A globalização é um processo de produção, caracterizado
pelas rápidas transformações tecnológicas, sobretudo nas áreas da informática e
das telecomunicações, em que se produziu um longo período de crescimento
econômico baseado no aumento da produtividade. Os Estados Unidos são o carro
chefe desse processo, seguido por outros países da Europa. Da observância desse
fato, levanta-se a seguinte tese: a globalização é um instrumento capaz de
aprofundar as desigualdades entre nações ricas e pobres e aumentar a dependência
destas últimas.
O
progresso é uma lei natural. Quer queiramos ou não, ele se dará em mais ou
menos tempo. Observe que a revista Fortune, abrangendo as cem maiores empresas do mundo, anota que a
maior parte dos investimentos destas não foi dirigida para a produção, mas para
as atividades virtuais: software, reengenharia, inovação etc. Nessa mesma linha de
pensamento, o The Economist informa-nos que a inovação gera mais lucro do que as
meras modernizações de linhas tradicionais. Lembra ainda que a taxa média de
retorno das 17 inovações de maior sucesso nos Estados Unidos, em uma década,
foi de 56%, enquanto a dos demais investimentos foi de 16% nos últimos 30 anos.
Essa
nova fase do capitalismo, embora revolucionária, encaixa-se nas teses de Ludvic
Von Mises e de Hayek. Von Mises, por exemplo, define o capitalismo como a
personificação da ação criativa, que exige inteligência gerencial,
desenvolvimento do trabalho e, acima de tudo busca do conhecimento. Hayek, por
outro lado, fala que de uma ordem espontânea sempre emergirá dessa
instabilidade. Significa dizer que o mercado pode ser hostil, violento e sem
idealismo, contudo produz eficiência e é essa eficiência que torna o
capitalismo capaz de criar riquezas.
O
Brasil ainda se encontra bem atrasado em relação às altas tecnologias. Apesar
disso, temos alguns centros que se destacam: o IPT, Instituto de Pesquisas
Tecnológicas da USP, realiza, em seus 72 laboratórios, mais de 3.000 ensaios,
testes e análises voltados para as mudanças de rumo tanto no setor público
quanto no setor privado; a EMBRAER, Empresa Brasileira de Aeronáutica, que,
depois de privatizada, foi considerada a maior exportadora brasileira, em 1999.
Na Pesquisa das 500 Maiores Empresas Brasileiras, publicada pela Conjuntura Econômica, ela contabiliza encomendas no valor de 21 bilhões de
dólares, passando do 44.º lugar para 17.º de 1999.
O
problema que nos preocupa não é tanto a disputa pelas altas tecnologias, mas o
protecionismo, explícito ou implícito, praticado por esses países que se dizem
liberais. Os Estados Unidos, por exemplo, colocam barreiras não-tarifárias,
disfarçadas em defesa do trabalho infantil, preservação do meio ambiente,
acusações de dumping, principalmente naqueles produtos que podemos
competir em preço e qualidade: aço, suco de laranja calçados, têxteis etc. A
Europa, por seu turno, pratica a política de subsídios às atividades
agro-industriais.
É
preciso que os países mais ricos dividam os ganhos da globalização com os
países pobres. Caso contrário, a desigualdade aumentará indefinidamente.
Fonte de Consulta
RIBEIRO,
A. V. Contradições Face à Globalização. Publicado em A Economia Brasileira e suas
Perspectivas. Rio de Janeiro, 39.ª Apec, 2000.
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