11 junho 2008

Globalização

globalização é um processo de produção, caracterizado pelas rápidas transformações tecnológicas, sobretudo nas áreas da informática e das telecomunicações, em que se produziu um longo período de crescimento econômico baseado no aumento da produtividade. Os Estados Unidos são o carro chefe desse processo, seguido por outros países da Europa. Da observância desse fato, levanta-se a seguinte tese: a globalização é um instrumento capaz de aprofundar as desigualdades entre nações ricas e pobres e aumentar a dependência destas últimas.

O progresso é uma lei natural. Quer queiramos ou não, ele se dará em mais ou menos tempo. Observe que a revista Fortune, abrangendo as cem maiores empresas do mundo, anota que a maior parte dos investimentos destas não foi dirigida para a produção, mas para as atividades virtuais: software, reengenharia, inovação etc. Nessa mesma linha de pensamento, o The Economist informa-nos que a inovação gera mais lucro do que as meras modernizações de linhas tradicionais. Lembra ainda que a taxa média de retorno das 17 inovações de maior sucesso nos Estados Unidos, em uma década, foi de 56%, enquanto a dos demais investimentos foi de 16% nos últimos 30 anos.

Essa nova fase do capitalismo, embora revolucionária, encaixa-se nas teses de Ludvic Von Mises e de Hayek. Von Mises, por exemplo, define o capitalismo como a personificação da ação criativa, que exige inteligência gerencial, desenvolvimento do trabalho e, acima de tudo busca do conhecimento. Hayek, por outro lado, fala que de uma ordem espontânea sempre emergirá dessa instabilidade. Significa dizer que o mercado pode ser hostil, violento e sem idealismo, contudo produz eficiência e é essa eficiência que torna o capitalismo capaz de criar riquezas.

O Brasil ainda se encontra bem atrasado em relação às altas tecnologias. Apesar disso, temos alguns centros que se destacam: o IPT, Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP, realiza, em seus 72 laboratórios, mais de 3.000 ensaios, testes e análises voltados para as mudanças de rumo tanto no setor público quanto no setor privado; a EMBRAER, Empresa Brasileira de Aeronáutica, que, depois de privatizada, foi considerada a maior exportadora brasileira, em 1999. Na Pesquisa das 500 Maiores Empresas Brasileiras, publicada pela Conjuntura Econômica, ela contabiliza encomendas no valor de 21 bilhões de dólares, passando do 44.º lugar para 17.º de 1999.

O problema que nos preocupa não é tanto a disputa pelas altas tecnologias, mas o protecionismo, explícito ou implícito, praticado por esses países que se dizem liberais. Os Estados Unidos, por exemplo, colocam barreiras não-tarifárias, disfarçadas em defesa do trabalho infantil, preservação do meio ambiente, acusações de dumping, principalmente naqueles produtos que podemos competir em preço e qualidade: aço, suco de laranja calçados, têxteis etc. A Europa, por seu turno, pratica a política de subsídios às atividades agro-industriais.

É preciso que os países mais ricos dividam os ganhos da globalização com os países pobres. Caso contrário, a desigualdade aumentará indefinidamente.

Fonte de Consulta

RIBEIRO, A. V. Contradições Face à Globalização. Publicado em A Economia Brasileira e suas Perspectivas. Rio de Janeiro, 39.ª Apec, 2000.

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