O conservador caracteriza-se pela
defesa de um mínimo ético de valores morais estáveis; o liberal, pela
maleabilidade da moral. O conservadorismo é o conjunto de correntes
doutrinárias e de movimentos políticos que se baseiam no caráter orgânico e
natural da sociedade política. Não existe conservadorismo, mas
conservadorismos. O conservadorismo não é um grande Estado, socialismo,
impostos altos e casamento homossexual. O pensamento conservador autodefine-se
como "realista", pois se baseia na experiência, no que é,
contrapondo-se ao idealismo utópico.
Benjamin Wiker, em
seu 10 Livros que Todo Conservador Deve Ler: Mais Quatro Imperdíveis e
um Impostor, diz que o pai do conservadorismo é Aristóteles, por que, ao
contrário dos sofistas, defende que a vida política e moral são naturais.
Eis alguns desses livros: Aristóteles (A Política), Gilbert Keith
Chesterton (Ortodoxia), C. S. Lewis (A Abolição do Homem), Edmund
Burke (Reflexões sobre a Revolução na França), Alexis de Tocqueville (Democracia
na América), Friedrich Hayek (O Caminho da Servidão).
Extraiamos algumas
frases ou pensamentos desses escritores. Aristóteles, por exemplo, ficaria
surpreso com a tendência marxista para desintegrar a família natural. Como
Aristóteles, Burke acreditava que a sociedade é natural para o ser humano; ela
não é um tipo de contrato social artificial, defendida por Rousseau e acatada
pelos radicais da Revolução Francesa. Hayek molda o seu processo para a
liberdade econômica em termos de responsabilidade moral individual.
Todos somos
conservadores, principalmente com relação à família, à amizade, ao emprego etc.
Oakeshott diz: "Ser conservador, então, é preferir o familiar ao
desconhecido, o testado ao nunca testado, o fato ao mistério, o atual ao
possível, o limitado ao ilimitado, o próximo ao distante, o suficiente ao
abundante, o conveniente ao perfeito, o riso presente à felicidade
utópica".
Muitas pessoas comparam o conservador ao fascista, ao revolucionário e ao reacionário. Os termos "conservador" e "fascista" são incompatíveis entre si, porque ante os olhos dos conservadores tanto o fascismo como o comunismo adquirem contornos utópicos. O conservador tem o pé fincado no presente, no aqui e agora, e não na construção de paraísos futuros pela destruição do presente. O mesmo vale para o revolucionário (utopia futura) quanto ao reacionário (utopia passada).
Hans-Hermann Hoppe, em Uma Teoria do
Socialismo e do Capitalismo, mostra que o
conservadorismo é também uma forma de socialismo, pois gera o empobrecimento,
Em sua explicação, parte do regime feudal, que era
fechado ao comércio. Os mercadores, contudo, reivindicavam a sua abertura
fazendo pressão sobre os senhores feudais. Contudo, foram as ideias de alguns
pensadores que deram força ao liberalismo. “Dois Tratados do Governo Civil”
(1688), de John Locke, e a “Riqueza das Nações” (1776), de Adam Smith, punham
em dúvida a legitimidade dos vínculos feudais de sociedade contratual. A
Revolução Gloriosa de 1688 na Inglaterra, a Revolução Americana de 1776 e a
Revolução Francesa de 1789 espalharam uma nova esperança para o progresso
futuro no caminho rumo à liberdade e à prosperidade.
Todas as formas de socialismo são respostas
ideológicas ao desafio proposto pelo avanço do liberalismo O desenvolvimento do
liberalismo estimulou a mudança social. Nesse novo status quo, as
pessoas puderam manter uma determinada posição social, adquirida por meio da
produção mais eficiente com o menor custo possível, e exclusivamente através de
relações contratuais no que se refere à contratação de fatores de produção e,
em particular, do trabalho.
O antigo socialismo marxista e a nova
social-democracia são as respostas igualitárias e progressistas a esse desafio
da mudança, da incerteza e da mobilidade. O socialismo, da forma como eles
concebiam, compartilhava com o liberalismo os mesmos objetivos: liberdade e
prosperidade. Mas o socialismo supostamente melhoraria as conquistas do
liberalismo pela superação do capitalismo.
Por outro lado, o conservadorismo é a resposta
anti-igualitária e reacionária às mudanças dinâmicas que são desencadeadas por
uma sociedade liberalizada; é antiliberal e, em vez de reconhecer as conquistas
do liberalismo, tende a idealizar e glorificar o antigo sistema feudal como
ordeiro e estável.
Para realizar esses
objetivos, o conservadorismo deve defender, e de fato defende, a legitimidade
dos meios não-contratuais de aquisição e conservação da propriedade e da renda
que dela deriva, uma vez que foi exatamente a confiança exclusiva sobre as
relações contratuais que causaram a própria permanência das mudanças na
distribuição relativa da renda e da riqueza.