatro das Tesouras: Como Raciocinar Bem em Política

O chamado teatro das tesouras representa o rodízio de poder entre grupos ou partidos que, embora se apresentem como rivais, partilham os mesmos vícios estruturais: clientelismo, fisiologismo e uso da máquina pública em benefício próprio. Exemplo marcante desse mecanismo foi a alternância entre PT e PSDB.

Esse modelo de atuação se consolidou ao longo do tempo, dando origem ao que muitos chamam de “sistema”. Quem ousa enfrentá-lo costuma ser alvo de inquéritos, campanhas de difamação ou até mesmo punições desproporcionais, como prisões motivadas por opinião.

Para transformar esse status quo, é preciso aperfeiçoar nosso olhar sobre a política. Isso significa: separar discurso de prática; distinguir política (voltada ao bem comum) de politicagem (orientada a interesses pessoais); escapar da armadilha da polarização promovida pela “aliança das tesouras”; investigar a origem e o destino do financiamento de campanhas, sempre “seguindo o dinheiro”.

Nesse sentido, é útil compreender as diferenças entre o estadista e o politiqueiro.

O estadista: pensa em longo prazo; assume responsabilidades ao tomar decisões; respeita a lei; educa e esclarece a população; busca elevar o nível de consciência do povo.

Já o politiqueiro: enxerga apenas o curto prazo; busca agradar para manter aprovação; concentra o poder em torno de seu personalismo; manipula as massas com promessas fáceis; oferece “soluções mágicas” e benesses insustentáveis para garantir apoio. 

 

Funeral de Charlie Kirk

A frase “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lucas 23:34) é uma das mais conhecidas do Evangelho. Nela, Jesus, crucificado, pede a Deus que perdoe aqueles que o executavam, por não compreenderem a dimensão de seu ato. Esse episódio é interpretado como a expressão máxima do amor e do perdão cristãos, ressaltando que perdoar beneficia tanto quem é perdoado quanto quem perdoa.

Essa passagem foi lembrada por Erika Kirk, esposa de Charlie Kirk, durante o funeral do marido, realizado em 21 de setembro de 2025. Após citá-la, afirmou perdoar o autor do crime e acrescentou que Charlie dedicava sua vida a alcançar jovens como aquele que o matou. Erika reforçou ainda o ensinamento de Jesus de amar até mesmo os inimigos.

Na ocasião, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que Charlie Kirk se tornara um “mártir da liberdade”. As declarações tiveram ampla repercussão internacional, sendo interpretadas tanto no campo religioso quanto no político.

Embora envolto em elementos ideológicos, o episódio chamou a atenção pela força do gesto de perdão de Erika, que impactou especialmente jovens em busca de referências espirituais.

A história mostra que ideias frequentemente sobrevivem aos seus defensores. Sócrates foi condenado à cicuta, mas sua filosofia permanece viva. Jesus foi crucificado, mas seus ensinamentos atravessaram os séculos. De modo semelhante, a morte de Charlie Kirk não apagou suas convicções, mas contribuiu para dar maior visibilidade a elas.

15 setembro 2025

O Espetáculo da Corrupção (Resumo de Livro)

Título do livro: O Espetáculo da Corrupção: Como um Sistema Corrupto e o Modo de Combatê-lo estão Destruindo o País. Walfrido Warde. Rio de Janeiro: LeYa, 2018.

Os capítulos do livro: — Pra Começo de Conversa — O Novelo de Ariadne — A Profecia de Belchior, na Voz de Elis — O Combate Inconsequente — Corrupção em Pílulas — O Desprezo aos Fundamentos e a Permeabilidade Seletiva — Os Números da Lava Jato — Corrupção Legal — Honestidade para Todo — J’Accuse — Por uma Política Nacional de Combate à Corrupção — Circus.

Sobre o autor: Walfrido Jorge Warde Júnior é advogado especializado em direito empresarial, com atuação forte nas intersecções entre Estado, empresas e regulação. O livro aparece em meio ao auge da discussão pública sobre Lava Jato, combate à corrupção, debates sobre impunidade, moralismo etc.

Principais teses:

1. Corrupção como sistema enraizado. Warde argumenta que a corrupção no Brasil não é algo pontual ou de indivíduos maus, mas sim um sistema estruturado — com atores, incentivos, instituições e práticas recorrentes — que se reproduz.

2. Problemas no modo de combate atual. Ele critica a forma como o combate à corrupção tem sido conduzido, dizendo que, embora necessário, esse combate tem causado danos colaterais severos: destruição de empresas, desestímulo à iniciativa privada, desemprego etc.

3. Espetacularização versus banalização. Uma ideia-chave é como a corrupção virou espetáculo público — cada escândalo vira show de mídia, há uma espécie de moralismo público — ao mesmo tempo em que a corrupção é banalizada no sentido de que muitas práticas corruptas vão sendo aceitas, justificadas ou ignoradas.

4. Danos à economia, às empresas, à política. Empresas foram arruinadas ou fragilizadas em processos anticorrupção; mercados importantes sofreram. Isso causa efeitos sociais negativos: desemprego, queda de investimento, prejuízo para desenvolvimento. Políticos passíveis de punição, mas também há risco de judicialização/politização excessiva do processo, com efeitos sobre instituições, liberdades, etc.

5. Necessidade de um “combate equilibrado”. Warde propõe que não se precisa “destruir” o capitalismo, nem rédeas de empresas ou da política; é possível combater a corrupção de forma que preserve instituições, empresas saudáveis, economia, empregos. 

6. Propostas de reforma. Criação de uma política de combate à corrupção que seja coordenada entre poderes, com planejamento. Estruturas de compliance mais robustas nas empresas — detecção, prevenção. Priorizar o ressarcimento ao erário (“cofres públicos”) em vez de vingança política. Evitar excessos que possam violar direitos fundamentais no processo de combate. 

Críticas. Warde reconhece que a Lava Jato desempenhou papel importante, acusando e punindo corruptos, mas ele aponta que houve consequências negativas (empresas destruídas, destruição de valor econômico, efeitos colaterais não intencionados). Também alerta para o risco de moralismo barato — ou seja, discursos que pedem punição pela pena, mas sem cuidado com processos justos, com impactos, com a proporcionalidade.

Importância do livro. O livro oferece uma crítica ao modelo dominante de combate à corrupção, argumentando que, se não for bem calibrado, pode agravar problemas ao invés de solucioná-los. Traz reflexões que combinam direito, economia e política, úteis para quem quer entender o tema de forma mais complexa, não só no aspecto penal ou midiático. É patriótico no sentido de querer preservar estruturas democráticas, de justiça, e não ceder ao autoritarismo ou à destruição institucional em nome de combater a corrupção. 

 

 

O Antipetismo e os Aproveitadores Baratos

 "O antipetismo é o primeiro e mais fácil refúgio dos incapazes." — Olavo de Carvalho

Olavo de Carvalho (n.1947), entre 2014 e sua morte em 2022, publicou na rede X, antigo twitter, diversas postagens, referindo-se ao modo fácil de obter o apoio público, bastando se arvorar como sendo antipetista. Eis algumas postagens: 

"O antipetismo foi o mais aproximado simulacro de honestidade que centenas de aproveitadores baratos conseguiram conceber como meio de subir na vida com ares de virtude”. 

"Com afetações histriônicas de antipetismo, Reinaldo Azevedo ganhou a confiança do público indignado, para no fim dizer a quê veio: vender o peixe podre da tucanidade".

"O antipetismo, em si, é um fenômeno local, provinciano e passageiro. Pode garantir alguma popularidade temporária, mas para ser um analista político é preciso MUITO mais que isso".

"Dos palpiteiros que entraram no cenário fazendo carreira de antipetismo, NENHUM leu sequer a produção cultural dos autores esquerdistas brasileiros. Todos limitaram-se a criticar políticos ladrões, o que é a coisa mais fácil do mundo, é roçar a superfície da História e está ao alcance de qualquer repórter. No ambiente de miséria cultural em que a "direita" viveu mergulhada ao longo de meio século, porém, esses catadores de piolhos adquiriram rapidamente o estatuto de "intelectuais" e passaram a opinar sobre assuntos que estão INFINITAMENTE acima da sua capacidade".

"Tipos como Marco Antonio Vil SABEM que são charlatães, que só podem se fazer de "intelectuais" graças à interproteção mafiosa e ao rateio de cargos na mídia e na academia. Mas acho ótimo que esses tipos comecem a proliferar na ala direita do espectro político, para tirar dos liberais e conservadores a ilusão de que o mero antipetismo ou anticomunismo os torna especiais, enobrecendo a sua indolência intelectual, mil vezes mais criminosa que a da esquerda".

"Lição óbvia que frequentemente negligenciamos: duas pessoas falarem mal da mesma não faz delas amigas entre si. Só o maquiavelismo de botequim — a filosofia política mais popular entre as classes falantes do Brasil — acredita naquela patacoada de "o inimigo do meu inimigo é meu amigo". A vastidão do exército de traidores do bolosonarismo ilustra o que estou dizendo. Não se pode dar valor a um "formador de opinião" só pelas opiniões negativas que ele expressa contra pessoas detestáveis. É preciso medi-lo pelo valor positivo de seus atos e criações anteriores e concomitantes. Que livros de valor, que grandes realizações intelectuais tinham produzido o Arruinaldo Azevedo, o Marco Antonio Vil, o Rodrigo Coco, o próprio João Dória e o Mebelê inteiro antes de fazerem fama com um antipetismo barato?"

Robinson Crusoé

Robinson Crusoé é o título de um romance escrito por Daniel Defoe e publicado em 1719. Robinson Crusoé é um jovem inglês que decide se aventurar pelo mar contra a vontade de seus pais. Após várias viagens e infortúnios, ele acaba naufragando e ficando preso em uma ilha deserta por 28 anos. O romance mistura aventura, religiosidade e reflexão moral.

Durante esse tempo, ele: 1) aprende a sobreviver, cultivando plantas, caçando e criando animais; 2) constrói uma cabana e fabrica ferramentas rudimentares; 3) desenvolve uma vida de isolamento, onde a religião e a reflexão têm grande importância; 4) encontra um nativo, a quem chama de Sexta-Feira, com quem estabelece amizade e companheirismo.

Os principais temas deste livro são: individualismo e autossuficiência, religião e Providência Divina, colonialismo e eurocentrismo, natureza e cultura e economia e trabalho. O dinheiro e a riqueza, neste romance, têm um papel simbólico muito forte. Daniel Defoe usa esses elementos para refletir sobre o valor real do trabalho e da propriedade. Vejamos.

O dinheiro na obra. Antes do naufrágio, Crusoé busca aventuras e comércio marítimo como forma de enriquecer. Na ilha, percebe que o dinheiro é inútil em sua situação: não serve para caçar, comer ou se proteger. Descobre que o trabalho produtivo é o que realmente importa: plantar, construir, caçar e preservar alimentos.

A riqueza. A verdadeira riqueza de Crusoé é sua capacidade de transformar a natureza e de se adaptar. Crusoé trata a ilha como sua propriedade privada, quase como um senhor feudal. Ele organiza terras, animais, plantações, e quando Sexta-Feira aparece, assume um papel de senhor/proprietário. Sugere que a riqueza verdadeira está na redenção religiosa.

Em síntese, na obra há uma crítica implícita, ou seja, a obsessão pelo ouro é um valor artificial, que só existe dentro da sociedade. Por outro lado, Crusoé lê a Bíblia, arrepende-se e vê sua sobrevivência como obra da providência divina.

Charlie Kirk

Charlie Kirk, conhecido mundialmente pelos seus debates nas universidades americanas e pela fundação do movimento político Turning Point USA, foi assassinado no dia 10 de setembro de 2025, durante uma palestra em uma universidade americana. Depois do trágico acontecimento, muitos adeptos da esquerda começaram a postar textos e vídeos apoiando tal procedimento.

Os Estados Unidos da América está passando por choques constantes: guerras, instabilidade econômica, contestações nas eleições. O destaque, porém, recaiu sobre uma única pessoa, Charlie Kirk, que promovia a livre exposição de pontos de vistas, tal como os gregos antigos, que primavam pela argumentação, em que teses contrárias eram confrontadas. 

Kirk — “influencer político” dos Estados Unidos —, com 31 anos, era casado, deixando esposa e duas filhas. Sua especialidade: debates e diálogos em universidades, no sentido de valorizar a persuasão e discussão de ideias. Como esse tipo de atuação foi esquecido pela esquerda, o que resta a esta última é a força da arma, lembrando que teoricamente são contra as armas, mas podem usá-las tranquilamente para eliminar os seus adversários políticos.

Qual era o desejo de Kirk? Discutir com aqueles com os quais discordava. A morte trágica de um indivíduo, que se dizia cristão e defendia a formação de família, ecoou no mundo. Sua esposa, Erica Kirk, em seu pronunciamento, depois de sua  morte, disse: "Não vou deixar o legado dele morrer". Quer dizer, mataram a pessoa, mas não as suas ideias. Tanto é que no mundo todo, muitas pessoas foram às ruas para reverenciar a morte dele. 

O fato perturbador é que 40% dos estudantes universitários acreditam que a violência pode ser uma resposta justificável ao discurso, incluindo a morte. Além disso, a ideia-força do “discurso de ódio”, tem estimulado ainda mais esse tipo de comportamento, precisamente para aquelas mentes menos avisadas, não afeitas a uma reflexão lógica sobre a vida e o seu proceder.  

14 setembro 2025

Corrupção e os Cinco Efeitos Devastadores

A corrupção produz, para além do que é intuitivo para todos nós, cinco efeitos devastadores:

1) Transforma o Estado e as suas funções em coisas no mercado, não apenas por meio da captura de governos — no sentido transitório que os regimes democráticos lhes atribuem —, mas também para se apropriar da burocracia de Estado perene — ou seja, a corrupção tem a tendência de se institucionalizar.

2) Desnatura as demais instituições — depois que a corrupção se institucionaliza —, para as submeter aos fins próprios da corrupção. Ao se observar o exercício dos poderes do Estado, sob a ação da corrupção, o que se vê é que o Executivo administra a serviço dos corruptores, o Legislativo vende leis e o Judiciário, sentenças.

3) Usurpa, ao se apropriar do Estado, a energia vital dos trabalhadores, que se transmuda, sob a organização das empresas, em produtos e serviços nos mercados, para produzir riquezas que fluem, mais e mais, para o Estado, por meio dos impostos, a pretexto de pavimentar a civilização e o bem-estar social, e do Estado para o capital, para salvaguardar a sua capacidade de autogeração.

4) Falseia a concorrência entre os agentes econômicos, para incrementar o poder de mercado de uns — os que da corrupção se beneficiam — em detrimento de outros, até o seu expurgo dos mercados, para vitimizar os consumidores ao expropriar parte de sua renda, por meio da determinação, do domínio do preço de produtos e de serviços nos mercados.

5) É obstáculo ao desenvolvimento das nações, promove a pobreza e afronta a dignidade das pessoas.

Fonte de Consulta

WARDE, Walfrido. O Espetáculo da Corrupção: Como um Sistema Corrupto e o Modo de Combatê-lo estão Destruindo o País (Cópia do Capítulo que trata da "Corrupção em pílula").