02 julho 2008

Especialização e Troca

As sociedades selvagens, com exceção do tipo Robinson Crusoé, em que uma única pessoa é produtora e consumidora, já possuem um sistema de troca baseado na especialização. Uns dedicam-se exclusivamente à pesca, outros à caça e outros à plantação agrícola. De modo que cada um, dispondo de sua maior habilidade, contribui para o bem-estar da sociedade em que está inserido.

Nas sociedades mais complexas, como as que vivemos hoje, dificilmente fabricamos produtos para o nosso próprio consumo pessoal. Geralmente, vamos ao mercado, levamos alguma soma de dinheiro, e trazemos leite, pão, arroz e feijão para a nossa subsistência orgânica, sapatos e roupas para a apresentação pessoal e produtos de limpeza para a higiene do lar.

Por que as sociedades modernas substituíram as trocas diretas pelas indiretas? Porque o uso do dinheiro, considerado pelos economistas como um véu, facilita substancialmente a troca. Contudo, a sua presença na sociedade moderna dificulta a compreensão do que realmente está atrás de um simples ato de consumo. O pão que compramos representa, pelo lado do produtor, o somatório de todos os custos, desde a plantação do trigo até a sua confecção final. Por outro lado, o dinheiro gasto pelo consumidor mostra, em última análise, a especialização do proprietário daquela soma monetária.

Mas por que há especialização? Porque com ela ganha-se mais do que cada um produzindo para o seu próprio consumo. Suponha que uma pessoa que não seja alfaiate queira confeccionar o seu próprio terno. Quantas horas não gastará nesse mister? Mas se outra pessoa, especializada, ou seja, o alfaiate o confeccionar, fá-lo-á em menos tempo e com mais qualidade. Enquanto o alfaiate está empregando o seu tempo para a fabricação do terno, o futuro usuário do terno estará empregando-o em outra atividade, ou seja, na sua especialização. Com isso, a sociedade como um todo sai ganhando.

Adam Smith, o fundador da economia no Século XVIII, já previa que a especialização levaria a um aumento de consumo e a um aumento da atividade econômica. Além disso, a extensão do mercado propiciaria uma maior quantidade de bens consumidos. A globalização a que estamos assistindo nos dias que correm é um exemplo da amplitude desse mercado global. As grandes empresas estão preocupadas em diminuir o tamanho de sua ingerência na economia. Por isso, estão procurando mais parceiros, a fim de premiar outras especializações, no sentido de diminuir custos e tornar-se mais competitiva no mercado reduzido de sua especialização.

O comércio é a mola propulsora da economia. Acreditemos nele e empenhemo-nos para dele extrairmos o necessário para a nossa subsistência, sem lesar o próximo e sem ferir a ecologia de nosso planeta.

Fonte de Consulta

BOULDING, K. E., Economic Analysis. USA, Harper & Brothers, 1941.

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