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26 setembro 2012

Democracia

O termo “democracia” assumiu, ao longo do tempo, uma vasta e imprecisa significação. Na sua acepção mais vulgarizada, forma de governo em que a soberania deriva do povo e é exercida pelo povo.

Na Antiguidade e na Idade Média, o termo “democracia” reportava-se a uma das três formas de governo (um, poucos e muitos), estabelecidas por Aristóteles (384-322 a.C.). Na sua forma positiva, tínhamos a monarquia (poder se concentra em uma pessoa), a aristocracia (poder se concentra em poucas pessoas) e democracia (poder se concentra em muitas pessoas). Na sua forma negativa, aparecia a tirania (excesso de poder de um), a oligarquia (excesso de poder de poucos) e demagogia (excesso de poder dos muitos).

Na Idade Moderna e Contemporânea, o foco da democracia passou a ser uma atitude política, voltada contra a presença do absolutismo e do totalitarismo, que cerceiam a liberdade das pessoas. Entre os defensores da liberdade e da igualdade, temos: Locke, Kant, John Stuart Mill, Kant etc. O objetivo era dar autonomia ao ser humano, fazê-lo pensar por si mesmo, consoante o sapere aude! kantiano. Ou seja: “ouse saber"; "tenha a coragem de usar o seu próprio entendimento".

Há muitas fundamentações que justificam a democracia na atualidade. A primeira justificação deu-se em presença do absolutismo: reivindicação da liberdade (Locke, Kant e Mill); depois, a reivindicação da igualdade (Rousseau e Marx). A segunda justificação deu-se em presença do totalitarismo: em oposição aos Estados totalitários por ideologia, os teóricos da democracia a vinculam à ciência ou à religião, no sentido de que a democracia, segundo alguns, é a aplicação do método cientifico à vida política (Dewey, Russell e Popper) e, segundo outros, é a manifestação do espírito evangélico na vida política (Bérgson, Maritain, Mounier). (1)

A democracia deve ser a política caracterizada por “regras”: sufrágio universal, governo da maioria sobre a minoria, possibilidade de alternância. De acordo com Bérgson, os ideais de liberdade e igualdade podem ser alcançados através da fraternidade. Em vista do crescente multiculturalismo, a tolerância também deve entrar em cena. Popper concilia liberdade e autoridade, dizendo: “Temos necessidade de liberdade para evitar os abusos do poder do Estado”, e também temos “necessidade do Estado para evitar os abusos da liberdade”, conscientes, aliás, de que “esse problema jamais será completamente resolvido”.

A democracia tem um papel muito importante na promoção do bem-estar social e na conquista da autonomia dos indivíduos, a fim de que as pessoas sejam sujeitos do governo e não instrumentos de poder.

(1) ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.


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A democracia Ateniense

O fundamento do regime democrático é a liberdade.

Uma característica da liberdade é ser governado e governar por seu turno. Com efeito, consistindo a justiça democrática em ter todos o mesmo, numericamente e não segundo o merecimento, forçosamente tem de ser soberana a multidão e aquilo que é aprovado pela maioria tem que ser justo. Na democracia, os pobres têm mais poder que os ricos porque são mais numerosos e o que prevalece é a opinião da maioria.

Outra característica é viver como se quer; pois dizem que isto é resultado da liberdade, já que o próprio do escravo é viver como não quer.  (Aristóteles, Política, 1.317a-1320b)

 

 

19 agosto 2009

Aristocracia

Aristocracia é a forma de governo em que o poder supremo está exclusivamente confiado a um pequeno número de cidadãos. Vem do grego aristos, que designava a um tempo o alto nascimento, a posse de riquezas e a excelência pessoal. Teoricamente, o governo de poucos devia ser dirigido para a realização do bem de todos. Se, porém, os interesses da maioria são sacrificados em favor da minoria, temos a degeneração deste regime político.

A aristocracia cabia bem ao espírito grego, porque a consideravam como liberta dos perigos do despotismo e da demagogia. Platão, em A República, dizia que o poder aristocrático devia ser exercido pelos filósofos, pois eram as pessoas mais bem preparadas para as funções de governo. Historicamente, a aristocracia de fato apareceu quase que exclusivamente na Grécia, porque os senados eram formados pelas famílias mais nobres e mais ricas do Estado.

Na Idade Média, se bem que o poder estava nas mãos de poucos, os senhores feudais, em seus feudos eram o único senhor a decidir. A aristocracia ressurge no Estado moderno, mas com outra roupagem, totalmente diferente daquela vista na Grécia e Roma antigas. Nos tempos modernos, a aristocracia significou mais um monopólio de títulos do que o exercício do poder político. A própria Inglaterra, durante o século XVIII, foi aristocrata, mas parlamentar, pois tanto o rei quanto o parlamento estavam submetidos a um pequeno número de grandes famílias do partido.

Lembremo-nos de que "todo poder corrompe e todo poder absoluto corrompe absolutamente". Segundo Platão, o poder aristocrático pode degenerar em poder timocrático, que é o governo baseado na apropriação de terras e de casas. Pode também degenerar em poder oligárquico, em que somente os ricos mandam. Chefes de Estado não faltaram para essa degeneração.

O poder, a riqueza e a autoridade são bens que nos chegam às mãos, não para o nosso benefício próprio, mas para a promoção do bem-estar da comunidade em que vivemos.