George Orwell, autor do livro 1984, destaca a narrativa dos regimes autoritários: usam palavras que
confundem a percepção da realidade. Para tanto, evoca-se a novilíngua (newspeak em inglês,
novafala em português), língua extremamente simplificada, que tinha por
objetivo substituir a antilíngua (Oldspeak), o inglês real, com o intuito de dominar o pensamento dos
membros do Partido.
Vocabulário é reduzido
ao mínimo. O mal converte-se em imbom; ótimo, em plusbom; terrível,
em dupliplusimbom. Um
bom falante é aquele que usa menos variedade de palavras para expressar uma
ideia. O vocabulário divide-se em: 1) palavras de uso comum (comer, beber,
árvore); 2) palavras construídas com fins políticos, com o objetivo de
dirigir e controlar o pensamento do falante: bonsexo, bempensadamente, duplipensar; 3) composto exclusivamente de palavras
científicas e técnicas, mas redefinidas de maneira que ficassem desprovidas de
significados "potencialmente perigosos".
Presentemente, há os
fatos e a narrativa da mídia, dos veículos de comunicação. Em vez de se dizer
melhora, usa-se o termo "despiora". A CNN dos EUA, ao anunciar a
recomendação da Sociedade Americana do Câncer, que muda para 25 anos em vez de
21, os testes
de triagem como medida preventiva contra o câncer cervical, não usa o termo "mulher", mas "indivíduos com colo de
útero". Há outros veículos que preferem o termo: "indivíduos com
vagina".
Pelo que estamos observando, esse romance deixou marcas profundas na
narrativa dos fatos. O uso desses termos dificultam a percepção, instrumento
essencial para a captação da realidade. Pensam com isso demolir a inteligência.
Seria mais ou menos assim: você não precisa pensar, nós pensamos por você.
A coibição do pensamento crítico é também encontrada no romance Admirável Mundo Novo (Brave New World) de
Aldous Huxley, escrito em 1931 e publicado em 1932, e no romance Fahrenheit 451 de Ray
Douglas Bradbury, em que bombeiros queimam livros, lançado em 1953 e
filmado em 1966 por François Truffaut.
Nenhum comentário:
Postar um comentário