O comunismo tem várias acepções. Em seu sentido amplo, o termo
designa toda a doutrina que concede à comunidade direitos e prerrogativas que,
em força da lei natural ou de leis positivas comumente aceitas, se atribuem ao
indivíduo. Historicamente, podemos percebê-lo no livro A República, de Platão, quando trata da educação dos
guardiões. Tipos de comunismo encontramos, também, na primitiva comunidade
cristã de Jerusalém e nas comunidades monásticas e religiosas da Idade Média.
O comunismo pode e deve ser visto de forma ampla. Contudo, quando
falamos de comunismo, quase sempre queremos nos reportar à definição empregada
por Karl Marx e Friedrich Engels. Para Marx e Engels, o comunismo é o estádio da sociedade humana onde não
mais existiriam exploradores e explorados, onde a exploração do homem pelo
homem tivesse chegado ao seu fim. O homem, a sociedade e a natureza formariam
um todo harmônico; o sonho do Homem Integral estaria realizado.
Para que a humanidade atinja esse estádio, há necessidade de uma
fase intermediária, denominada de socialismo científico, em que a ditadura do
proletariado se incumbiria de realizar a transformação – do capitalismo para o
comunismo. Tirou essas conclusões observando a luta de classes no processo
histórico e, mais especificamente, aquela travada na Revolução Francesa, em que
os ideais de liberdade ecoavam por toda a parte.
A mais-valia é a sua tese central. Nela está implícita a distinção entre valor de uso e valor de troca. O valor de uso de uma mercadoria é o grau de satisfação de uma necessidade.
Exemplo: um par de sapatos atende à necessidade dos pés. Valor de troca é a avaliação monetária da referida mercadoria. Marx
achava que o trabalhador recebia menos do que o seu valor de uso. Havia um
excedente que ficava nas mãos dos proprietários, que por direito pertencia ao
trabalhador. A isso deu o nome de mais-valia. Aí residiria a luta de classes, o germe que acabaria com o
próprio capitalismo.
O comunismo, sendo a última etapa do desenvolvimento de uma sociedade,
não comportaria mais luta de classes, pois o sistema de produção tornou-se
coletivo, onde todos os bens eram divididos igualmente. Nesse ponto, surge uma
questão: como conviver com esse estado de coisas, se o ser humano não se
preparou interiormente para tal aquisição? É por isso que o comunismo não
prosperou no mundo todo. Faltou-lhe uma maior compreensão do psiquismo humano.
Lênin, por exemplo, tentou aplicar a teoria marxista na Rússia, mas ateve-se
somente à ditadura do proletariado, o qual ficou sujeito a um partido político.
Antes de implantarmos ideias novas, devemos preparar o ânimo
daqueles que serão por elas influenciados. Sem isso, a derrocada é quase certa.
&&&
A Queda do Comunismo
Linha do
tempo
1985 —
MARÇO Mikhail Gorbachev torna-se líder soviético e inicia um processo de
liberalização e de reformas econômicas
1988 —
MAIO Liderança comunista linha-dura na Hungria é substituída por reformadores
JUNHO Intervenção de forças soviéticas para reprimir violência étnica na
Armênia, no Azerbaijão e no enclave armênio de Nagorno-Karabakh NOVEMBRO
Partidos políticos legalizados na Hungria
1989 —
JUNHO Eleições livres na Polônia AGOSTO Na Polônia, a Solidariedade forma uma
coalizão com os comunistas; milhares de refugiados da Alemanha Oriental começam
a chegar ao ocidente através da Hungria e da Tchecoslováquia SETEMBRO Os
comunistas são derrotados nas eleições livres da Hungria; início das
manifestações de massa na Alemanha Oriental OUTUBRO A Hungria se declara
república democrática NOVEMBRO Renúncia do governo da Alemanha Oriental; queda
do Muro de Berlim; renúncia do líder comunista da Bulgária; manifestações em
massa na Tchecoslováquia DEZEMBRO governo não comunista assume o poder na
Tchecoslováquia ; derrubada violenta do regime comunista na Romênia
1990 — O
Partido Comunista Soviético concorda em abrir mão de seu monopólio no poder.
MARÇO A Lituânia declara sua independência da União Soviética; eleições livres
na Alemanha Oriental MAIO Letônia e Estônia declaram sua independência da União
Soviética; Boris Yeltsin é eleito presidente da Federação Russa, que se declara
estado soberano JULHO Parlamento ucraniano vota pela independência OUTUBRO
Reunificação da Alemanha Oriental e Ocidental
1991 —
JUNHO Eslovênia e Croácia declaram a independência da Iugoslávia; surgem
conflitos com o exército iugoslavo dominado pelos sérvios, levando à guerra
civil AGOSTO Fracasso do golpe contra Gorbachev, que suspende o Partido
Comunista; as Repúblicas Soviéticas restantes declaram sua independência e, no
final de 1991, a União Soviética deixa de existir
1992 — JANEIRO
Interventores da ONU para garantir a paz na Croácia; Macedônia e
Bósnia-Herzegovina declaram independência da Iugoslávia ABRIL Sérvios iniciam o
cerco de Sarajevo, capital da Bósnia JUNHO início da violência separatista no
Cáucaso
1993 — JANEIRO
Após um referendo, a Tchecoslováquia se divide em República Tcheca e Eslováquia
1994 —
AGOSTO Guerra Civil na Chechênia entre grupos pró e anti-Rússia DEZEMBRO Forças
russas entram na Chechênia
1995 — JULHO
Massacre de milhares de mulçumanos bósnios por sérvios bósnios em Srebrenica AGOSTO
Ataques aéreos da OTAN contra os sérvios da Bósnia NOVEMBRO Acordo de Dayton
põe fim ao conflito na Bósnia
1998 —
MARÇO OTAN inicia ataques aéreos contra a Sérvia em resposta às atrocidades
contra os albaneses em Kosovo
Extraído de: Crofton, Ian. 50 ideias de história do mundo que você precisa conhecer / Ian Crofton; [tradução Elvira Serapicos]. — 1. ed. — São Paulo: Planeta, 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário