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19 outubro 2020

Keynesianismo

“Na verdade, somos todos keynesianos agora. Uma parcela bastante significativa daquilo que os macroeconomistas modernos fazem deriva diretamente de Teoria geral; a estrutura introduzida por Keynes sustenta-se muito bem até hoje.” (Paul Krugman, economista norte-americano)

Tese: política fiscal (tributação e gastos governamentais) deve ser usada como ferramenta de controle de uma economia.

John Maynard Keynes (1883-1946) foi um economista inglês, considerado o precursor da economia moderna "a macroeconomia". Na Primeira Guerra Mundial, foi conselheiro do Ministro das Finanças do Reino Unido, mas seu nome se consagrou mesmo depois da guerra. Com certa antevisão, advertiu que os termos duros do Tratado de Versalhes poderiam levar a Alemanha à hiperinflação, com o potencial para outra grande guerra. A história, como se viu, confirmou seus temores.

A Grande Depressão, um divisor de águas. Antes de Keynes, os economistas clássicos, baseados na Lei de Say — a oferta cria a sua própria demanda* —, advogavam o pleno emprego automático da economia. Keynes, na sua General Theory of Employment, Interest and Money (Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro), como uma resposta à Grande Depressão, desenvolveu novos instrumentos de análise e argumentou que o sistema econômico podia manter-se em equilíbrio não só enquanto os recursos estivessem subempregados, mas também quando plenamente empregados.

Segundo o antigo conselheiro presidencial Alan Blinder, o Keynesianismo tem seis princípios fundamentais:

1. Os Keynesianos acreditam que o desempenho de uma economia é influenciado tanto por decisões públicas quanto privadas, e que às vezes se comporta de forma errática.

2. O curto prazo é importante; às vezes, até mais do que o longo prazo. Um aumento do desemprego a curto prazo pode causar ainda mais danos a longo prazo, pois deixa uma marca permanente na economia de um país. Como diz uma frase famosa de Keynes, “A longo prazo, estaremos mortos”.

3. Os preços e, em particular, os salários, respondem lentamente a mudanças na oferta e demanda, o que, por sua vez, significa que o desemprego frequentemente está mais alto ou mais baixo do que deveria segundo a força da economia.

4. Com frequência, o desemprego fica demasiadamente alto e volátil, enquanto recessões e depressões são males econômicos — e não, como quer a mão invisível, respostas eficazes do mercado a oportunidades pouco atraentes.

5. O ciclo natural de altos e baixos da economia é um problema que os governos devem tentar estabilizar de forma ativa.

6. Os Keynesianos tendem a se preocupar mais com o combate ao desemprego do que com o controle da inflação.

Fonte de Consulta

CONWAY, Edmund. 50 Ideias de Economia que você Precisa Conhecer. Tradução Marcello Borges. São Paulo: Planeta, 2015.

*A Lei de Say é irrefutável e, sozinha, destrói todo o arcabouço keynesiano

Apenas quem desvirtua seu significado pode alegar que ela é errada

Poucos conceitos são tão distorcidos e mal compreendidos quanto a chamada Lei de Say. Em parte, isso foi obra de John Maynard Keynes, que precisava acabar com ela para abrir espaço para suas políticas intervencionistas. Keynes precisava mostrar que a Lei de Say era falsa porque todo o seu tratado econômico foi construído tendo por base este pilar (o de que Say estava errado).

E como você refuta uma "lei" que sempre havia sido central para os economistas entenderem e explicarem a economia de mercado nos últimos 150 anos? Simples. Você a distorce, cria um espantalho e então bate com gosto neste espantalho. Afinal, bater em espantalhos é muito mais fácil do que refutar a tese verdadeira.

Consequentemente, a "Lei da Say" passou a ser conhecida, segundo os próprios termos criados por Keynes, como uma teoria que diz que "a oferta cria sua própria demanda", o que obviamente é uma descaracterização.

A verdadeira Lei de Say

Originalmente, o significado era outro. Até mesmo o nome era outro. Economistas anteriores a Keynes se referiam a ela como a 'Lei dos Mercados', pois ela descrevia em termos muito simples os fundamentos de como um mercado funciona. Jean-Baptiste Say foi aquele que expressou e explicou a lei da maneira mais simples e direta, o que pode explicar por que ela passou a ter o seu nome.

Say observou que o valor dos bens e serviços que qualquer indivíduo pode comprar é igual ao valor de mercado daquilo que esse indivíduo pode ofertar. Segundo o próprio: "Dado que cada um de nós só pode comprar a produção de terceiros com nossa própria produção, e dado que o valor do que podemos comprar é igual ao valor do que podemos produzir, então quanto mais o homem pode produzir mais ele pode comprar".

Em outras palavras, a produção precede o consumo, e a demanda de um indivíduo só pode ser satisfeita se este indivíduo também ofertar algo a alguém.

A Lei dos Mercados, portanto, diz que o valor dos bens e serviços que qualquer indivíduo pode comprar é igual ao valor de mercado daquilo que ele pode ofertar. Ou, em um sentido macroeconômico agregado, o valor dos bens e serviços que qualquer grupo de pessoas pode comprar no agregado é igual ao valor de mercado daquilo que eles podem ofertar no agregado.

Say, em suma, simplesmente expressou a realidade de que nós produzimos (trabalhamos) para poder consumir.

Fonte de Consulta

https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2721


Uma Teoria do Socialismo e do Capitalismo: Notas do Livro

O livro, Uma teoria do socialismo e do capitalismo, de Hans-Hermann Hoppe, trata: 1) propriedade, contrato e agressão; 2) socialismo ao estilo russo, socialismo ao estilo socialdemocrata, socialismo do conservadorismo, socialismo de engenharia social e fundamentos sócio-psicológicos do socialismo 3) justificativa ética do socialismo e os problemas do monopólio e dos bens públicos. 

Stephan Kinsella, no prefácio, diz que este livro é uma obra tão rica que exige uma leitura cuidadosa e uma releitura periódica. Aproveita e cita um trecho da resenha sobre o livro, do professor Robert McGee: “Quando eu leio um livro, faço anotações nas margens e sublinho os pontos que acho que merecem ser relidos. Com esse livro, eu tive que me controlar porque eu estava fazendo tantas anotações que tornavam a minha leitura mais lenta. Quase todo parágrafo tem pelo menos um ponto que merece reflexão”.

O capítulo 2 “Propriedade, Contrato, Agressão, Capitalismo e Socialismo” é de fundamental importância para o conhecimento da economia. Eis um trecho: “Depois do conceito de ação, propriedade é a categoria conceitual mais fundamental dentro das ciências sociais. Na verdade, todos os outros conceitos a serem apresentados neste capítulo — agressão, contrato, capitalismo e socialismo — são definíveis de acordo com a propriedade: agressão sendo agressão contra a propriedade, contrato sendo um relacionamento não-agressivo entre proprietários, socialismo sendo uma política institucionalizada de agressão contra a propriedade, e o capitalismo sendo uma política institucionalizada de reconhecimento da propriedade e do contratualismo”.

Com argumentos capitalistas sólidos, o autor refuta todas as teses socialistas. Quais são, assim, os pontos fracos do socialismo? O socialismo russo, caracterizado pela socialização dos meios de produção, promovia desperdício econômico, pois dificultava a formação de preços dos fatores de produção. O socialismo socialdemocracia e o socialismo conservador resultam em aumento de custos de produção, que favorece relativamente os não-produtores e os não-contratantes em detrimento dos produtores e dos contratantes de bens, produtos e serviços. 

Todos os problemas abordados, tais como, o valor moral da ação humana, o monopólio e os bens públicos são exaustivamente analisados mostrando sempre a supremacia do capitalismo, pois somente este regime faculta a livre formação de preços na economia.  

Fonte de Consulta

HOPPE, Hans-Hermann. Uma Teoria do Socialismo e do Capitalismo. Tradução de Bruno Garschagen. 2.ª, São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises Brasil, 2013.

 


30 setembro 2015

A Crise de 1929

A Crise de 1929 nada mais é do que a grande crise econômica que culminou com a queda (crash) da Bolsa de Valores de Nova York, em 24 de outubro de 1929, depois de uma expressiva ascensão desde 1927. 

A crise de 1929, que consistiu numa queda generalizada da produção em quase todo o mundo industrializado, não foi apenas econômica. Ela tem, também, elementos políticos, sociais, psicológicos e culturais. Em realidade houve, a multiplicação generalizada de falências, demissões, pânico financeiro e bancarrotas estatais. 

A crise de 1929 está delimitada por duas guerras mundiais. Em seu bojo está o "egoísmo sagrado" e o nacionalismo, que caracterizaram a primeira metade do século XX. 

Os pesquisadores do grande desemprego constataram o desaparecimento do consumo de carne, o uso generalizado das farinhas e transferência de parte do dinheiro disponível para produtos não-essenciais como o café preto, considerado um luxo indispensável. 

Foi nessa época (1931), que o efeito multiplicador das despesas públicas sobre a atividade econômica, sistematizado por Keynes, é colocado em prática. Começa a era do intervencionismo ou ativismo estatal. "Sacrifica-se a produtividade" porque a aposta é política e social antes de ser econômica no sentido estrito. 

Fonte de Consulta

GAZIER, Bernard. A Crise de 1929. Tradução de Julia da Rosa Simões. Porto Alegre, RS: L&PM, 2014. 

 



















26 outubro 2011

A Desigualdade da Renda é Boa ou Má?

Tese: As rendas deveriam ser iguais se todos os homens fossem semelhantes.

Não é correto reivindicar que todos devam ter rendas iguais. Para explicar esse raciocínio, temos de nos valer da utilidade marginal da renda. Inicialmente, façamos a hipótese de que possamos atribuir números à utilidade da renda de cada pessoa. A utilidade marginal da renda é a mudança na utilidade total que resulta de uma mudança de unidade na renda. Suponhamos, também, que possamos somar as utilidades totais de diferentes indivíduos para obter uma utilidade total social para a sociedade toda.

Baseando-nos nos dizeres acima, a utilidade social chegaria a um máximo quando a utilidade marginal da renda de todos os indivíduos fosse igual. Igualdade de renda, contudo não implica igualdade da utilidade marginal da renda. Por quê? Porque cada um de nós faz um juízo de valor diferente para cada unidade de sua renda. É por isso que as rendas seriam iguais somente para pessoas semelhantes.

O argumento mais convincente a favor da desigualdade da renda é o de que não é o nível médio de realização que mede o valor de uma cultura, mas os níveis máximos que ela atinge. Dentro desse contexto, seria preferível uma sociedade que tivesse cabanas de pau-a-pique e catedral a uma outra que só tivesse cabanas de pedra. O problema das políticas econômicas é encontrar o grau ótimo de desigualdade. Parece-nos que a média justa, apregoada por Aristóteles, é a mais aconselhável.

Dando prosseguimento a este raciocínio, somente as sociedades ricas podem se dar ao luxo da igualdade. As sociedades em desenvolvimento precisam de um alto grau de desigualdade, em que os recursos possam ser aglomerados em mãos de poucos, para propiciar o desenvolvimento de longo prazo.

Fonte de Consulta

BOULDING, K. E. Princípios de Política Econômica. São Paulo: Meste Jou, 1967, p.107 a 111.

 

02 julho 2008

Orçamento Público

Orçamento Público é uma peça contábil que expressa o programa de operações do governo por um determinado período de tempo, geralmente um ano. De um lado vão as despesas requeridas pelas necessidades dos habitantes de um país, de um Estado ou de um município; do outro, os meios para financiá-las.

Receita Pública é todo o recurso obtido pelo Estado para atender à despesa. A Receita Pública é classificada em Orçamentária e Extra-orçamentária. As Receitas Orçamentárias são aquelas que podem ser previstas no orçamento e constituem fontes para o pagamento das despesas autorizadas. As Receitas Extra-orçamentárias são aquelas que não podem ser previstas no orçamento ou têm caráter transitório. Exemplo: inscrições de Resto a Pagar e do Serviço da Dívida a Pagar, Salários dos Servidores não Reclamados, Valores Recebidos de Bens Ausentes.

De acordo com a Lei 4.320/64, a Receita Orçamentária foi classificada em duas categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. As Receitas Correntes, também denominadas de primárias ou efetivas, são os ingressos destinados a atender às despesas classificáveis em despesas correntes, representados pelas Receita Tributária, Receita Patrimonial, Receita Industrial etc. As Receitas de Capital são os ingressos destinados a atender às despesas classificáveis em despesa de capital, representados por recursos financeiros oriundos da constituição de dívidas, da conversão em espécie de bens e direitos, recursos recebidos etc.

As Despesas Públicas são o conjunto de dispêndios do Estado, ou de outra pessoa de Direito Público, para o funcionamento dos serviços públicos. Elas correspondem à distribuição e ao emprego das receitas para o custeio de diferentes setores da administração e para os investimentos. À semelhança das Receitas Públicas, as Despesas Públicas classificam-se em Orçamentária e Extra-orçamentária dependendo de estarem ou não incluídas no orçamento.

Da mesma forma que as Receitas Orçamentárias, as Despesas Orçamentárias classificam-se em duas categorias econômicas: Despesas Correntes e Despesas de Capital. As Despesas Correntes são os dispêndios feitos que não produzem acréscimo patrimonial; servem para a manutenção das atividades de cada Órgão/Entidade. São representados pela Despesa com Pessoal, Benefícios Previdenciários, Encargos da Dívida etc. As Despesas de Capital são os dispêndios que resultam no acréscimo do patrimônio do Órgão ou entidade que a realiza. São representados pelos Investimentos, Inversões Financeiras, Amortização da dívida etc.

O conjunto do orçamento, ou seja, a LDO, a LOA, a proposta orçamentária, os prazos e os vetos são de inestimável valor para a condução da economia de um país. Estudemo-los.

Fonte de Consulta

LIMA, D. V. de e CASTRO, R. G. Contabilidade Pública: Integrando União, Estados e Municípios (Siafi e Siafem). São Paulo, Atlas, 2000.

 

A Parte e o Todo

"O que é bom para a parte pode não ser bom para o todo"

A relação entre a parte e o todo pode ser analisado sob vários ângulos: das ciências particulares, da religião, da conduta humana etc. No sentido genérico, cada ação, que é individual, tem uma dimensão mais complexa do que podemos imaginar. Observe um indivíduo jogando lixo na rua, poluindo o ambiente. Ele está limpando um bem privado, mas poluindo o bem público, portanto influenciando a vida de outros seres humanos, como também o cosmos que o absorve.

Paulo, muito preocupado com o caráter parcial do conhecimento humano, imaginou o paraíso como um estado no qual alguém podia conhecer totalmente: "Porque agora vemos por espelho, em enigma, mas então veremos face a face: agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido" (I Coríntios, 13,12). Paulo advertiu nesta mesma epístola sobre as conclusões inexatas que podemos tirar em virtude de nossa limitação, quando encarnados: "Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos".

Esta advertência religiosa não pode desestimular a nossa vontade em buscar um conhecimento global da realidade. Nos estudos da ordem e da desordem, a Física mostra-nos o caráter global desta relação, pois haverá ordem ou desordem sempre em relação a um padrão, nunca somente ao indivíduo isolado. Na Economia, fala-se da indústria e da firma. A indústria seria a totalidade de todas as firmas de um determinado ramo da atividade econômica. Por exemplo, a indústria de sapatos congregaria todas as firmas que produzem sapatos. Na linguagem, uma mesma palavra pode ter vários sentidos, dependendo da colocação na frase, e mesmo da maneira como a pronunciamos.

No âmbito da política econômica, aprendemos que aquilo que é bom para a parte pode não ser bom para o todo. Explica-se: suponha que os salários de uma certa categoria da sociedade aumente em 10%. Esta categoria teve um ganho em relação aos demais salários da sociedade. Mas, imagine que todos os salários de todas as pessoas tivessem um aumento de 10%. O que aconteceria? O resultado seria nulo, ou seja, ninguém sairia ganhando nada.

A reflexão sobre a relação entre a parte e o todo é sumamente valiosa. Precisamos sempre ver pelo prisma do outro. Geralmente, achamos que os outros devem suprir as nossas necessidades de pronto. E se eles não puderem atender-nos? E se Deus, que é causa primária de todas as coisas, acha por bem adiar a súplica? Como fica? Entendemos que a situação deve ser ponderada imparcialmente, a fim de não criarmos um viés entre a vontade divina (total) e a nossa (parte). Nesse mister, pensar que Deus escreve certo por linha tortas, ou que quando o trabalhador estiver pronto o trabalho aparece não deve ser desprezado.

Nada há de inútil. O fluxo de energia que jorra de uma usina pode ser interrompido pela falta de uma simples tomada. Sejamos a simples tomada. Façamos a nossa parte e deixemos o resto por conta de Deus.

Fonte de Consulta

LERNER, D. Parts and Wholes (The Hayden Colloquium on Scientific Method and Concept). USA, MIT, 1963.



Progresso Econômico

criação de emprego é a base da maioria das campanhas políticas. O fato de se realçar o emprego é fonte de confusão. Aumentar emprego per si não significa progresso econômico. O progresso econômico só será possível se houver aumento de produção e, não só o aumento de produção, mas o aumento de produção per capita, isto é, uma organização econômica mais eficiente.

Os que mais ajudam os outros são os que mais recebem renda. Isso não é explorar o próximo, porque pagamos quanto avaliamos o atendimento de nossas necessidades. Não resta dúvida que estamos falando do aspecto puramente material. Nesse sentido, por que um esportista ganha bastante? É que o espetáculo que ele proporciona vale o dinheiro que despendemos para vê-lo em ação. Nota-se que, quando deixa de atender às necessidades do público, ele sai de circulação.

A tecnologia não está tirando emprego, mas remanejando o trabalhador. Observe que o computador, embora seja o vilão do desemprego, está aumentando a produtividade da mão de obra. Suponha uma secretária que tenha de escrever várias cartas. A sua produtividade com uma máquina de escrever é bem inferior à utilização de um processador de texto, no computador. De modo que temos de nos adaptar aos novos tempos. Ser renitente no velho embota a mente para o novo.

Todos os governantes que aumentaram rapidamente a quantidade de moeda provocaram inflação e prejudicaram a economia de seu país. É que com a inflação não pensamos na geração de empregos voltados para a produção, mas naqueles que permitem ganhar com a expectativa de inflação. Sem a inflação, os empresários têm que diminuir custos pois os seus concorrentes poderão afastá-los do mercado. Sua atenção volta-se para a produção real e não para a especulação financeira.

A população estará cada vez mais rica se souber aquilatar o grau de liberdade que lhe é dado na busca da propriedade privada. O progresso econômico exige assim a obtenção e o uso racional da propriedade privada. O que seria de Bill Gates, presidente da Microsoft, se não houvesse um mercado de livre escolha? E se a Microsoft fosse uma empresa pública, será que haveria todo esse progresso no campo da informática?

O progresso econômico, em síntese, é proporcionar ao próximo a máxima satisfação com o mínimo de custo de produção.

Fonte de Consulta

GWARTNEY, J. D. e STROUP, R. L. O que Todos Deveriam Saber sobre Economia e Prosperidade. Rio de Janeiro, Instituto Liberal, 1994.

 

 

Produto Nacional

Produto Nacional Bruto é o valor total, a preços de mercado, do fluxo de bens e serviços disponíveis, durante um determinado período de tempo (geralmente, um ano), para consumo ou para se adicionar à riqueza dos cidadãos ou das empresas de um país, seja ele qual for.

A ideia do produto social da sociedade é bastante antiga, datando, pelo menos dos tempos de Adam Smith, mas a medição desse produto é muito mais um assunto da segunda metade do século XX. Embora sua medição tenha sido originada em Simon Kuznets e outros no Bureau Nacional de Pesquisas Econômicas, de 1919 em diante, a sua teorização e prática começaram efetivamente a partir de 1929, depois do grande crasch na Bolsa de Valores dos Estados Unidos.

Na prática, os conceitos brutos do produto nacional estão mais generalizados do que os líquidos, em virtude da maior facilidade de serem calculados, pois evitam o complicado problema de medir com precisão a depreciação. Contudo, segundo R. Stone, o correto seria calcular o produto nacional em termos do seu valor líquido, pois este excluiria não só a depreciação como também os impostos indiretos e os subsídios (uma forma de imposto indireto negativo). Assim, o PIL (produto interno líquido) a custo de fatores ou o PIL a preços de mercado dariam uma melhor medida do valor total dos fluxos de bens e serviços de uma economia.

A medição do produto bruto tem outros inconvenientes que devem ser lembrados. Observe que quando um homem casa-se com a sua governante, o PIB diminui, porque a renda dela deixa de ser computada. Há, também, inúmeras atividades econômicas que deveriam ser tiradas do cômputo e não acrescentadas. Por exemplo, os serviços relacionados às empresas que poluem o meio-ambiente são adicionados; e as que limpam também, mas os serviços destas últimas deveriam ser retirados. Outro exemplo: o fumo e o álcool. A produção destes bens aumentam o PIB; o tratamento das doenças causadas pela ingestão do fumo e do álcool, também; os serviços relativos ao tratamento deveriam ser tirados.

Diz o anexim que "nada falha mais do que o sucesso", pois nada aprendemos dele. A única coisa de que aprendemos sempre é o fracasso. O sucesso apenas confirma nossas superstições. No caso deste estudo, devemos desconfiar do grande sucesso obtido pela mensuração das Contas Nacionais. Quem sabe se o aumento do PIB não está ocultando a diminuição do bem-estar social, o aumento do efeito estufa e a degradação do meio-ambiente?

Sejamos sóbrios e ponderados, a fim de que possamos aceitar tudo dentro uma crítica construtiva, e ver a realidade como ela é e não como gostaríamos que fosse.

Fonte de Consulta

BOULDING, K. E. Uma Roda Viva à Custa do Produto Nacional Bruto — O Papel de Indicadores Enganosos na Política Social. In HELFRICH Jr., H. W. A Crise Ambiental: A Luta do Homem para Viver Consigo Mesmo. São Paulo, Melhoramentos, 1974.

Polis - Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado. Lisboa/São Paulo, Verbo, 1986.


Racionalidade e Irracionalidade Econômicas

Racionalidade — do latim rationalitas traz implícito a relação entre meios e fins. O "comportamento racional" apresenta-se, pois, como a procura teórica dos meios de se atingir um objetivo qualquer, levando-se em conta os diversos graus de dificuldade. O comportamento "econômico racional" é um comportamento que aplica o princípio geral do comportamento racional nas condições em que os fins e os meios da ação são quantificados.

Historicamente, a racionalidade econômica surge com o início do capitalismo. De acordo com a "mão invisível" de Adam Smith, os agentes econômicos são taxados de racionais quando maximizam os lucros e minimizam os custos. O laissez-faire e o interesse egoísta são suficientes para proporcionarem o equilíbrio automático da economia. Primam pelo mecanismo de mercado e consideram a intervenção do governo como um perturbador desse equilíbrio.

Os socialistas, por outro lado, afirmam que a racionalidade econômica só pode ser alcançada eficazmente numa economia planificada. Atentam que os indivíduos, isentos do egoísmo e do interesse próprio, minimizam os custos sociais, facilitando o trabalho do Estado. Esquecem-se de que os preços são formados na confluência da oferta e da demanda. Deixando de lado esse princípio fundamental da análise econômica, não se pode ter certeza que o custo é o mínimo possível.

O princípio da "racionalidade econômica", extraído do sistema de preços, é limitado e deformado. Limitado, porque uma atividade econômica qualquer não inclui todas as condições não econômicas. É o caso de se avaliar economicamente o religioso, o político e a dona de casa, que não são movidos pelos preços. Deformado, porque na ânsia de se obter lucro máximo, pode-se explorar a miséria da classe trabalhadora.

Convém refletirmos sobre o grau de influência do não econômico sobre o econômico. Aprofundando esse pensamento, ampliaremos a visão parcial e especializada da Ciência Econômica. Analisando o fato econômico sob a ótica da globalização, em que são incluídos as finalidades e os juízos de valores, teremos melhores condições de entender o relacionamento entre produção e consumo.

O econômico e o não econômico são as duas faces de uma mesma moeda. Esperamos que esses pormenores possam ser lembrados quando estivermos no mar alto dos grandes e dos pequenos empreendimentos.

Fonte de Consulta

GODELIER, M. Racionalidade e Irracionalidade na Economia. Rio de Janeiro, Edições Tempo Brasileiro, s/d/p.

 

Revolução Econômica

Da China milenar à Grécia Antiga não são poucos os místicos, os filósofos e cientistas que se tornaram famosos, e cujos ensinamentos são ainda lembrados nos dias que correm. Por que entre esses grandes pensadores, não temos menção do economista? Não havia a economia nessa época? É claro que o homem primitivo trabalhava, trocava as suas mercadorias e tinha a sua vida familiar, mas o problema econômico estava centrado exclusivamente na luta ou na cooperação para sua sobrevivência.

Ao longo de vários séculos o ser humano encontrou apenas três formas de resolver o problema da sobrevivência: primeiramente, a tradição, ou seja, o filho do oleiro deveria ser oleiro, e o filho do ferreiro, ferreiro. Em segundo lugar, a autoridade, ou seja, obedecia-se ao Faraó, ao Rei ou à qualquer outra espécie de poder semelhante. Neste contexto não há necessidade do economista. O economista surge somente com a terceira maneira de resolver o problema da sobrevivência, ou seja, o sistema de mercado, onde cada um é senhor de si e escolhe a sua própria maneira de ganhar a vida.

O processo histórico, analisado desde suas origens, mostra-nos que o período da Idade Média ainda não foi propício ao aparecimento do economista. O que vigorava era o Feudalismo, ou seja, um sistema de autossuficiência, em que cada feudo produzia para o seu próprio consumo. O comércio era inexistente, e consequentemente não havia a preocupação com o dinheiro, a troca e a organização mais complexa do sistema econômico. Além disso, deve-se registrar o fato de que a Igreja tinha um poder muito grande e, por isso, influenciava as decisões econômicas, impedindo que qualquer pessoa tivesse lucro acima do que ela considerava o "preço justo".

A partir da renascença, período que sucede ao da Idade Média, começam a florescer novas ideias e o mundo desenvolve-se com maior rapidez em todos os aspectos: comerciais, científicos, tecnológicos etc. É, pois, dentro desse contexto que surge o primeiro grande economista, Adam Smith, famoso pelo seu An Inquire into de Nature and Cause of Wealth of Nations (Uma Inquirição sobre a Natureza e Causa da Riqueza das Nações). É dele que absorvemos as grandes noções de economia política, principalmente as ideias sobre a divisão do trabalho, a ampliação do mercado, a vantagem comparativa e outras. Aí reside o germe da revolução econômica.

A revolução econômica que começou com Adam Smith continua em gestação. Nosso dever é aprimorá-la cada dia, dentro dos limites de nossa compreensão.

Fonte de Consulta

HEILBRONER, R. L. The Worldly Philosophers: the Lives, Times, and Ideas of the Great Economic Thinkers. New York, Washington Square Press, 1968.

 

Schumpeter, Joseph

"Esses indivíduos chamados empreendedores são os agentes de mudança na economia." (Joseph Schumpeter)

Joseph Alois Schumpeter (1883-1950), famoso por sua obra The Theory of Economic Development, nasceu na Áustria. Seu pai morreu quando ele tinha quatro anos. Sua mãe, sete anos mais tarde, casou-se com um general e Schumpeter foi enviado para Theresianum, uma exclusiva escola para os filhos da aristocracia. Influenciado pelo ambiente dessa escola, logo adquiriu ares aristocráticos que o acompanharam por toda a vida. Mais tarde, estudou na Universidade de Viena, um grande centro de aprendizado na época, e logo se tornou um aluno-estrela, o que lhe propiciou a ser um grande economista.

Schumpeter, da mesma época de Keynes, deste divergiu em muitos aspectos. Embora os dois compartilhassem de muitas visões sociais, tais como a vida burguesa culta e os valores gerais do capitalismo, ainda assim produziram expectativas diametralmente opostas quanto ao futuro. Para keynes, o capitalismo achava-se intrinsecamente ameaçado pela possibilidade de estagnação; a visão otimista para os nossos netos dependia do adequado apoio governamental. Para Schumpeter, o capitalismo era intrinsecamente dinâmico e orientado para o crescimento; ele não via necessidade de o governo desgastar-se como uma ferramenta auxiliar permanente, apesar de concordar que o governo deveria aliviar as perturbações econômicas, principalmente a depressão.

A exposição da sua The Theory of Economic Development começa de forma contraditória. É um livro sobre o crescimento econômico e dinâmica capitalista, mas começa com uma visão da economia capitalista na qual o crescimento está ausente por completo. Ele não pressupõe acumulação de capital nos moldes de Smith, Mill, Marx e Keynes. Um capitalismo sem acumulação de capital, um capitalismo cujo fluxo de produção é perfeitamente estático e imutável, transformando-se em "fluxo circular" que nunca altera ou expande sua criação de riqueza. Assemelha-se ao estado estacionário de Ricardo e Mill, com a diferença de que enquanto para eles é o fim do ciclo, para Schumpeter é o início.

Na teoria do "fluxo circular" Schumpeter chama-nos a atenção para que removamos todos os ganhos que excedam o valor da contribuição de cada um na produção. Assim, a competição entre empregadores irá forçá-los a pagar aos seus trabalhadores o valor total do produto que criam e que os donos de terras e de outras riquezas naturais irão, da mesma forma, receber por arrendamentos os mesmos valores com que os seus recursos contribuírem. Assim, trabalhadores e proprietários terão as suas quotas no fluxo circular. E os capitalistas? Os capitalistas não irão receber nada, exceto seus ordenados como gerentes.

A sua teoria dirige-se à figura do inovador, que ele chama de empreendedor. Somente estes teriam lucro, porque as suas inovações teriam o condão de baixar os custos de produção. Esse lucro, porém, seria temporário; logo esta inovação passaria a fazer parte dos concorrentes, que também diminuiriam os seus custos, abaixando o preço do produto final. Além disso, é também uma teoria dos juros e do crédito. Quer dizer, o afã da imitação leva os empresários a procurar crédito para expandir a produção.

Vemos, assim, que a grande contribuição de Schumpeter, em sua teoria do ciclo econômico, foi enfatizar a presença do inovador/empreendedor, único agente capaz de diminuir custos e aumentar o bem-estar da população.

Fonte de Consulta

HEIBRONER, R. A História do Pensamento Econômico. São Paulo, Nova Cultural, 1996.

 


Genealogia do Pensamento Econômico

Na Antiguidade não existiram teorias e escolas econômicas. Os fatos econômicos estavam adstritos às interpretações das ciências filosóficas, religiosas, jurídicas e políticas da época. Platão, por exemplo, um dos baluartes do pensamento filosófico grego, defendia a tese da escravidão. Sendo assim, o trabalho livre recebeu pouco enfoque teórico. O preço, a oferta, a procura e o mercado existiam, porém dentro das limitações das atividades econômicas daquele horizonte cultural.

A Idade Média, período que se estende desde a queda do Império Romano (476 d.C.) até a tomada de Constantinopla pelos turcos (1453), é caracterizada pelo domínio da Igreja e dos governos absolutistas. É o regime feudalista, fechado, em que as atividades econômicas centralizavam-se na subsistência do próprio feudo. Juro condenado, lucro proibido e preço justo eram os fundamentos dos fatos econômicos. Como vemos, ainda não tínhamos teorias sistematizadas da vida econômica.

A Fisiocracia, que significa "governo da natureza", foi o primeiro sistema científico em Economia, a substituir o empirismo dos mercantilistas. François Quesnay (1694-1774), no seu famoso Tableau Economique, retraça o fluxo da riqueza, das suas origens no setor agrícola e através das outras classes da sociedade. Os fisiocratas acreditavam na existência de uma "ordem natural", reguladora dos fenômenos econômicos. Declarando tal ordem providencial, isto é, que a vida econômica se organiza e reorganiza automaticamente, daí deduzirem a sua primeira contribuição de vulto, qual seja o não-intervencionismo do Estado na vida econômica.

A publicação de An Enquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations (Inquérito sobre a natureza e as Causas da Riqueza das Nações), em 1776, é considerado por muitos como o maior marco na história do pensamento econômico. Seu autor, Adam Smith (1723-1790), foi um contemporâneo dos fisiocratas, cujas opiniões sobre a liberdade do indivíduo na sociedade econômica esposou, tendo, porém, divergido de suas teorias sobre as origens da riqueza. Enquanto aqueles defendiam a tese de que a riqueza provém da agricultura, Adam Smith afirmava que toda a riqueza de uma nação era a soma de todo o trabalho produtivo de seus indivíduos.

De Adam Smith, passando por Jeremy Benthan (1748-1832), Thomas Malthus (1776-1834), David Ricardo (1772-1823), Karl Marx (1818-1883), John Stuart Mill (1806-1873), Alfred Marshall (1842-1924) e outros, chegamos a John Maynard Keynes (1883-1946). Antes de Keynes, os economistas clássicos, baseados no Lei de Say - a procura cria a sua própria oferta -, advogavam o pleno emprego automático da economia. Keynes, na sua General Theory of Employment, Interest and Money (Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro) desenvolveu novos instrumentos de análise e argumentou que o sistema econômico podia manter-se em equilíbrio não só enquanto os recursos estivessem subempregados, mas também quando plenamente empregados.

Hoje, o desenvolvimento do pensamento econômico está alicerçado não só no trabalho abstrato da teoria pura como também na compilação de dados e aplicação de técnicas estatísticas a modelos econômicos.

Fonte de Consulta

GASTALDI, J. P., Elementos de Economia Política. 8. ed. (ampl. e atual.), São Paulo, Saraiva, 1977, v. 1.

SELDON, A. e PENNANCE, F. G., Dicionário de Economia. 3. Ed., Rio de Janeiro, Bloch, 1977.

Justiça e Distribuição de Renda

Há duas antigas noções de justiça: 1ª) dar a cada um o que ele "merece" e; 2ª) dar a cada um o que ele "necessita". Como avaliar, com certeza, o "merecimento" ou a "necessidade"? Não é tarefa fácil. Geralmente, utilizamo-nos do descontentamento, que é a distância entre aquilo que julgamos ideal e aquilo que está realmente ocorrendo.

Os propagadores do comunismo pregam a igualdade de renda. Esquecem-se de que os indivíduos são desiguais e, portanto, requerem níveis diferenciados de riqueza. A renda poderia ser igual se todos fossem semelhantes. Como isso não é possível, temos de conviver com as mansões dos ricos e os barracos dos pobres.

Este argumento é reforçado pelo estudo da utilidade marginal da renda. Aqueles que dão pouco valor às riquezas, têm uma utilidade marginal da renda baixa; aqueles que dão grande valor, alta. Supondo-se que o equilíbrio da sociedade esteja na igualdade da utilidade marginal da renda, um aumento do nível total da renda, deverá ser distribuído de forma desigual: os que mais desfrutam da renda, deveriam receber mais do que aqueles que menos desfrutam.

As sociedades ricas podem dar-se ao luxo de serem igualitárias. É que venceram os níveis mais baixos de renda, em que se necessita de grandes investimentos para promover o desenvolvimento econômico. A manutenção do "status quo", nestas sociedades, é feita com baixos dispêndios, uma vez que a produção em massa para o consumo de massa, diminuiu substancialmente os custos de fabricação.

A justa distribuição de renda é, ainda, de difícil solução. Independentemente dos fatores macroeconômicos apontados, há aqueles que dizem respeito ao fórum íntimo de cada pessoa, na avaliação do "mérito" ou "demérito". Damos mais valor aos nossos "méritos" do que aos dos outros. Com isso, cometemos uma "injustiça". E, se cada um comete "injustiça", a sociedade será "injusta".

O ideal democrático deveria ser calcado num grau ótimo de desigualdade de renda. Nesse sentido, a vitória sobre o egoísmo e os interesses pessoais muito contribuiria para o "justo" relacionamento na sociedade em que vivemos.

Fonte de Consulta

BOULDING, K. E. Princípios de Política Econômica. São Paulo, Mestre Jou, 1967.São Paulo, 20/09/1995


Economia e Política Econômica

Política econômica é a aplicação dos princípios da economia. Os princípios da economia estão relacionados com aquilo que desejamos (fins), como consegui-los (meios) e o que somos "nós" ante a natureza e a organização social. Sua finalidade é a obtenção de um "optimum".

"Optimum" significa o maior nível de bem-estar geral obtido. Pareto-Hicks tentaram definir um grupo de condições segundo o princípio de que qualquer mudança que faça alguém melhor, mas ninguém pior, é desejável. Diante deste argumento, alguém pode contestar: por que ele fica mais rico e eu não? O princípio elaborado pressupõe distribuição de renda. Mas a favor de quem?

Progresso, estabilização, justiça e liberdade são os quatro objetivos centrais da política econômica. Os governantes devem atendê-los conjuntamente, se quiserem a manutenção de uma economia estável para seus países. Às vezes dão demasiada ênfase ao progresso econômico, negligenciando os outros três. A consequência é a aceleração da inflação, menor justiça social e limitação da liberdade.

Alcançar um grau ótimo de desigualdade na distribuição de renda deve ser o intuito de todo o governante consciente de seus deveres públicos. As sociedades desenvolvidas podem dar-se ao luxo de ser igualitárias. As sociedades pobres precisam de que haja grande concentração de riqueza nas mãos de poucos. Exemplo: no Japão, o maior salário é 10 vezes o menor, enquanto no Brasil é 100.

O perfil da economia brasileira mostra essa discrepância na distribuição de renda. A cada novo censo demográfico, a riqueza se concentra ainda mais nas mãos de menos pessoas. As altas taxas de inflação distorcem os preços relativos da economia. Os assalariados sem meios de se defenderem da desvalorização da moeda, transferem renda para os agentes econômicos com capacidade de aplicarem seus recursos no mercado financeiro.

Embora o desenvolvimento econômico nos países pobres seja realizado com enorme concentração de renda, as ações dos governantes podem minorá-las. Basta que sejam honestos e distribuam as dotações orçamentárias segundo o critério de justiça social.

Fonte de Consulta

BOULDING, K. E. Princípios de Política Econômica. São Paulo, Meste Jou, 1967.

STEINER, G. A. A função do Governo na Vida Econômica. Rio de Janeiro, Agir, 1956.


Economia Humana

economia humana é a economia que tem por objetivo desenvolver as potencialidades dos indivíduos, dando-lhes condições para a sua própria transcendência, material e espiritual. É a economia do "todo homem" e "de todos os homens", em que não se faz distinção entre ricos e pobres, porque privilegia o homem na sua totalidade.

Ao analisarmos as relações econômicas dentro de uma sociedade, deparamo-nos com a noção de poder. Para a economia humana, o poder, tal qual é exercido na atualidade é maléfico, pois ao enfatizar os meios de domínio e de destruição, debilita os de sobrevivência e de progresso. Além disso, a exaltação do tecnicismo, da informática e da tecnologia dificulta a verdadeira evolução do ser humano, pois o peso dos deveres materiais espezinha o dos deveres espirituais.

Para atingirmos o âmago da economia humana, os regimes sociais devem sofrer profundas transformações. Nesse sentido, tanto o capitalismo como o comunismo são nefastos ao bom desenvolvimento do ser humano. O capitalismo por estimular a exploração e a opressão; o comunismo, por conceber o homem somente pelo esforço que faz na edificação da própria doutrina comunista, totalmente alheia à natureza do indivíduo. Nesse regime, o homem é um número que deve produzir para o seu chefe, o Estado, e nada mais.

Na economia humana, o trabalho assume papel relevante, a tal ponto de não permitir que haja ociosos, nem por miséria e nem por privilégio de classe ou casta. O sentido de responsabilidade social é tão grande que "quem não quer tornar-se capaz de servir, com todas as suas forças, na proporção das necessidades da humanidade, trai a humanidade". Quer dizer, o trabalho é peça chave na evolução espiritual do ser humano, independentemente da recompensa monetária.

A nova civilização, para ser duradoura, deve refletir os pressupostos da economia humana. Nesse estado de coisas, o homem não poderá continuar sendo o lobo do próprio homem, mas o seu cooperador. A interdependência entre os seres humanos fará com que cada qual ajude a potencializar as faculdades do seu próximo, no sentido de que toda a humanidade seja elevada a um grau máximo de perfeição possível.

Tenhamos em mente a nossa cota de responsabilidade. Se cada um de nós cumprir com o seu dever, o todo será beneficiado e erradicaremos a miséria do Planeta Terra.

Fonte de Consulta

LEBRET, L. J. Manifesto por uma Civilização Solidária. São Paulo, 4. ed., Duas Cidades, 1963.



Economia Evolucionista

Economia, ciência que se tornou adulta, a partir da publicação de A Riqueza das Nações, de Adam Smith, em 1776, no mesmo ano da Declaração da Independência dos Estados Unidos, tem recebido diversas denominações, entre as quais, Psicologia Econômica, de P. L. Reynaud, Economia Cognitiva, de Thierry Gaudin, Economia do Ócio, de Domenico di Masi. Mais recentemente, fala-se da Economia Evolucionista, tema desta nossa análise.

A Economia Evolucionista teve seu desenvolvimento na Inglaterra. No Brasil, a Universidade Federal do Rio de janeiro e a Universidade de Campinas deram-lhe guarida. Tanto é verdade que Maria das Graças Derengowsky Fonseca, professora titular do Instituto de Economia da UFRJ, foi fazer um curso de pós-doutorado na Inglaterra, com os papas dessa escola, entre eles Stan Metcalfe. Mas o que é a Economia Evolucionista? No que ela diferencia das outras denominações? É o que veremos a seguir.

Economia Evolucionista pode ser descrita como uma reação (natural) ao modelo marginalista neoclássico, em que os agentes econômicos, numa situação de concorrência perfeita, embutem nos preços todas as informações relevantes dos custos e das incertezas do mercado. Eles agiriam como racionalistas autômatos. Acontece que esses modelos não são suficientes para explicar toda a gama de complexidade da vida real. Em outras palavras, são formalmente perfeitos, mas realisticamente inadequados.

Os economistas evolucionistas pretendem então propor uma nova forma de abordar o fenômeno econômico. Para eles, os agentes (tanto produtor como consumidor) são dotados de racionalidade limitada, pois não têm condições de conhecer todas as informações sobre um dado produto. Como não conseguem obter toda a informação, a incerteza assume papel relevante, em virtude do custo significativo na busca do conhecimento. Preocupam-se, além disso, com a inovação tecnológica e a complexidade da vida econômica.

Schumpeter, ao tratar da inovação, denominou-a de "destruição criadora". Nesse sentido, e porque são adeptos da inovação tecnológica, os economistas evolucionistas gostam de ser chamados de pós-schumpeterianos. E não é para menos, pois estamos de tal modo entrelaçados com o mundo globalizado, que não podemos nos furtar aos avanços da informática, da genética e de outras ciências complementares, tal qual fora a física na época dos marginalistas.

Os nomes surgem aqui e acolá; contudo, acreditamos que na prática, mesmo que as pessoas se digam clássica, neoclássica, monetarista, estruturalista, elas se valem muito mais do bom senso na hora de tomar uma decisão que envolve custos.

Fonte de Consulta

Rumos, n.º 186, julho de 2001. Entrevista com Maria da Graça Derengowsky Fonseca.

 

 

Especialização e Troca

As sociedades selvagens, com exceção do tipo Robinson Crusoé, em que uma única pessoa é produtora e consumidora, já possuem um sistema de troca baseado na especialização. Uns dedicam-se exclusivamente à pesca, outros à caça e outros à plantação agrícola. De modo que cada um, dispondo de sua maior habilidade, contribui para o bem-estar da sociedade em que está inserido.

Nas sociedades mais complexas, como as que vivemos hoje, dificilmente fabricamos produtos para o nosso próprio consumo pessoal. Geralmente, vamos ao mercado, levamos alguma soma de dinheiro, e trazemos leite, pão, arroz e feijão para a nossa subsistência orgânica, sapatos e roupas para a apresentação pessoal e produtos de limpeza para a higiene do lar.

Por que as sociedades modernas substituíram as trocas diretas pelas indiretas? Porque o uso do dinheiro, considerado pelos economistas como um véu, facilita substancialmente a troca. Contudo, a sua presença na sociedade moderna dificulta a compreensão do que realmente está atrás de um simples ato de consumo. O pão que compramos representa, pelo lado do produtor, o somatório de todos os custos, desde a plantação do trigo até a sua confecção final. Por outro lado, o dinheiro gasto pelo consumidor mostra, em última análise, a especialização do proprietário daquela soma monetária.

Mas por que há especialização? Porque com ela ganha-se mais do que cada um produzindo para o seu próprio consumo. Suponha que uma pessoa que não seja alfaiate queira confeccionar o seu próprio terno. Quantas horas não gastará nesse mister? Mas se outra pessoa, especializada, ou seja, o alfaiate o confeccionar, fá-lo-á em menos tempo e com mais qualidade. Enquanto o alfaiate está empregando o seu tempo para a fabricação do terno, o futuro usuário do terno estará empregando-o em outra atividade, ou seja, na sua especialização. Com isso, a sociedade como um todo sai ganhando.

Adam Smith, o fundador da economia no Século XVIII, já previa que a especialização levaria a um aumento de consumo e a um aumento da atividade econômica. Além disso, a extensão do mercado propiciaria uma maior quantidade de bens consumidos. A globalização a que estamos assistindo nos dias que correm é um exemplo da amplitude desse mercado global. As grandes empresas estão preocupadas em diminuir o tamanho de sua ingerência na economia. Por isso, estão procurando mais parceiros, a fim de premiar outras especializações, no sentido de diminuir custos e tornar-se mais competitiva no mercado reduzido de sua especialização.

O comércio é a mola propulsora da economia. Acreditemos nele e empenhemo-nos para dele extrairmos o necessário para a nossa subsistência, sem lesar o próximo e sem ferir a ecologia de nosso planeta.

Fonte de Consulta

BOULDING, K. E., Economic Analysis. USA, Harper & Brothers, 1941.

01 julho 2008

A Troca

O instinto de sociedade leva o indivíduo a participar de uma polis. O contato com outras pessoas caracteriza o processo de troca. Adam Smith, o pai da economia, desenvolve algumas ideias acerca desse assunto, quando trata da divisão do trabalho. Para ele a divisão do trabalho propiciaria a especialização do indivíduo, diminuiria o tempo de produção de um bem e aumentaria a produtividade da mão de obra. A consequência é um maior poder de troca dentro da sociedade.

O estudo da troca representa noventa por cento do campo de atuação do economista. Mas o que é que os indivíduos trocam? Trocam suas especializações. Quando um alfaiate vai ao mercado comprar manteiga, ele leva o dinheiro ganho no terno confeccionado. O ato de compra é a transferência do trabalho do vendedor, do transportador e do produtor para atender às suas necessidades. Assim sendo, a troca sem especialização é impossível; a especialização sem troca carece de fundamento.

Um dos grandes problemas da troca é a ilusão monetária causada pela desvalorização do dinheiro. O dinheiro é apenas o meio de troca. Ele representa o grau de especialização de seu possuidor. Numa economia inflacionária como a brasileira, o dinheiro despendido num determinado bem nem sempre revela uma troca real, pois os aumentos de preço desequilibram o mecanismo dos preços relativos, fazendo com que percamos a noção de valor dos bens. Além disso, temos de pagar os custos da remarcação dos preços, feitos a cada quinze dias.

Este assunto dá-nos o ensejo de fazer uma reflexão sobre o nosso procedimento cotidiano. De que maneira estamos trocando as nossas horas? Estamos produzindo algo de útil ou tentando enriquecer às custas do trabalho alheio? Talvez não percebamos de pronto, porém cada um de nós se dá por aquilo que se troca. Observe a escolha de uma leitura. É a troca da hora pela obtenção de conhecimento. Será que todo o conhecimento adquirido é útil à nossa necessidade interior? Um exemplo: repassemos os nossos olhos sobre as notícias de um jornal publicado há trinta dias. A maioria das informações ali veiculadas tem pouco valor para o dia de hoje.

Trocar hora é trocar tempo. Tempo é vida. Tenhamos cuidado na troca de nossas horas, pois é possível que estejamos perdendo muito tempo em coisas insignificantes, as quais tem pouco valor ou nenhum valor para a nossa evolução espiritual.

Invistamos, pois, o nosso tempo na obtenção dos conhecimentos superiores, se realmente quisermos acumular sabedoria e virtude.

Fonte de Consulta

BOULDING, K. E. Economic Analysis. USA, Harper & Brothers, 1941.