As sociedades selvagens, com exceção do tipo Robinson Crusoé, em que uma
única pessoa é produtora e consumidora, já possuem um sistema de troca baseado
na especialização. Uns dedicam-se exclusivamente à pesca, outros à caça e
outros à plantação agrícola. De modo que cada um, dispondo de sua maior
habilidade, contribui para o bem-estar da sociedade em que está inserido.
Nas sociedades mais complexas, como as que vivemos hoje, dificilmente fabricamos
produtos para o nosso próprio consumo pessoal. Geralmente, vamos ao mercado,
levamos alguma soma de dinheiro, e trazemos leite, pão, arroz e feijão para a
nossa subsistência orgânica, sapatos e roupas para a apresentação pessoal e
produtos de limpeza para a higiene do lar.
Por que as sociedades modernas substituíram as trocas diretas pelas
indiretas? Porque o uso do dinheiro, considerado pelos economistas como um véu,
facilita substancialmente a troca. Contudo, a sua presença na sociedade moderna
dificulta a compreensão do que realmente está atrás de um simples ato de
consumo. O pão que compramos representa, pelo lado do produtor, o somatório de
todos os custos, desde a plantação do trigo até a sua confecção final. Por
outro lado, o dinheiro gasto pelo consumidor mostra, em última análise, a especialização do
proprietário daquela soma monetária.
Mas por que há especialização? Porque com ela ganha-se mais
do que cada um produzindo para o seu próprio consumo. Suponha que uma pessoa
que não seja alfaiate queira confeccionar o seu próprio terno. Quantas horas
não gastará nesse mister? Mas se outra pessoa, especializada, ou seja, o
alfaiate o confeccionar, fá-lo-á em menos tempo e com mais qualidade. Enquanto
o alfaiate está empregando o seu tempo para a fabricação do terno, o futuro
usuário do terno estará empregando-o em outra atividade, ou seja, na sua
especialização. Com isso, a sociedade como um todo sai ganhando.
Adam Smith, o fundador da economia no Século XVIII, já previa que
a especialização levaria a um aumento de consumo e a um
aumento da atividade econômica. Além disso, a extensão do mercado propiciaria
uma maior quantidade de bens consumidos. A globalização a que estamos
assistindo nos dias que correm é um exemplo da amplitude desse mercado global.
As grandes empresas estão preocupadas em diminuir o tamanho de sua ingerência
na economia. Por isso, estão procurando mais parceiros, a fim de premiar outras
especializações, no sentido de diminuir custos e tornar-se mais competitiva no
mercado reduzido de sua especialização.
O comércio é a mola propulsora da economia. Acreditemos nele e
empenhemo-nos para dele extrairmos o necessário para a nossa subsistência, sem
lesar o próximo e sem ferir a ecologia de nosso planeta.
Fonte de Consulta
BOULDING, K. E., Economic Analysis.
USA, Harper & Brothers, 1941.
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