02 julho 2008

Locke e o Governo Civil

John Locke (1632-1704), como o seu predecessor Hobbes, não teve muitos amores com a universidade de Oxford. Foi à França e recebeu valiosa influência de Descartes. Depois de quatro anos, voltou para a Inglaterra e escreveu Two Treatises on Civil Government (Dois Tratados sobre o Governo Civil), do qual An Essay Concerning the True Original, Extent and End of Civil Government (O Ensaio Concernente à Verdadeira Origem, Extensão e Fim do Governo Civil) é a sua segunda parte, e que vamos retratar adiante.

Começa o seu discurso reportando-se ao estado natural, em que viviam Adão e Eva. Naquela época, a Lei Natural e a Razão eram os elementos necessários para direcionar os atos de cada um. É, pois, sobre a hipótese da existência de uma lei natural, que traça o roteiro do seu livro. Significa dizer que o objetivo central do ser humano é conhecer melhor a Lei Divina, a qual o norteará no relacionamento consigo mesmo e com os demais. A função do um governo civil é pôr em prática essa lei, auxiliando cada membro a compreendê-la melhor.

guerra e a escravidão são contrários à Lei Natural. Nesse Sentido, permite ao cidadão o direito de colocar-se em estado de guerra contra os opressores, que os querem fazer escravos. Como os opressores desviaram-se da lei natural, os oprimidos têm o dever de lutar e fazê-los conscientizar-se dessa lei. Assim, tanto a guerra como a escravidão são estados transitórios, em que a humanidade pode passar até alcançar a perfeita compreensão do que seja essa lei natural. Em outras palavras, até conseguirmos aplicar a lei áurea deixada por Jesus: "Fazer aos outros o que gostaríamos que nos fosse feito".

No seu livro, Locke critica o estado de paternidade da sociedade, porque acha que tanto o homem quanto a mulher tem direitos iguais perante a lei natural. É de parecer que a educação dos filhos deveria ser feita pelos dois. A própria elaboração e aplicação da Lei Civil deveria ser revisada, pois há uma influência muito maior do homem do que da mulher. Quanto à propriedade, diz que é lícito cada um tomar para si uma parte do bem natural. Porém, o trabalho deveria ser o elemento valorativo de tal aquisição, desde que aceito pelo comum acordo de todos os membros da coletividade.

Em síntese, suas ideias sobre o governo civil mostram que cada indivíduo, movido pela lei natural, elabora uma espécie de contrato, dando ao melhor o poder de governá-los. Os que são escolhidos para o cargo de comando podem ser substituídos, caso não ajam de acordo com a vontade da maioria. Locke tornou-se famoso, porque conseguiu influenciar muitos governos, pois foi o primeiro a advogar a concepção moderna de liberdade civil e definir as limitações da propriedade e do poder da república.

A base de nosso relacionamento está na perfeita compreensão do que seja essa Lei Divina. Como ela está inscrita em nossa consciência, cabe-nos apenas o dever de adubá-la, preservá-la e elevá-la ao estado de conscientização moral que ela merece.

Fonte de Consulta

COMMINS, S. e LINSCOTT, R. N. The World’s Great Thinkers - Man and the State: the Political Philosophers. New York, EUA, Random House, 1947.

 

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