"Antes de
protestar, leia a proposta."
Maria Helena
Guimarães de Castro, 70 anos, que ocupou o Ministério da Educação no governo
FHC, e agora secretária executiva do ministro Mendonça Filho, a grande
idealizadora da reforma do ensino médio, concede entrevista às "Páginas
Amarelas" da Veja, em 5/10/2016.
A Reforma do
Ensino Médio propõe a flexibilização de uma parte do tempo do jovem na
escola. Baseando-se nas informações de que metade dos que ingressam no
ensino médio não se forma e menos de 20% deles vão para a
universidade, Maria Helena pensa que, para chegar à reta final do
ensino médio, o aluno precisa ter interesse pela escola. A escola deve oferecer
uma trilha com o qual o aluno se identifique: acadêmica ou técnica.
Em três anos serão 1200 horas fixas e 1200 horas flexíveis, à escolha
do estudante. Assemelha-se ao que acontece na Inglaterra, no Canadá e nos
Estados Unidos.
Em sua entrevista,
disse que a reforma do ensino médio não é uma ideia nova; vem sendo discutida
há duas décadas. As pessoas reclamam porque mexe em vários vespeiros:
corporações de professores temem perder direitos adquiridos; a indústria de
preparação de jovens para o Enem se vê ameaçada; há também o fator político,
pois engajar-se nesse processo pode perder votos.
Detalhe importante: todo e qualquer
passo dado em relação ao currículo obrigatório será definido depois de se
ouvirem os melhores especialistas de cada área e os secretários de Educação.
Ainda passará pelo crivo final do Conselho Nacional de Educação. O desfecho
deve se dar no segundo semestre de 2018.
Esclarece que há
quatro grandes áreas do conhecimento na LDB: linguagens, matemática, ciências
humanas e da natureza. A experiência mundial mostra que, para contemplar todas
elas, não é preciso necessariamente organizar o conteúdo em disciplinas
divididas de modo tradicional. As únicas disciplinas que, já se sabe,
persistirão pelos três anos são português, inglês e matemática.
"Por motivos misteriosos, somos diferentes de todos os países que vale a pena considerar. Neles, na idade média, há muitas alternativas possíveis. Por exemplo, oferecem escolas diferentes. Na Alemanha, há quatro alternativas. Na França, há muitas, além da opção de dar ênfase a este ou àquele assunto. Nos Estados Unidos, há um único modelo de escola, mas os alunos têm entre 100 e 200 disciplinas para escolher e algumas são especializadas (por exemplo: em música ou ciências)".
E no Brasil? Um
modelo único de escola e um currículo igual para todos. Qual a probabilidade de
o mundo inteiro estar errado e o Brasil certo?
Trecho extraído de
"Ensino Médio: Aleluia", de Cláudio de Moura Castro, publicado na
Revista Veja de 19/10/2016, p. 82.
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