Tese: o problema da
classe dominante é manter o seu domínio.
Para que o estado se
mantenha ao longo do tempo — embora possa usar a força — o caminho é
ideológico; por isso, seus representantes esforçam-se para ter o apoio da
maioria de seus súditos. A casta dominante tem que ser minoritária. Esta tem a
incumbência de assegurar a aceitação ativa ou resignada dos cidadãos. Aos
“intelectuais” cabe a tarefa da promoção desta ideologia.
Por que o intelectual
prefere o estado? É que os seus serviços na iniciativa privada não são sempre
garantidos, pois pode haver pouco interesse de os cidadãos bancarem as suas
funções. O estado, por sua vez, pode oferecer, além do prestígio, um rendimento
certo. Assim, os intelectuais são os executores das políticas do estado. Há, no
processo histórico, vários exemplos da aliança entre o estado e os
intelectuais.
As linhas de
argumentos, em que intelectuais ajudam o governo a induzir os seus súditos a
apoiar o seu domínio, podem ser resumidas: 1) os governantes estatais são
homens sábios e grandiosos (governam por "decreto divino", são a
"aristocracia" dos homens, são "cientistas especialistas"),
muito melhores e mais sábios do que os seus bons, porém simplórios, súditos; 2)
a subjugação pelo governo é inevitável, absolutamente necessária e de longe
melhor do que os males indescritíveis que sucederiam à sua queda.
A instauração do medo
por um sistema alternativo foi outro mecanismo bem sucedido para manter o
poder. A narrativa dos governantes atuais é que este governo fornece aos
cidadãos um serviço essencial: protege-os contra assassinos. No Brasil, vimos o
engodo com o programa bolsa-família: se outro partido assumir o poder, ele irá
acabar com essa assistência.
Há muitas armas
ideológicas usadas pelo estado: tradição, exaltação da coletividade ["Dê
ouvido apenas aos seus irmãos" ou "Aja conforme a sociedade"],
faça parecer que o seu domínio é inevitável, indução de culpa [qualquer aumento
do bem-estar privado pode ser atacado como "ganância inaceitável",
"materialismo" ou "riqueza excessiva"].
"O aumento do
uso de jargões científicos permitiu aos intelectuais do estado tecer
justificativas obscurantistas para o domínio estatal as quais teriam sido
imediatamente recebidas com zombaria e escárnio pela população de uma época
mais simples. Um assaltante que justificasse o seu roubo dizendo que na verdade
ajudou as suas vítimas, pois o gasto que fez do dinheiro trouxe um estímulo ao
comércio, teria convencido pouca gente; mas quando esta teoria se veste com
equações keynesianas e referências impressivas ao "efeito
multiplicador", ela infelizmente é recebida com maior respeito. E assim
prossegue o ataque ao bom senso, em cada época realizado de maneira
diferente".
Fonte de Consulta
ROTHBARD, Murray
N. A Anatomia do Estado. Mises Brasil, 2009.