21 outubro 2020

A Eternização do Estado

Tese: o problema da classe dominante é manter o seu domínio. 

Para que o estado se mantenha ao longo do tempo — embora possa usar a força — o caminho é ideológico; por isso, seus representantes esforçam-se para ter o apoio da maioria de seus súditos. A casta dominante tem que ser minoritária. Esta tem a incumbência de assegurar a aceitação ativa ou resignada dos cidadãos. Aos “intelectuais” cabe a tarefa da promoção desta ideologia.

Por que o intelectual prefere o estado? É que os seus serviços na iniciativa privada não são sempre garantidos, pois pode haver pouco interesse de os cidadãos bancarem as suas funções. O estado, por sua vez, pode oferecer, além do prestígio, um rendimento certo. Assim, os intelectuais são os executores das políticas do estado. Há, no processo histórico, vários exemplos da aliança entre o estado e os intelectuais.

As linhas de argumentos, em que intelectuais ajudam o governo a induzir os seus súditos a apoiar o seu domínio, podem ser resumidas: 1) os governantes estatais são homens sábios e grandiosos (governam por "decreto divino", são a "aristocracia" dos homens, são "cientistas especialistas"), muito melhores e mais sábios do que os seus bons, porém simplórios, súditos; 2) a subjugação pelo governo é inevitável, absolutamente necessária e de longe melhor do que os males indescritíveis que sucederiam à sua queda.

A instauração do medo por um sistema alternativo foi outro mecanismo bem sucedido para manter o poder. A narrativa dos governantes atuais é que este governo fornece aos cidadãos um serviço essencial: protege-os contra assassinos. No Brasil, vimos o engodo com o programa bolsa-família: se outro partido assumir o poder, ele irá acabar com essa assistência.  

Há muitas armas ideológicas usadas pelo estado: tradição, exaltação da coletividade ["Dê ouvido apenas aos seus irmãos" ou "Aja conforme a sociedade"], faça parecer que o seu domínio é inevitável, indução de culpa [qualquer aumento do bem-estar privado pode ser atacado como "ganância inaceitável", "materialismo" ou "riqueza excessiva"].

"O aumento do uso de jargões científicos permitiu aos intelectuais do estado tecer justificativas obscurantistas para o domínio estatal as quais teriam sido imediatamente recebidas com zombaria e escárnio pela população de uma época mais simples. Um assaltante que justificasse o seu roubo dizendo que na verdade ajudou as suas vítimas, pois o gasto que fez do dinheiro trouxe um estímulo ao comércio, teria convencido pouca gente; mas quando esta teoria se veste com equações keynesianas e referências impressivas ao "efeito multiplicador", ela infelizmente é recebida com maior respeito. E assim prossegue o ataque ao bom senso, em cada época realizado de maneira diferente".

Fonte de Consulta

ROTHBARD, Murray N. A Anatomia do Estado. Mises Brasil, 2009.

 


20 outubro 2020

Necessidade e Demanda

Economistas, jornalistas e muitos pensadores discorrem sobre as vantagens da destruição. Acham que a guerra é melhor que a paz. O mundo se torna próspero depois de uma guerra, graças a uma enorme demanda “acumulada” ou “insatisfeita”. Confundem necessidade com demanda.

Quanto mais a guerra destrói, mais pobres ficam as pessoas. Logicamente, depois de uma guerra a necessidade aumenta assustadoramente. Necessidade não é demanda. Para que a demanda se concretize, as pessoas precisam ter poder aquisitivo.

Pensar no poder aquisitivo, apenas como moeda, não é muito racional. Observe que conforme a quantidade de moeda aumenta, há, em contrapartida, um aumento nos preços das mercadorias.

A Alemanha recuperou-se rapidamente depois da guerra. Isto não significa que a destruição de propriedades é uma vantagem para a pessoa cuja propriedade foi destruída. Ninguém queima sua própria casa pensando que a necessidade de reconstruí-la estimulará suas energias.

Uma grande falácia é pensar em termos de abstração — a coletividade, a nação — e esquecer as pessoas que a criam. Será que as pessoas cuja propriedade foi destruída pela guerra também pensam que a guerra é uma vantagem econômica?

Demanda e oferta são as duas faces de uma mesma moeda. Oferta cria demanda porque, no fundo, é demanda. O dinheiro que o alfaiate ganha vendendo seus ternos é demanda para os alimentos que irão saciar a sua fome. 

Em outras palavras, nunca é vantagem ter fábricas destruídas, a não ser que elas já estivessem obsoletas.  

Fonte de Consulta

HAZLITT, Henry. Economia Numa Única Lição. Tradução de Leônidas Gontijo de Carvalho. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010.

 


19 outubro 2020

Keynesianismo

“Na verdade, somos todos keynesianos agora. Uma parcela bastante significativa daquilo que os macroeconomistas modernos fazem deriva diretamente de Teoria geral; a estrutura introduzida por Keynes sustenta-se muito bem até hoje.” (Paul Krugman, economista norte-americano)

Tese: política fiscal (tributação e gastos governamentais) deve ser usada como ferramenta de controle de uma economia.

John Maynard Keynes (1883-1946) foi um economista inglês, considerado o precursor da economia moderna "a macroeconomia". Na Primeira Guerra Mundial, foi conselheiro do Ministro das Finanças do Reino Unido, mas seu nome se consagrou mesmo depois da guerra. Com certa antevisão, advertiu que os termos duros do Tratado de Versalhes poderiam levar a Alemanha à hiperinflação, com o potencial para outra grande guerra. A história, como se viu, confirmou seus temores.

A Grande Depressão, um divisor de águas. Antes de Keynes, os economistas clássicos, baseados na Lei de Say — a oferta cria a sua própria demanda* —, advogavam o pleno emprego automático da economia. Keynes, na sua General Theory of Employment, Interest and Money (Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro), como uma resposta à Grande Depressão, desenvolveu novos instrumentos de análise e argumentou que o sistema econômico podia manter-se em equilíbrio não só enquanto os recursos estivessem subempregados, mas também quando plenamente empregados.

Segundo o antigo conselheiro presidencial Alan Blinder, o Keynesianismo tem seis princípios fundamentais:

1. Os Keynesianos acreditam que o desempenho de uma economia é influenciado tanto por decisões públicas quanto privadas, e que às vezes se comporta de forma errática.

2. O curto prazo é importante; às vezes, até mais do que o longo prazo. Um aumento do desemprego a curto prazo pode causar ainda mais danos a longo prazo, pois deixa uma marca permanente na economia de um país. Como diz uma frase famosa de Keynes, “A longo prazo, estaremos mortos”.

3. Os preços e, em particular, os salários, respondem lentamente a mudanças na oferta e demanda, o que, por sua vez, significa que o desemprego frequentemente está mais alto ou mais baixo do que deveria segundo a força da economia.

4. Com frequência, o desemprego fica demasiadamente alto e volátil, enquanto recessões e depressões são males econômicos — e não, como quer a mão invisível, respostas eficazes do mercado a oportunidades pouco atraentes.

5. O ciclo natural de altos e baixos da economia é um problema que os governos devem tentar estabilizar de forma ativa.

6. Os Keynesianos tendem a se preocupar mais com o combate ao desemprego do que com o controle da inflação.

Fonte de Consulta

CONWAY, Edmund. 50 Ideias de Economia que você Precisa Conhecer. Tradução Marcello Borges. São Paulo: Planeta, 2015.

*A Lei de Say é irrefutável e, sozinha, destrói todo o arcabouço keynesiano

Apenas quem desvirtua seu significado pode alegar que ela é errada

Poucos conceitos são tão distorcidos e mal compreendidos quanto a chamada Lei de Say. Em parte, isso foi obra de John Maynard Keynes, que precisava acabar com ela para abrir espaço para suas políticas intervencionistas. Keynes precisava mostrar que a Lei de Say era falsa porque todo o seu tratado econômico foi construído tendo por base este pilar (o de que Say estava errado).

E como você refuta uma "lei" que sempre havia sido central para os economistas entenderem e explicarem a economia de mercado nos últimos 150 anos? Simples. Você a distorce, cria um espantalho e então bate com gosto neste espantalho. Afinal, bater em espantalhos é muito mais fácil do que refutar a tese verdadeira.

Consequentemente, a "Lei da Say" passou a ser conhecida, segundo os próprios termos criados por Keynes, como uma teoria que diz que "a oferta cria sua própria demanda", o que obviamente é uma descaracterização.

A verdadeira Lei de Say

Originalmente, o significado era outro. Até mesmo o nome era outro. Economistas anteriores a Keynes se referiam a ela como a 'Lei dos Mercados', pois ela descrevia em termos muito simples os fundamentos de como um mercado funciona. Jean-Baptiste Say foi aquele que expressou e explicou a lei da maneira mais simples e direta, o que pode explicar por que ela passou a ter o seu nome.

Say observou que o valor dos bens e serviços que qualquer indivíduo pode comprar é igual ao valor de mercado daquilo que esse indivíduo pode ofertar. Segundo o próprio: "Dado que cada um de nós só pode comprar a produção de terceiros com nossa própria produção, e dado que o valor do que podemos comprar é igual ao valor do que podemos produzir, então quanto mais o homem pode produzir mais ele pode comprar".

Em outras palavras, a produção precede o consumo, e a demanda de um indivíduo só pode ser satisfeita se este indivíduo também ofertar algo a alguém.

A Lei dos Mercados, portanto, diz que o valor dos bens e serviços que qualquer indivíduo pode comprar é igual ao valor de mercado daquilo que ele pode ofertar. Ou, em um sentido macroeconômico agregado, o valor dos bens e serviços que qualquer grupo de pessoas pode comprar no agregado é igual ao valor de mercado daquilo que eles podem ofertar no agregado.

Say, em suma, simplesmente expressou a realidade de que nós produzimos (trabalhamos) para poder consumir.

Fonte de Consulta

https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2721


Uma Teoria do Socialismo e do Capitalismo: Notas do Livro

O livro, Uma teoria do socialismo e do capitalismo, de Hans-Hermann Hoppe, trata: 1) propriedade, contrato e agressão; 2) socialismo ao estilo russo, socialismo ao estilo socialdemocrata, socialismo do conservadorismo, socialismo de engenharia social e fundamentos sócio-psicológicos do socialismo 3) justificativa ética do socialismo e os problemas do monopólio e dos bens públicos. 

Stephan Kinsella, no prefácio, diz que este livro é uma obra tão rica que exige uma leitura cuidadosa e uma releitura periódica. Aproveita e cita um trecho da resenha sobre o livro, do professor Robert McGee: “Quando eu leio um livro, faço anotações nas margens e sublinho os pontos que acho que merecem ser relidos. Com esse livro, eu tive que me controlar porque eu estava fazendo tantas anotações que tornavam a minha leitura mais lenta. Quase todo parágrafo tem pelo menos um ponto que merece reflexão”.

O capítulo 2 “Propriedade, Contrato, Agressão, Capitalismo e Socialismo” é de fundamental importância para o conhecimento da economia. Eis um trecho: “Depois do conceito de ação, propriedade é a categoria conceitual mais fundamental dentro das ciências sociais. Na verdade, todos os outros conceitos a serem apresentados neste capítulo — agressão, contrato, capitalismo e socialismo — são definíveis de acordo com a propriedade: agressão sendo agressão contra a propriedade, contrato sendo um relacionamento não-agressivo entre proprietários, socialismo sendo uma política institucionalizada de agressão contra a propriedade, e o capitalismo sendo uma política institucionalizada de reconhecimento da propriedade e do contratualismo”.

Com argumentos capitalistas sólidos, o autor refuta todas as teses socialistas. Quais são, assim, os pontos fracos do socialismo? O socialismo russo, caracterizado pela socialização dos meios de produção, promovia desperdício econômico, pois dificultava a formação de preços dos fatores de produção. O socialismo socialdemocracia e o socialismo conservador resultam em aumento de custos de produção, que favorece relativamente os não-produtores e os não-contratantes em detrimento dos produtores e dos contratantes de bens, produtos e serviços. 

Todos os problemas abordados, tais como, o valor moral da ação humana, o monopólio e os bens públicos são exaustivamente analisados mostrando sempre a supremacia do capitalismo, pois somente este regime faculta a livre formação de preços na economia.  

Fonte de Consulta

HOPPE, Hans-Hermann. Uma Teoria do Socialismo e do Capitalismo. Tradução de Bruno Garschagen. 2.ª, São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises Brasil, 2013.

 


15 outubro 2020

Escolha: Mais é Menos

“A escolha é o que nos distingue da economia planificada”. 

Hoje, há uma infinidade de produtos à espera de nossa escolha. Quando se fala de televisão, diz-se que há 1000 canais para ninguém ver. Suponha uma pessoa que esteja reformando a sua casa e tenha que escolher azulejos, cerâmicas, granito, mármore, etc. As inúmeras opções deixam a pessoa confusa na hora de decidir o produto ideal para o seu gosto.

Observemos as opções oferecidas em vários segmentos da sociedade. Na livraria virtual Amazon, há 2 milhões de títulos disponíveis. Num Supermercado pode haver mais de 50 tipos de iogurte. Quanto ao vinho, nem se fale. Em se tratando de férias, há mais de 5 mil destinos diferentes. Acrescentemos: roupas, calçada, tênis, produtos de limpeza etc. A isso denominamos paradoxo da escolha.

De acordo com o psicólogo americano Barry Schwartz, em seu livro O paradoxo da escolha, há três razões por que isso acontece:

Primeira — ter muita opção leva a uma paralisia interior. Um supermercado ofereceu 30 tipos de doces para serem saboreados e comprados com desconto; no outro dia, apenas 6 tipos. Resultado: vendeu bem mais na segunda opção. A oferta sendo ampla, o cliente não consegue decidir e acaba não comprando nada.

Segunda — ter muita opção leva a decisões piores.

Terceira — ter muita opção leva à insatisfação. Como ter certeza de ter feito a melhor escolha entre duzentos itens?

Solução: primeiro, ponhamos nossas prioridades no papel. Somente depois, analisemos as ofertas existentes.

Fonte de Consulta

DOBELLI, Rolf. A Arte de Pensar Claramente [Recurso Eletrônico] : Como Evitar as Armadilhas do Pensamento e Tomar Decisões de Forma mais Eficaz. Tradução KarinaJanini. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

 


14 outubro 2020

Propriedade ante o Socialismo e o Capitalismo

O conceito de propriedade está vinculado à escassez de bens. O ar, sendo um bem livre, não é propriedade de ninguém. Em se tratando da propriedade, os bens têm que ser escassos para que surjam conflitos sobre o uso desses bens. Os possíveis conflitos são evitados por meio da atribuição de direitos de propriedade exclusiva.

Qualquer ação humana que tenha por objeto a alteração do estado atual de coisas para um estado mais compensador tem na sua retaguarda a escolha relativa ao uso do corpo do indivíduo. Por causa da escassez do corpo e do tempo, a regulamentação de propriedade é inevitável. Havendo mais de uma pessoa, os conflitos podem aumentar, de modo que é preciso mais regulamentações para apaziguar os novos conflitos.

Toda pessoa tem o direito exclusivo de propriedade de seu corpo dentro de certos limites. Pode escolher os vícios ou as virtudes. Se, por outro lado, sua ação altera a integridade física de outra pessoa, essa ação pode ser chamada de agressão. Seria agressão bater em outra pessoa sem motivo algum. A propriedade estabelecida agressivamente ajudaria a esclarecer o problema social e econômico central de cada tipo de socialismo real, ou seja, do socialismo num mundo de completa escassez.

Suponhamos que a propriedade estabelecida agressivamente seja introduzida. Antes o indivíduo podia decidir em se tornar um viciado ou um filósofo. Agora o direito da pessoa de usar seu corpo é cerceado ou mesmo eliminado, e este direito é delegado a outra pessoa que não está naturalmente ligada ao respectivo corpo como seu produtor. Teríamos uma mudança na estrutura social e mesmo no comportamento da sociedade. Por isso, o socialismo é um sistema de regime de propriedade economicamente inferior.

Um sistema social baseado na posição natural sobre a atribuição dos direitos de propriedade é chamado de sistema puramente capitalista. Para ser considerado não-agressivo, as reivindicações devem estar apoiadas numa apropriação original, numa propriedade anterior, ou por uma relação contratual mutuamente benéfica. 

Fonte de Consulta

HOPPE, Hans-Hermann. Uma Teoria do Socialismo e do Capitalismo. Tradução de Bruno Garschagen. 2.ª, São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises Brasil, 2013.

 


12 outubro 2020

Desigualdade: Ricos e Pobres

"Uma sociedade que põe a igualdade à frente da liberdade não terá nenhuma das duas. Uma sociedade que põe a liberdade à frente da igualdade terá um grau elevado de ambas.” (Milton Friedman)

desigualdade não é dos nossos dias. No processo histórico, ela pode se apresentar mais ou menos acentuada. Observe a Inglaterra na época da Revolução Industrial: havia industriais extremamente ricos ao lado de famílias trabalhadoras que eram forçadas a trabalhar em fábricas ou minas, e morando em casas pouco confortáveis.

capitalismo é um sistema que recompensa o esforço e o empreendedorismo dos indivíduos, gerando desigualdades. O problema é o tamanho da desigualdade. Nos EUA, os 10% mais ricos têm renda 16 vezes maior que os 10% mais pobres; no México, a diferença é bem maior, ou seja, 25 vezes. Nos países nórdicos como Dinamarca, Suécia e Finlândia, a lacuna é bem menor: 5 vezes. Na comparação entre países, os mais pobres do Reino Unido e dos EUA são incomparavelmente mais ricos e saudáveis do que os moradores da África subsaariana.

Os benefícios da desigualdade. “Alguns economistas afirmam que como por natureza as pessoas são diferentes em termos de hábitos e capacidades, é inevitável haver certa desigualdade em uma economia importante. Com efeito, aqueles que defendem o livre mercado dizem que as tentativas de redistribuir a riqueza têm consequências inesperadas e perversas. Impostos mais elevados podem levar os membros mais produtivos da sociedade a sair do país, ou desestimulá-los de trabalhar mais, o que, por sua vez, reduz a quantidade de riqueza gerada pela sociedade”.

Não há provas claras de que, como um todo, um elevado nível de desigualdade impeça um país de ficar mais rico com o tempo. A principal preocupação é a inquietude social. "Um estudo mostrou que atores de Hollywood que ganharam um prêmio da Academia viveram, em média, quatro anos mais do que seus colegas sem o prêmio, e aqueles que ganharam dois Oscar viveram seis anos mais".

Fonte de Consulta

CONWAY, Edmund. 50 Ideias de Economia que você Precisa Conhecer. Tradução Marcello Borges. São Paulo: Planeta, 2015.

 


 


06 agosto 2020

Boulding e os Princípios de Política Econômica

"'Política' é a distorção deliberada do ecossistema em favor de objetivos do político." (Kenneth E. Boulding)

Kenneth E. Boulding (1910-1993), considerado um heterodoxo oficial por Juan Carlos Martínez Coll, publica, em 1958, o livro Princípios de Política Econômica, onde estuda o progresso econômico, a estabilidade econômica, a justiça econômica, a liberdade econômica, a política fiscal, a política monetária, a economia de guerra e paz, entre outros.

No prefácio, defende a existência de princípios, principalmente os princípios de economia. Para ele, não há distinção entre os princípios de economia e os princípios de política. O político que reflete sobre esses princípios se habilita a formar juízos mais prudentes sobre a arte de governar uma cidade, um estado, um país.

O que é política? Princípios que governam a ação dirigida para determinados fins. A política relaciona-se, assim, com: 1) que desejamos (os fins); 2) como consegui-lo (os meios); 3) e quem somos "nós", ou seja, qual a natureza da organização ou grupo interessado. Observe, também, que a ciência se preocupa mais com os meios do que com os fins.

Um tópico importante: o "teorema da banheira", ou seja, o fluxo de água num dado reservatório. Há água que chega, água que vai embora e água que fica como estoque. Assim, a adição total ao estoque de qualquer artigo, num dado período, deve ser igual ao número de artigos produzidos (criados), menos o número de artigos consumidos (destruídos).

Há, também, as identidades monetárias: 1) o estoque total de dinheiro deve ser igual à soma dos valores monetários em todas as contas particulares; 2) a quantia total do dinheiro pago por qualquer coisa é igual ao valor do que foi comprado, que, por sua vez, é igual ao preço multiplicado quantidade comprada.

Os princípios de economia nos ensinam que a renda média per capita não pode exceder a renda total dividida pelo total da população. Se aumenta a renda de um segmento da sociedade, então, ou a renda nacional deve ser elevada, ou a renda de outros setores deve ser diminuída. Este raciocínio é tão óbvio que a maior parte das pessoas se esquece de que ele é verdadeiro.

O Livro contém 17 capítulos, distribuídos em suas 500 páginas. Vale a pena conferir.

BOULDING, Kenneth E. Princípios de Política Econômica. São Paulo: Mestre Jou, 1967.

 


03 agosto 2020

Fato e Narrativa

George Orwell, autor do livro 1984, destaca a narrativa dos regimes autoritários: usam palavras que confundem a percepção da realidade. Para tanto, evoca-se a novilíngua (newspeak em inglês, novafala em português), língua extremamente simplificada, que tinha por objetivo substituir a antilíngua (Oldspeak), o inglês real, com o intuito de dominar o pensamento dos membros do Partido.

Vocabulário é reduzido ao mínimo. O mal converte-se em imbomótimo, em plusbom; terrível, em dupliplusimbom. Um bom falante é aquele que usa menos variedade de palavras para expressar uma ideia. O vocabulário divide-se em: 1) palavras de uso comum (comer, beber, árvore); 2) palavras construídas com fins políticos, com o objetivo de dirigir e controlar o pensamento do falante: bonsexobempensadamenteduplipensar; 3) composto exclusivamente de palavras científicas e técnicas, mas redefinidas de maneira que ficassem desprovidas de significados "potencialmente perigosos".

Presentemente, há os fatos e a narrativa da mídia, dos veículos de comunicação. Em vez de se dizer melhora, usa-se o termo "despiora". A CNN dos EUA, ao anunciar a recomendação da Sociedade Americana do Câncer, que muda para 25 anos em vez de 21, os testes de triagem como medida preventiva contra o câncer cervical, não usa o termo "mulher", mas "indivíduos com colo de útero". Há outros veículos que preferem o termo: "indivíduos com vagina". 

Pelo que estamos observando, esse romance deixou marcas profundas na narrativa dos fatos. O uso desses termos dificultam a percepção, instrumento essencial para a captação da realidade. Pensam com isso demolir a inteligência. Seria mais ou menos assim: você não precisa pensar, nós pensamos por você. 

A coibição do pensamento crítico é também encontrada no romance Admirável Mundo Novo (Brave New World) de Aldous Huxley, escrito em 1931 e publicado em 1932, e no romance Fahrenheit 451 de Ray Douglas Bradbury, em que bombeiros queimam livros, lançado em 1953 e filmado em 1966 por François Truffaut. 


19 julho 2020

Revolução dos Bichos, A

"Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que outros." (George Orwell)

Eric Arhur Blair (1903-1950), escritor, jornalista e ensaísta político inglês, nascido na Índia Britânica, mais conhecido pelo pseudônimo George Orwell, publicou, em 1945, "A Revolução dos Bichos", cuja tradução não expressa integralmente o original "Animal Farm". Como no livro "1984", escrito em 1948, trata do poder, mais especificamente do poder autoritário. Nesta fábula, os animais de uma granja se revoltam contra os seus donos, sob o condão de que todos os animais são iguais.

Cansados de serem maltratados pelos seus donos, os animais de uma determinada granja expulsam os seus proprietários. Depois disso, põem em prática as diretrizes do grande porco, já morto.

Os mandamentos eram os seguintes:

1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.

2. Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.

3. Nenhum animal usará roupas.

4. Nenhum animal dormirá em cama.

5. Nenhum animal beberá álcool.

6. Nenhum animal matará outro animal.

7. Todos os animais são iguais. 

A vida desses animais começa aplicando esses mandamentos. Havia muita cooperação entre todos. Construíram até um moinho de vento. 

Com o passar do tempo, os porcos, que eram os idealizadores da fazenda, começaram a ter privilégios: mandavam os outros animais fazer o trabalho pesado, dormiam em camas confortáveis, bebiam junto com os homens etc. No final das contas, não se diferenciava o porco do homem.

Para muitos analistas, este livro é uma crítica à revolução na Rússia.

Em 1999, sob a direção de John Stephenson, e com o elenco composto por Kelsey Grammer, Ian Holm, Julia Louis-Dreyfus, Julia Ormond, Pete Postlethwaite, Paul Scofield, Patrick Stewart, Peter Ustinov, Alan Stanford, Caroline Gray, Gail Fitzpatrick, Joe Taylor, Jimmy Keogh, Noel O´Donovan, Gerard Walsh, temos a produção cinematográfica que retrata bem o conteúdo desse livro. 

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Você sabe qual a diferença entre o socialismo de Jesus Cristo e o socialismo político?

No socialismo de Jesus Cristo, cada pessoa tira de si mesma para dar ao próximo; no socialismo político, cada pessoa tira  do próximo para distribuir entre os seus. 






15 maio 2020

Cinco Razões do Autoritarismo dos Governadores

Finn Andreen, em artigo no Mises Brasil, arrola cinco motivos de os governadores terem agido de forma autoritária.

1) Políticos, na sua maioria, têm pouco entendimento de como os mercados funcionam. Muitos deles nunca trabalharam no setor privado ou estudou economia de mercado. A lógica da política, ademais, determina que os políticos não podem ser vistos como "não fazendo nada". As reações políticas à pandemia de coronavírus confirmaram dramaticamente essa verdade mais uma vez.

2) Políticos fazem cálculos políticos, principalmente em se tratando de reeleição (ou em novos cargos da máquina pública). Não querem ser responsabilizados se a coisa der errada. Em uma crise, eles sempre preferem agir a não agir.

3) Políticos confiam demais em cientistas, que geralmente não têm treinamento em questões sociais. Estes também têm grande dificuldade em compreender o conceito de ordem espontânea do mercado. Assim, se for perguntado a um cientista como parar a propagação de uma pandemia, ele provavelmente responderá que a melhor e mais eficiente maneira é ordenando o confinamento estrito de toda a população em suas casas por semanas.

4) Políticos agiram de forma imprudente por causa da pressão política sob a qual estão sujeitos. Em tempos de (presumível) crise, um eleitorado inconsciente e politicamente sem instrução se volta a eles em busca de orientação, ou até em busca de ordens para seguir. Além da pressão do povo, há a pressão externa. Nenhum líder deseja ser superado pelo outro. Há também que se considerar a pressão da mídia. 

Questão: Em um mundo de recursos escassos, quanto dinheiro do pagador de impostos o estado deve gastar para tentar salvar uma vida (e prejudicar centenas de milhões de outras)?

5) É necessário ter uma explicação mais sombria e cínica para a reação política à pandemia: o poder em tempos de crise. O estado nunca perde a chance de aumentar seu poder. As crises são consideradas grandes oportunidades políticas e, portanto, têm sido usadas inúmeras vezes na história pelos governantes. 

Leia mais em: https://www.mises.org.br/article/3247/politicos-destruiram-o-mercado-e-ignoraram-direitos-humanos-com-um-alarmante-entusiasmo



06 abril 2020

Princípios Econômicos e Tempo

Política econômica é a aplicação dos princípios da economia. Os princípios da economia estão relacionados com aquilo que desejamos (fins), como consegui-los (meios) e o que somos "nós" ante a natureza e a organização social. Sua finalidade é a obtenção de um "optimum".

Os grandes princípios da verdade são sempre os mesmos. Observe os ensinamentos dos grandes mestres do passado, como Sócrates e Platão, principalmente com a autoconsciência do ser. Os princípios econômicos que Ludwig von Mises defendeu, durante a década de 1920, têm resistido ao tempo, e são válidos hoje como foram no passado. 

Hoje, a maioria dos cientistas sociais é tão ignorante quanto foram seus colegas em 1920. São estatistas, pois defendem a atuação plena do governo para atingir o bem-estar social. Hans F. Sennholz diz: "Independentemente do que os economistas modernos tenham escrito sobre a validade geral das leis econômicas, os estatistas preferem seus julgamentos éticos aos princípios da economia, e o poder político à cooperação voluntária. Estão convencidos de que, sem o controle e as leis do governo, sem um planejamento e uma autoridade centrais, a vida econômica seria selvagem e caótica".

Ludwig von Mises, na coletânea de ensaios [1) Intervencionismo; 2 A Economia de Mercado Controlada; 3) Liberalismo Social; 4) Antimarxismo; 5) Teoria do Controle de Preços; 6) Nacionalização do Crédito], de seu livro "Uma Crítica ao Intervencionismo", enfatiza que a sociedade deve fazer uma escolha entre propriedade privada dos meios de produção, ou estabelecer um sistema de controle no qual o governo possui ou administra toda produção e distribuição. Não há o terceiro sistema lógico em que uma ordem de propriedade privada estaria sujeita à direção do governo. Qualquer sistema intermediário em que todas as leis e todo o controle provêm do estado, não é justificável, pois conduz ao socialismo. 

Paul A. Samuelson, renomado economista americano, em seu Economics, livro texto de milhares de estudantes, defende a economia mista, sem ouvir o contraditório dos conservadores. Dedica pouco espaço ao "Libertarismo da Escola de Chicago", do qual são partidários pensadores como Frank Knight, Henry C. Simons, Friedrich Hayek e Milton Friedman. Com Milton Friedman faz piada: “Se Milton Friedman nunca tivesse existido, teria de ser inventado”. Com Marx, repetindo Engels: “Marx foi um gênio... nós somos, na melhor das hipóteses, talentosos”.

Os teóricos da política econômica, os estadistas e líderes partidários, na sua maioria, estão procurando um sistema ideal que não deva ser nem capitalista nem socialistas e que não se baseie na propriedade privada dos meios de produção, nem na propriedade pública. "Estão procurando um sistema de propriedade que seja contido, regulado e dirigido pela intervenção governamental e por outras forças sociais, tais como os sindicatos. Denominamos tal política econômica de intervencionismo, que vem a ser o próprio sistema de mercado controlado."

Fonte de Consulta

MISES, Ludwig von. Uma Crítica ao Intervencionismo. Tradução de Arlette Franco. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises, 2010. (Introdução e Prefácio)

 




31 março 2020

Becker, Gary Stanley

"The phrase ‘marriage market’ is used metaphorically and signifies that the mating of human populations is highly systematic and structured." (Gary Stanley Becker)

Gary Stanley Becker (1930-2014) foi um economista estadunidense. Professor na Universidade de Chicago, foi laureado com o Prêmio Nobel de Economia em 1992, por ter estendido os domínios da análise microeconômica para comportamento e interação humanaFoi membro do Hoover Institution, do National Bureau of Economic Research e da Pontifícia Academia das Ciências desde 1997.

Seus trabalhos foram baseados em modelos neoclássicos [com fundamentação estatística e matemática] sobre temas "típicos do cotidiano", como, por exemplo, preconceito racial, investimento em capital humano, formação familiar, uso de drogas, prática religiosa e criminalidade. Todos esses eventos ganharam uma abordagem econômica, com a adoção de determinados pressupostos acerca da ação dos indivíduos, como a racionalidade e a busca pela maximização da utilidade.

Áreas abordadas por seus escritos: 1) investimentos em capital humano; 2) distribuição do trabalho e alocação do tempo dentro das famílias; 3) crime e punição; 4) discriminação nos mercados de trabalho e bens. Eis alguns títulosThe Economics of Discrimination (1957) [analisa a questão da discriminação racial no mercado de trabalho]; Investiment in Human Capital: a theorical analysis (1962) [artigo em que analisa os impactos dos investimentos em educação e saúde sobre o desenvolvimento econômico]; Crime and Punishment: an economic approach de (1968) [aplicação de uma abordagem econômica sobre a criminalidade].

Fonte de Consulta 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Gary_Stanley_Becker

https://terracoeconomico.com.br/gary-becker-o-homem-que-transformou-tudo-em-economia/





27 março 2020

Mão Invisível

Adam Smith (1723-1790), considerado o pai da economia moderna e o mais importante teórico do liberalismo econômico, autor de Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações, ou mais conhecida como A riqueza das nações, sua obra mais conhecida, em que procurou demonstrar que a busca do interesse próprio promove o crescimento econômico e a inovação tecnológica.

Os capítulos de sua obra, A mão invisível, são: 1) da divisão do trabalho; 2) do princípio da divisão do trabalho; 3) o princípio do sistema mercantil; 4) restrições à importação de mercadorias; 5) a irracionalidade das restrições; 6) os sistemas agrícolas. Em "As restrições à importação de mercadorias", trata do termo "mão invisível".

Começa dizendo que todo indivíduo que emprega o seu capital em apoio à indústria nacional espera que o seu produto tenha o maior valor possível. De acordo com a quantidade de capital que empregar, terá mais ou menos lucro. O lucro é o objetivo de qualquer pessoa que emprega capital para dar suporte à indústria. Isso faz a economia girar.

A renda anual de cada sociedade é igual ao valor de troca de toda a produção anual de sua indústria, ou seja, é exatamente igual ao valor de troca. Em sendo assim, cada indivíduo fará o maior esforço para aumentar a sua contribuição ao valor total da economia. Cada indivíduo trabalha necessariamente para fazer a renda anual da sociedade tão grande quanto ele possa conseguir.

Eis o texto em que aparece o termo "mão invisível":

"Em geral, ele de fato não tem a intenção de promover o interesse público, nem sabe o quanto o está promovendo. Ao preferir dar suporte à indústria doméstica e não à estrangeira, ele tem em vista apenas sua própria segurança; e ao direcionar essa indústria de tal maneira que seu produto possa ser do maior valor possível, ele tenciona apenas seu próprio ganho, e nisso é, como em muitos outros casos, conduzido por uma mão invisível para produzir um desfecho que não faz parte de sua intenção. Nem sempre é pior para a sociedade que ela não tenha participado dessa intenção. Ao perseguir seu próprio interesse, esse indivíduo frequentemente promove o interesse da sociedade de forma mais efetiva do que se realmente tivesse a intenção de promovê-lo. Eu nunca soube de muitos benefícios trazidos por aqueles que pretendem comerciar tendo em vista o bem público. É uma situação, de fato, não muito comum entre comerciantes, e não são necessárias muitas palavras para dissuadi-los disso".





26 março 2020

Gudin, Eugênio

"Uma nação em crise não precisa de plano. Precisa de homens." (Eugênio Gudin)

Eugênio Gudin Filho (1886-1986) foi um economista liberal brasileiro, ministro da Fazenda entre setembro de 1954 e abril de 1955, durante o governo de Café Filho. Formado em engenharia, interessou-se por economia na década de 20 e, entre 1924 e 1926, publicou seus primeiros artigos sobre matéria econômica em "O Jornal", do Rio de Janeiro, do qual também foi diretor. Em 1929, tornou-se diretor da Western Telegraph Co., cargo que ocuparia até 1954.

Gudin , considerado o guru dos economistas brasileiros, que acompanhou todas as mudanças políticas e econômicas do século passado. foi o redator do projeto de lei que institucionalizou o curso de economia no Brasil. Antes da criação da faculdade, as aulas de economia no Brasil eram realizadas nos cursos de direito e engenharia.

Na década de 30, passou a integrar importantes órgãos técnicos e consultivos de coordenação econômica criados pelo governo federal. Na década de 40, Gudin apresentava-se como um crítico das medidas econômicas protecionistas e um defensor decidido da liberdade de atuação para o capital estrangeiro, da igualdade de tratamento dado a este e ao capital nacional, e da abolição das restrições à remessa de lucros para o exterior. No início da década de 50, integrou a Comissão de Anteprojeto da Legislação do Petróleo, tendo discordado das restrições impostas a atuação do capital estrangeiro no setor. Em seguida, colocou-se frontalmente contrário à criação da Petrobrás e à instituição do monopólio estatal do petróleo.

Com a posse do vice-presidente João Café Filho, em 1954, foi nomeado ministro da Fazenda. Promoveu, então, uma política de estabilização econômica baseada no corte das despesas públicas e na contenção da expansão monetária e do crédito, o que provocou a crise de setores da indústria. Sua passagem pela pasta da Fazenda foi marcada, ainda, pela decretação da Instrução 113, da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), que facilitava os investimentos estrangeiros no país, e que seria largamente utilizada no governo de Juscelino Kubitscheck.

Fonte de Consulta

https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/biografias/eugenio_gudin

https://educacao.uol.com.br/biografias/eugenio-gudin.htm