NOTAS EXTRAÍDAS DO LIVRO
A MENTALIDADE ANTICAPITALISTA, ESCRITO POR LUDWIG VON MISES
PREFÁCIO
Flávio Morgenstern,
colunista do Instituto Liberal, enaltece o autor Ludwig von Mises (1881-1973),
designando-o como o maior economista de todos os tempos, porque foi além
da economia, enveredando-se pela praxeologia - a
"lógica da ação humana" -, em que as ações humanas compõem um objeto
de estudo que transcende as trocas econômicas.
Questão: "Como as
vantagens mais óbvias do capitalismo conseguem não ser percebidas pelas
pessoas que vivem (e bem) sob o reino de suas conquistas?"
O prefaciador tece comentários
sobre a mentalidade anticapitalista que se adquire na Universidade (intelligentsia)
formando uma espécie de preconceito institucionalizado. Para ele, o pensamento
econômico liberal difere de outros tipos de pensamento, especificamente o pensamento
marxista, pois o pensamento liberal cria riqueza enquanto
o pensamento marxista trata da exploração que se traduz no "jogo da soma
zero", em que se um ganha o outro perde. No capitalismo liberal todos
saem ganhando: é o "jogo da soma positiva".
O capitalismo é o
regime mais adequado para o indivíduo ser o construtor do seu próprio destino.
Quando o indivíduo depende do Estado ele não percebe que o Estado nada produz.
O capitalismo não é apenas o regime de produção, mas de produção em massa, a
qual precisa ser consumida, mas consumida com a melhor qualidade e menor preço.
O Estado toma dinheiro sobre o comércio sem nada produzir é que, de fato, é uma
exploração imoral.
A produção em
massa é diferente de sociedade de massa. Na primeira,
produz-se mais com menor custo; na segunda, enaltece o homem do prazer e não o
do dever.
"Se por um lado
o capitalismo cria coisas novas ao homem, a mentalidade anticapitalista, por
outro lado, destrói o que ele tem, rouba o seu trabalho e o
explora em nome da 'justiça'".
APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
Neste livro, Mises
examina criticamente os sentimentos anticapitalistas dos intelectuais,
escritores e artistas, e põe em evidência suas falácias e equívocos.
O preconceito e o
fanatismo da opinião pública se manifestam com mais clareza pelo fato de ela
vincular
o adjetivo "capitalista" exclusivamente às coisas
abomináveis, e nunca àquelas que todos aprovam.
CAPÍTULO I — AS CARACTERÍSTICAS SOCIAIS DO
CAPITALISMO E AS CAUSAS PSICOLÓGICAS DE SEU DESCRÉDITO
No capitalismo moderno,
o consumidor é soberano. Se ele deixar de comprar um determinado bem, a empresa
que o produz tem de fechar as portas.
O aperfeiçoamento
econômico é o ponto central do capitalismo. A produção de massas deve atender à insaciabilidade do
consumidor. Se não o fizer a preços mais baixos, o seu concorrente toma-lhe o
lugar.
O capitalismo difere
fundamentalmente da sociedade de status. O senhor feudal,
por exemplo, não atende consumidores e está imune aos dissabores da ralé. No
capitalismo, você ganhará dinheiro se servir à maioria das pessoas, que
independe de uma julgamento acadêmico de valores.
O ressentimento da
ambição frustrada é uma das causas de as pessoas detestarem o capitalismo. Se o
outro tiver êxito e eu não, devemos culpar somente a nós mesmos. O sistema de
preços de mercado do capitalismo é o fator preponderante do sucesso ou derrota
do homem.
O ressentimento dos
intelectuais fundamenta-se na inveja que professores, médicos e advogados
nutrem com seus pares que ganham mais, os quais estão mais bem preparados para
o exercício da profissão.
O ressentimento do
trabalhador do "colarinho branco" resume-se na supervalorização de
seu trabalho de anotar palavras e números. Por estar em contato com letras e
números, considera-se muito valioso e não entende porque o operário braçal
ganha mais do que ele.
O ressentimento dos
"primos" diz respeito à morte ou ao desligamento dos empresários de
suas funções. Os primos ou os parentes mais próximos, por preguiça ou desleixo,
não conseguem dar continuidade aos negócios da família. Surge o patrão da
produção que ganha mais do que eles. O fato gera lamúria e inveja.
Os artistas preferem
o comunismo porque pensam que este regime livra-lhes da ansiedade do dinheiro
vindo do consumidor. No capitalismo de mercado, a arte é um produto como outro
qualquer.
CAPÍTULO II — A FILOSOFIA DO HOMEM COMUM
Para o homem comum, a
economia é intragável. Ela é "por um lado, tão diferente das ciências
naturais e da tecnologia e, por um outro, da história e da jurisprudência, que
parece estranha e antipática ao iniciante".
As doutrinas de Marx
foram bem aceitas porque deram uma interpretação popular aos acontecimentos, e
a recobriram com um véu pseudofilosófico que as
tornou agradáveis tanto ao espiritualismo hegeliano quanto ao rude
materialismo.
O homem comum é fortemente influenciado pelos intelectuais, pois "a pior
exploração, segundo professores, líderes "trabalhistas" e políticos é
a efetuada pelos grandes negócios".
Os intelectuais não
percebem ou não querem perceber que os grandes negócios produzem em grande
escala para baratear os produtos e servir melhor ao consumidor.
O fato é que
governos, partidos políticos, professores e escritores, ateus militantes e
teólogos cristãos são unânimes em rejeitar a economia de mercado e louvar os
supostos benefícios da onipotência do estado.
"As pessoas não
desejam o socialismo porque sabem que o
socialismo vai melhorar suas condições de vida, nem rejeitam o capitalismo
porque sabem que é um sistema nocivo aos seus
interesses. São socialistas porque creem que o
socialismo vai melhorar a suas condições de vida e odeiam o capitalismo
porque creem que ele as prejudica. São
socialistas porque estão cegas pela inveja e pela ignorância".
CAPÍTULO III — A LITERATURA SOB O CAPITALISMO
O capitalismo dá a
muitos a oportunidade para inovar. O que conta não é o que é bom, mas o que o
público acha bom.
O capitalismo cria
condições para o indivíduo comprar livros, mas não lhe dá o discernimento do
que é um bom ou mau livro.
Histórias de detetive
vendem bem. Por detrás dessas histórias, há a injustiça do sistema capitalista.
"O que motiva o detetive é o ódio subconsciente que tem do
"burguês" bem-sucedido".
A liberdade de
imprensa só funciona bem quando o controle é feito pelo sistema privado. O principal
instrumento dos progressistas é boicotar autores, organizadores, editores...
O fanatismo dos
literatos leva ao dogma de que a pobreza é resultado instituições sociais
injustas. Recomendam, por exemplo, a expansão do crédito e o aumento do volume
de moeda em circulação... que resultam em inflação e diminuição de sua riqueza.
Nos romances de Émile
Zola, há o axioma de que o capitalismo é o pior de todos os males, e de que o
advento do socialismo é não apenas inevitável como altamente desejável.
CAPÍTULO IV — AS OBJEÇÕES NÃO ECONÔMICAS AO
CAPITALISMO
Para alguns
pensadores, a posse de um automóvel, de uma aparelho de televisão não traz
felicidade. Acrescentam que não são todos que possuem esses bens. Esquecem-se
de que a inovação é, no início, um luxo para poucos; depois, com os ganhos de
escala, fica disponível para a grande maioria da população.
Muitos atacam o
capitalismo pelo que denominam sórdido materialismo, o que afasta o ser humano
de objetos mais elevados e nobres.
Dentre os caluniadores
do capitalismo, há os que evocam a injustiça. Falam o que deveria ser e não o que é. Nesse sentido,
a pior de todas as ilusões é a ideia de que a "natureza" confere, a
cada indivíduo, certos direitos. O capital é criado e aumentado pela poupança e
diminuição de gastos. "Todas as doutrinas pseudo-econômicas que depreciam
o papel da poupança e da acumulação de capital são absurdas".
"Karl Marx, o
dissidente, pode viver, escrever e defender a revolução, à vontade, na
Inglaterra vitoriana, assim como o Partido Trabalhista pode engajar-se em todas
as atividades políticas, à vontade, na Inglaterra pós-vitoriana. Na Rússia
soviética, não se tolera a menor oposição. Esta é a diferença entre liberdade e
escravidão".
O homem ocidental foi
totalmente criado numa vida de liberdade. O mesmo não ocorre no Oriente.
CAPÍTULO V — "ANTICOMUNISMO" VERSUS
CAPITALISMO
Neste capítulo, Mises
chama a atenção para a distinção ilusória entre comunismo e socialismo. Chamam
de socialismo de planejamento ou de um estado previdenciário. "Querem
levar-nos a crer que o totalitarismo não totalitário, uma espécie de quadrado
triangular, é o remédio reconhecido para todas as doenças".
"A única coisa
que pode impedir as nações civilizadas da Europa Ocidental, da América e da
Austrália de serem escravizadas pelo barbarismo de Moscou é o amplo e
irrestrito apoio ao capitalismo laissez-faire.
Ficha Catalográfica
MISES, Ludwig
von. A Mentalidade Capitalista. Tradução de Carlos
dos Santos Abreu. Campinas, SP: Vide Editorial, 2013.
Título original: The Anti-capitalistic Mentality.