02 julho 2008

A República de Hobbes

Thomas Hobbes (1588-1679), antes de completar quinze anos de idade, entrou na Oxford e imediatamente adquiriu aversão à universidade, que durou até o fim de sua vida. Por sua própria conta tornou-se um aluno clássico e, depois dos seus quarenta anos, começou a filosofar pelo caminho da matemática. Em 1640 ele trocou a Inglaterra pela França por causa da ameaça da guerra civil. Por quinze anos viveu em estreita ligação com os mais eminentes filósofos e cientistas de Paris, e escreveu sua obra prima, Leviantan, no qual a República é a Parte Dois.

A República, de acordo o próprio autor, nada mais é do que a aplicação da lei natural, conhecida como lei áurea: "Não fazermos aos outros o que não gostaríamos que fosse feito a nós". Em essência é o contrato celebrado por todos os participantes, em que uns delegam poderes aos outros, considerados mais sábios, a fim de poderem administrar a coisa pública. As pessoas investidas de poder devem visar não os seus interesses particulares, mas os da maioria, ou seja, da república constituída.

Descreve as várias formas de representação do governo. Quando esta representação é feita por apenas um homem, temos a monarquia; quando é através de uma assembleia geral, temos a democracia; quando é por parte apenas, temos a aristocracia. Acha que os outros nomes arrolados pela história como forma de governo, não são, na realidade, formas de governo, mas desvios do mesmo. Assim, a tirania é o descontentamento com a monarquia, a oligarquia é o desgosto com a aristocracia e a anarquia é o desagrado com a democracia.

Defende a república institucional, considerando-a como a melhor forma de unir os objetivos do povo para um projeto global. É por ela que os comandados escolhem os seus representantes. Ao mesmo tempo, tece comentários sobre a falsa impressão do poder divino. Este não deveria entrar nas discussões de quem é melhor para governar, pois implicaria numa avaliação de caráter religioso, nem sempre acessível a todos aqueles que se dizem investido de uma missão no campo da política.

Por fim, descreve várias coisas que poderiam enfraquecer e degenerar a república constituída. Uma delas é a doutrina que afirma ser pecado tudo aquilo que o homem faz contra a sua consciência. Como para Hobbes, julgamento e consciência são sinônimos, e uma vez que o julgamento pode estar em erro, o mesmo acontecerá com a consciência. Parece-nos que o ideal, para alcançarmos a verdadeira avaliação da consciência, seria cada um agir segundo a sua consciência bem formada, ou seja, de acordo com os princípios emanados da lei natural.

A liberdade é a grande inspiradora de sua obra. É visando, pois, a defesa dessa lei natural que elabora toda a sua teoria acerca do homem e da sua função cívica.

Fonte de Consulta

COMMINS, S. e LINSCOTT, R. N. The World’s Great Thinkers - Man and the State: the Political Philosophers. New York, EUA, Random House, 1947.

 


Nenhum comentário: