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27 fevereiro 2019

Meritocracia e Dinheiro Público

Para muitas ideologias, principalmente aquelas que se dizem de esquerda, o dinheiro cai do céu. Dá-se a impressão que o Estado está repleto de dinheiro e os seus governantes podem gastar indiscriminadamente. O dinheiro público, no entanto, é fruto do trabalho dos habitantes de um determinado país, pois são eles que pagam os impostos para financiar o bem público.

Jair Bolsonaro, em seu discurso durante a Cerimônia de Posse no Planalto, em 1.º/01/2019, disse: "O brasileiro pode e deve sonhar. Sonhar com uma vida melhor, com melhores condições para usufruir do fruto do seu trabalho pela meritocracia. E ao governo cabe ser honesto e eficiente". Enfatiza a meritocracia como a melhor maneira de administrar bem a coisa pública. 

O que é a meritocracia? É um sistema de recompensa com base nas capacidades dos indivíduos. Como princípio político, aplica-se a qualquer sistema em que os indivíduos são escolhidos pelos seus talentos, tais como, inteligência e diligência. A maioria das sociedades modernas adota a meritocracia, pois esta prática propicia a igualdade de oportunidades baseada nos esforços dos indivíduos, independentemente de seu status social. 

Por que um determinado jogador de futebol ganha bastante dinheiro? Porque as pessoas pagam para ver aquele talento em campo. Do mesmo modo, pode-se dizer de um artista ou uma orquestra famosa que cobram ingressos bem altos por suas apresentações. As pessoas que vão assistir ao espetáculo avaliam que o talento merece aquele valor. Caso contrário, não iriam.  

Imagine uma organização em que os mais velhos são sempre conduzidos aos postos de comando. Nesse caso, pode surgir o seguinte problema: lassidão de todos os envolvidos. Por quê? Se os mais velhos sabem de antemão que irão para tal posto, não farão esforços para consegui-lo. Do mesmo modo os mais novos. Sabendo que os mais velhos serão promovidos, automaticamente, não farão esforços para tal ascensão. Nos dois casos, o mérito, que poderia gerar produtividade, é relegado, podendo acarretar perdas inestimáveis para toda a empresa.

Os Estados Unidos, preocupado em dar mais peso ao desejo de cada eleitor, está discutindo o sistema de ranqueamento do voto (Ranking Choice Voting), em que o eleitor, em vez do voto útil, vota em vários candidatos, dando um peso específico para cada um deles, e o melhor ranqueado leva,
em vez de o vencedor levar tudo, como fazemos no voto majoritário.


23 outubro 2009

Sofismas Políticos

Sofisma é um argumento falso, revestido de uma forma mais ou menos capciosa, aparentemente dentro dos princípios lógicos, com o intuito de induzir outrem ao erro. Alguns políticos gostam de sofismar, provando com argumentos falsos, o contrário daquilo que é necessário e verdadeiro ao povo. Com isso, acabam tendo votação expressiva aos cargos públicos, em detrimento das pessoais mais dignas.

Jeremias Bentham, preocupado com a proliferação desse tipo de procedimento dos políticos, escreveu o livro “Tratado dos Sofismas Políticos”, em que enumera e discute diversos argumentos, aparentemente verdadeiros, mas passíveis de se tornarem sofismas. Basta apenas uma análise mais acurada, mais aprofundada, para descobrir o erro. Vejamos alguns deles.

Utopia. A utopia, discutida por Platão e Thomas Morus, em que retratam um Estado ideal, levando o povo à felicidade geral, nada tem de errado. Suponha agora um novelista da felicidade pública. Este novelista forma os homens como bem entende, remove obstáculos a seu bel-prazer e nem se preocupa se há conformidade entre os meios e os fins. Ele pinta o mundo onde é possível colher trigo onde se plantou joio.

Termos ambíguos. Muitos termos, neutros em sua origem, tornaram-se ambíguos conforme a civilização foi se tornando complexa. Exemplo: tiranopiratavirtus e vitium. Se nos é indiferente um indivíduo, utilizamos o termo neutro. Se precisarmos opinar favorável ou desfavoravelmente, fazemos uso do termo ambíguo. Dizer que uma pessoa é piedosa pode significar elogio ou vitupério, dependendo de como a vemos. Nessa mesma linha de raciocínio, o que é religião para uns pode ser superstição para outros.

Bom na teoria, mal na pratica. É um sofisma muito utilizado pelos homens ditos práticos. Esquecem-se de que toda a ação prática tem por trás um pensamento, um raciocínio, uma teoria, que significa visão. A prática é consequência da teoria; se a prática não é confiável, é porque a teoria também não o é. Urge refazer a teoria para que a prática se torne aceitável.

Inovação. Toda ideia nova traz dificuldades; por isso, o medo da inovação. Preferimos “deixar tudo como está para ver como é que fica”. Esquecemo-nos de que para as coisas se acomodarem a esta situação houve necessidade de uma inovação anterior. Em outras palavras, o estabelecido de hoje foi a novidade de ontem. Precisamos, pois, aceitar a inovação como um progresso para a sociedade e para a organização da qual fazemos parte.

Estes pequenos exemplos servem para alertar os cidadãos conscientes, no sentido de terem argumentos para combater os politiqueiros e pessoas que tomam conta da coisa pública de modo indevido.

Fonte de Consulta

BENTHAM, Jeremias. Tratado dos Sofismas Políticos e Tratado da Tirania. Tradução de Antonio José Falcão da Trota. São Paulo: Logos, s.d.p.