O instinto de sociedade leva o indivíduo a
participar de uma polis. O contato com outras pessoas caracteriza o processo de
troca. Adam Smith, o pai da economia, desenvolve algumas ideias acerca desse
assunto, quando trata da divisão do trabalho. Para ele a divisão do trabalho
propiciaria a especialização do indivíduo, diminuiria o tempo de produção de um
bem e aumentaria a produtividade da mão de obra. A consequência é um maior
poder de troca dentro da sociedade.
O estudo da troca representa noventa por cento do
campo de atuação do economista. Mas o que é que os indivíduos trocam? Trocam
suas especializações. Quando um alfaiate vai ao mercado comprar manteiga, ele
leva o dinheiro ganho no terno confeccionado. O ato de compra é a transferência
do trabalho do vendedor, do transportador e do produtor para atender às suas
necessidades. Assim sendo, a troca sem especialização é impossível; a
especialização sem troca carece de fundamento.
Um dos grandes problemas da troca é a ilusão
monetária causada pela desvalorização do dinheiro. O dinheiro é apenas o meio
de troca. Ele representa o grau de especialização de seu possuidor. Numa
economia inflacionária como a brasileira, o dinheiro despendido num determinado
bem nem sempre revela uma troca real, pois os aumentos de preço desequilibram o
mecanismo dos preços relativos, fazendo com que percamos a noção de valor dos
bens. Além disso, temos de pagar os custos da remarcação dos preços, feitos a
cada quinze dias.
Este assunto dá-nos o ensejo de fazer uma reflexão
sobre o nosso procedimento cotidiano. De que maneira estamos trocando as nossas
horas? Estamos produzindo algo de útil ou tentando enriquecer às custas do
trabalho alheio? Talvez não percebamos de pronto, porém cada um de nós se dá
por aquilo que se troca. Observe a escolha de uma leitura. É a troca da hora
pela obtenção de conhecimento. Será que todo o conhecimento adquirido é útil à
nossa necessidade interior? Um exemplo: repassemos os nossos olhos sobre as
notícias de um jornal publicado há trinta dias. A maioria das informações ali
veiculadas tem pouco valor para o dia de hoje.
Trocar hora é trocar tempo. Tempo é vida. Tenhamos
cuidado na troca de nossas horas, pois é possível que estejamos perdendo muito
tempo em coisas insignificantes, as quais tem pouco valor ou nenhum valor para
a nossa evolução espiritual.
Invistamos, pois, o nosso tempo na obtenção dos
conhecimentos superiores, se realmente quisermos acumular sabedoria e virtude.
Fonte de Consulta
BOULDING, K. E. Economic Analysis. USA,
Harper & Brothers, 1941.
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