01 julho 2008

A Troca

O instinto de sociedade leva o indivíduo a participar de uma polis. O contato com outras pessoas caracteriza o processo de troca. Adam Smith, o pai da economia, desenvolve algumas ideias acerca desse assunto, quando trata da divisão do trabalho. Para ele a divisão do trabalho propiciaria a especialização do indivíduo, diminuiria o tempo de produção de um bem e aumentaria a produtividade da mão de obra. A consequência é um maior poder de troca dentro da sociedade.

O estudo da troca representa noventa por cento do campo de atuação do economista. Mas o que é que os indivíduos trocam? Trocam suas especializações. Quando um alfaiate vai ao mercado comprar manteiga, ele leva o dinheiro ganho no terno confeccionado. O ato de compra é a transferência do trabalho do vendedor, do transportador e do produtor para atender às suas necessidades. Assim sendo, a troca sem especialização é impossível; a especialização sem troca carece de fundamento.

Um dos grandes problemas da troca é a ilusão monetária causada pela desvalorização do dinheiro. O dinheiro é apenas o meio de troca. Ele representa o grau de especialização de seu possuidor. Numa economia inflacionária como a brasileira, o dinheiro despendido num determinado bem nem sempre revela uma troca real, pois os aumentos de preço desequilibram o mecanismo dos preços relativos, fazendo com que percamos a noção de valor dos bens. Além disso, temos de pagar os custos da remarcação dos preços, feitos a cada quinze dias.

Este assunto dá-nos o ensejo de fazer uma reflexão sobre o nosso procedimento cotidiano. De que maneira estamos trocando as nossas horas? Estamos produzindo algo de útil ou tentando enriquecer às custas do trabalho alheio? Talvez não percebamos de pronto, porém cada um de nós se dá por aquilo que se troca. Observe a escolha de uma leitura. É a troca da hora pela obtenção de conhecimento. Será que todo o conhecimento adquirido é útil à nossa necessidade interior? Um exemplo: repassemos os nossos olhos sobre as notícias de um jornal publicado há trinta dias. A maioria das informações ali veiculadas tem pouco valor para o dia de hoje.

Trocar hora é trocar tempo. Tempo é vida. Tenhamos cuidado na troca de nossas horas, pois é possível que estejamos perdendo muito tempo em coisas insignificantes, as quais tem pouco valor ou nenhum valor para a nossa evolução espiritual.

Invistamos, pois, o nosso tempo na obtenção dos conhecimentos superiores, se realmente quisermos acumular sabedoria e virtude.

Fonte de Consulta

BOULDING, K. E. Economic Analysis. USA, Harper & Brothers, 1941. 


Nenhum comentário: