Racionalidade — do latim rationalitas traz
implícito a relação entre meios e fins. O "comportamento racional"
apresenta-se, pois, como a procura teórica dos meios de se atingir um objetivo
qualquer, levando-se em conta os diversos graus de dificuldade. O comportamento
"econômico racional" é um comportamento que aplica o princípio geral
do comportamento racional nas condições em que os fins e os meios da ação são
quantificados.
Historicamente, a racionalidade econômica surge com
o início do capitalismo. De acordo com a "mão invisível" de Adam
Smith, os agentes econômicos são taxados de racionais quando maximizam os
lucros e minimizam os custos. O laissez-faire e o interesse
egoísta são suficientes para proporcionarem o equilíbrio automático da
economia. Primam pelo mecanismo de mercado e consideram a intervenção do
governo como um perturbador desse equilíbrio.
Os socialistas, por outro lado, afirmam que a
racionalidade econômica só pode ser alcançada eficazmente numa economia
planificada. Atentam que os indivíduos, isentos do egoísmo e
do interesse próprio, minimizam os custos sociais, facilitando o
trabalho do Estado. Esquecem-se de que os preços são formados na confluência da
oferta e da demanda. Deixando de lado esse princípio fundamental da análise
econômica, não se pode ter certeza que o custo é o mínimo possível.
O princípio da "racionalidade econômica",
extraído do sistema de preços, é limitado e deformado. Limitado,
porque uma atividade econômica qualquer não inclui todas as condições não
econômicas. É o caso de se avaliar economicamente o religioso, o político e a
dona de casa, que não são movidos pelos preços. Deformado, porque
na ânsia de se obter lucro máximo, pode-se explorar a miséria da classe
trabalhadora.
Convém refletirmos sobre o grau de influência
do não econômico sobre o econômico. Aprofundando
esse pensamento, ampliaremos a visão parcial e especializada da Ciência
Econômica. Analisando o fato econômico sob a ótica da globalização, em que são
incluídos as finalidades e os juízos de valores, teremos melhores condições de
entender o relacionamento entre produção e consumo.
O econômico e o não econômico são as duas faces de
uma mesma moeda. Esperamos que esses pormenores possam ser lembrados quando
estivermos no mar alto dos grandes e dos pequenos empreendimentos.
Fonte de Consulta
GODELIER, M. Racionalidade e
Irracionalidade na Economia. Rio de Janeiro, Edições Tempo Brasileiro,
s/d/p.
Nenhum comentário:
Postar um comentário