02 julho 2008

Mahatma Gandhi

Mohandas Karamchand Gandhi, místico e líder político da Índia, nasceu em 2 de outubro de 1869 e morreu assassinado em 1948. Referindo-se ao Gandhismo, enfatizou não só o caráter aberto, experimental de suas ideias sociais, como também a sua tomada de posição contra toda forma de sectarismo que se referisse ao seu nome. Dizia: "Meu intento não é o de ser coerente com as minhas afirmações precedentes ... mas sim, de ser coerente com a verdade como se apresenta em um dado momento".

Reiteradas vezes afirmou que, durante uma única existência, seria impossível escrever um tratado a respeito da concepção da não-violência, e, se o escrevesse, seria incompleto. Além disso, cognominava-se "homem de ação", deixando para os acadêmicos obra de tão grande envergadura. De qualquer forma, os escritos que apareceram em Young India e Harijan (literalmente , "o povo de Deus") evocam todo um conjunto de ideias filosóficas e religiosas, de conceitos éticos-políticos, de proposições em relação ao sentido da história e da vida humana, da educação, da vida associativa etc.

As interpretações acerca Gandhi são muitas e variadas: no extremo negativo os que afirmam não ser original a sua doutrina, mas apenas um acervo eclético de teses colhidas um pouco de todos os lugares; no extremo positivo, os que veem no gandhismo a única doutrina verdadeiramente nova no nosso século (leninismo e maoísmo não trazem nada de novo para a teoria marxista); entre esses dois extremos ficam os que acham possível distinguir o que é vivo daquilo que é morto. Entre o que é vivo, são geralmente considerados a crítica de Gandhi ao industrialismo, a sua concepção de um Estado de não-violência, a sua filosofia dos conflitos de grupo etc.

Gandhi, em sua doutrina do satyagraha, distingue três tipos de não-violência: a "não-violência do fraco", a "não-violência do covarde" e a "não-violência do forte". Por "não-violência do fraco", Gandhi entende a posição daqueles que numa situação conflitante aguda não recorrem ao uso da violência por não possuir os meios para tal fim; por "não-violência do covarde", ele denuncia a atitude daqueles que fogem da violência por pura covardia ou por outros motivos sempre egoístas; por "não-violência do forte", ele aponta para aquelas pessoas que podem fazer uso da violência, mas não o fazem por acharem que a não-violência é superior à violência.

A doutrina da não-violência de Gandhi não é tanto a que prescreve abstenção da violência, mas aquela que leva à maior redução possível da violência. Com base nessa norma, não se pode excluir a priori o recuso à violência armada, na medida em que, numa determinada situação de conflito, é uma questão empírica e não teórica, o saber qual das duas (violência armada e não-violência) conduz à maior redução da violência. Contudo, Ghandhi tinha a plena convicção de que a violência armada produziria mais violência do que a não-violência.

Reflitamos sobre as atitudes desse nobre espírito. Quem sabe não tenhamos muito que aprender com sua filosofia de vida a respeito da não-violência.

Fonte de Consulta

BOBBIO, N., MATTEUCI, N. e PASQUINO, G. Dicionário de Política. 2. ed., Brasília, UNB, 1986.

 

Nenhum comentário: