02 julho 2008

Justiça e Distribuição de Renda

Há duas antigas noções de justiça: 1ª) dar a cada um o que ele "merece" e; 2ª) dar a cada um o que ele "necessita". Como avaliar, com certeza, o "merecimento" ou a "necessidade"? Não é tarefa fácil. Geralmente, utilizamo-nos do descontentamento, que é a distância entre aquilo que julgamos ideal e aquilo que está realmente ocorrendo.

Os propagadores do comunismo pregam a igualdade de renda. Esquecem-se de que os indivíduos são desiguais e, portanto, requerem níveis diferenciados de riqueza. A renda poderia ser igual se todos fossem semelhantes. Como isso não é possível, temos de conviver com as mansões dos ricos e os barracos dos pobres.

Este argumento é reforçado pelo estudo da utilidade marginal da renda. Aqueles que dão pouco valor às riquezas, têm uma utilidade marginal da renda baixa; aqueles que dão grande valor, alta. Supondo-se que o equilíbrio da sociedade esteja na igualdade da utilidade marginal da renda, um aumento do nível total da renda, deverá ser distribuído de forma desigual: os que mais desfrutam da renda, deveriam receber mais do que aqueles que menos desfrutam.

As sociedades ricas podem dar-se ao luxo de serem igualitárias. É que venceram os níveis mais baixos de renda, em que se necessita de grandes investimentos para promover o desenvolvimento econômico. A manutenção do "status quo", nestas sociedades, é feita com baixos dispêndios, uma vez que a produção em massa para o consumo de massa, diminuiu substancialmente os custos de fabricação.

A justa distribuição de renda é, ainda, de difícil solução. Independentemente dos fatores macroeconômicos apontados, há aqueles que dizem respeito ao fórum íntimo de cada pessoa, na avaliação do "mérito" ou "demérito". Damos mais valor aos nossos "méritos" do que aos dos outros. Com isso, cometemos uma "injustiça". E, se cada um comete "injustiça", a sociedade será "injusta".

O ideal democrático deveria ser calcado num grau ótimo de desigualdade de renda. Nesse sentido, a vitória sobre o egoísmo e os interesses pessoais muito contribuiria para o "justo" relacionamento na sociedade em que vivemos.

Fonte de Consulta

BOULDING, K. E. Princípios de Política Econômica. São Paulo, Mestre Jou, 1967.São Paulo, 20/09/1995


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