Gideon Rachman, editor-chefe
de assuntos internacionais do Financial Times, em "O Mundo
Soma-Zero", faz um estudo da economia desde 1978, analisando-a em três
períodos: a Era da Transformação (1978-1991); a Era do Otimismo (1991-2008); a
Era da Ansiedade (2008 em diante).
Ao longo dos 30 anos
(1978 a 2008), as maiores potências do mundo adotaram a globalização, porque
pensavam que esse sistema econômico era o mais adequado para atender aos
interesses comuns. A crise de 2008 alterou a lógica das relações internacionais
do ganha-ganha e passou para soma-zero.
A lógica da soma-zero
é quando o ganho de um país coincide com a perda em outro país. Para o autor, a
lógica da soma-zero está ameaçando o futuro da União Europeia, à medida que os
países discordam em relação aos custos de se administrar a moeda única. Acha
também que a lógica da soma-zero tem impedido o mundo de se chegar a um acordo
em relação ao aquecimento global. Os Estados Unidos, a China e a União Europeia
e as principais economias em desenvolvimento hesitam em dar o primeiro passo,
com medo de perder competitividade com o seu vizinho.
A Era da
Transformação teve início em dezembro de 1978 em Pequim, na Terceira
Plenária do encontro do Décimo Primeiro Comitê Central do Partido
Comunista da China. Ela terminou na noite de Natal de 1991, quando a bandeira
da União Soviética foi arriada pela última vez no Kremlin. No fim de 1978, Deng
Xiaoping estabeleceu as bases da abertura chinesa e, concordando com os Estados
Unidos, dizia: "É glorioso enriquecer".
A Era do Otimismo foi
um período em que o poder econômico americano estava colocado no centro das
atividades econômicas mundiais. Wall Street direcionava o fluxo de
dinheiro; Estados Unidos gastava mais do que todos os outros países; os Estados
Unidos eram o centro das revoluções da informática e da internet. Tudo isso
dava força à globalização, à democracia e ao livre-comércio.
Durante a Era do
Otimismo, a globalização e o poder americano serviram de base para o sistema
internacional. Os internacionalistas liberais estavam confiantes de que o
mercado da prosperidade, liberdade e estabilidade estava em expansão, enquanto
pobreza, ditadura e a anarquia estavam sendo repelidos aos poucos.
O crash econômico de
2008 deu início à Era da Ansiedade. A crença no progresso da democracia fora
abalada pelas dificuldades de implantar a democracia no Iraque e no Afeganistão
e pela crescente confiança da China autoritária. Além disso, houve muita
desconfiança quanto ao progresso tecnológico. A própria Rússia se envolvia em
força militar, quase destronando a Geórgia democrática, em agosto de
2008.
Fonte de Consulta
RACHMAN,
Gideon. O Mundo Soma-Zero: Política, Poder e Prosperidade no Atual
Cenário Global. Tradução de Cristina Yamagami. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.