"Ideias e somente ideias podem iluminar a escuridão." (Ludwig von Mises)
Ludwig von Mises (1881-1973), destacado membro da
escola austríaca de economistas e professor de Economia na Universidade de
Viena (1931 a 1938), e no Instituto Internacional de Estudos, em Genebra (1934
a 1940), foi autor de numerosas obras sobre Economia e Administração: A Teoria do Dinheiro e do Crédito (1934), Socialismo (1936), Ação Humana (1949)
etc.
Von Mises tornou-se famoso por sua crítica
à teoria econômica dos clássicos. Os economistas clássicos, ao fazerem as suas
análises em termos de classes de bens, não conseguiam explicar
satisfatoriamente a formação dos preços no mercado. Diziam: a) que o valor era
algo inerente às mercadorias; b) que o mesmo só podia ter sido conferido a
esses bens pelos processos de produção; e c) que sua fonte básica era o custo
de produção, ou mesmo a quantidade de horas de trabalho nela despendidas.
Mises, baseando-se nas premissas da escola
austríaca, que centrava a análise no indivíduo que faz suas escolhas com bases
em suas preferências e valores, dá uma explicação mais racional ao paradoxo dos
clássicos: "por que o pão, mais útil que os diamantes, é cotado no mercado
a preço tão inferior ao destes?" Os clássicos, não sabendo explicar o
paradoxo, chegaram à conclusão de que como os valores eram fundamentalmente
divididos, o pão, embora tivesse um "valor de uso" superior ao dos
diamantes, tinha por alguma razão, um menor "valor de troca". Von
Mises, utilizando-se da lei da teoria da utilidade marginal decrescente,
conseguiu dar uma solução satisfatória, ou seja, o preço do pão é baixo, porque
o consumidor avalia o bem de acordo com sua quantidade anterior. Se já tem
muitos pães, o preço será baixo; tendo pouco diamantes, o preço será alto.
A teoria da moeda e do crédito e os ciclos
econômicos, explicados
pelos clássicos, sofreram também críticas do autor. Para Mises, o dinheiro está
sujeito à lei da utilidade marginal decrescente da mesma forma que os bens de
consumo e de produção, ou seja, quanto maior a quantidade moeda, menor o seu
preço. No que tange ao ciclo econômico,
mostrou que os bancos, ao aumentarem a oferta de moeda, além da necessidade
real da economia, fazem com que a taxa de juros fique abaixo da taxa
"natural" de preferência temporal. Quer dizer, os empresários, com a
taxa de juros baixa, fazem investimentos acima da capacidade de absorção da
economia, tendo como consequência a depressão.
Sendo favorável à política de mercado
livre, criticou tanto o socialismo — que sem o sistema de mercado não tem
ideia de custos — quanto o intervencionismo — que altera a relação de preços
relativos na sociedade. No campo de sua metodologia econômica criticou o
"institucionalismo" — que negava toda ciência econômica — e o
"positivismo", que, cada vez mais, de maneira enganosa, procurava
fundamentar a teoria econômica nas mesmas bases da ciências físicas. Em
contrapartida, desenvolveu a sua praxeologia, fundamentada no homem
de ação: no ser humano concebido não como uma pedra ou um átomo que se
"move" segundo as leis físicas quantitativamente determinadas, mas
como possuidor de propósitos, metas ou fins próprios que procura alcançar, bem
como de ideias de como fazê-lo.
Contudo, com a publicação do The General Theory of Employment, Interest and Money, por Keynes, em 1936, os homens públicos
preferiram inflacionar a economia, ao invés de criar uma metodologia de
crescimento sustentado.
Fonte de
Consulta
ROTHBARD, M. N. O Essencial de von Mises. 2. ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1988. (Pensamento
Liberal n.º 1)
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