08 dezembro 2022

A Guerra

“A guerra é a continuação da política por outros meios.” (Karl von Clausewitz)

Linha do tempo. Séc. IV a.C. — Sun Tzu escreve A arte da guerra, o primeiro livro sobre teoria militar do mundo. Séc. V d.C. — Santo Agostinho desenvolve a doutrina cristã da guerra justa. Sec. XIII — São Tomás de Aquino aperfeiçoa os princípios da guerra justa. 1932 — Publicação da influente obra de Clausewitz, Da guerra. 1862 — A Guerra de Secessão dos Estados Unidos leva J. S. Mill a exaltar a guerra justa. 1978 — Arthur Koestler fala sobre a natureza perene da guerra.

A persistência do estado de guerra na humanidade levou muita gente a supor que é uma característica inerente à raça humana. Por isso, o teórico militar prussiano Karl von Clausewitz afirmou: “A guerra é a continuação da política por outros meios”. Em outras palavras, enquanto os seres humanos continuarem a ser animais famintos por terras e outros recursos, as disputas estarão além da resolução por meio pacífico.

Dentro desse enfoque, no século V d.C., Santo Agostinho tentou conciliar os ensinamentos pacifistas dos primeiros apóstolos da Igreja e as necessidades militares dos governantes imperiais, e apresentou-nos a doutrina da guerra justa, fundada na obrigação moral de buscar a justiça e defender os inocentes. Além da guerra justa, os filósofos apresentam-nos as visões extremas do realismo e do pacifismo. No realismo, há a desconfiança de se aplicar conceitos éticos à guerra. No pacifismo, acredita-se que a moralidade ainda tem um peso nas questões internacionais.  Mesmo se tornando uma coisa medonha, até o filósofo pacifista J. S. Mill considerava que às vezes é necessário se travar a boa luta.  

No século XIII, Tomás de Aquino aprimorou a guerra justa de Santo Agostinho, propondo uma distinção entre jus ad bellum (“justiça para fazer a guerra”, condições sob as quais é moralmente correto pegar em armas) e jus in bello (“justiça na guerra”, regras de conduta no curso da luta). Hoje, o debate atual sobre a ética da guerra é fundamentada em torno dessas duas ideias.

Em linhas gerais, a única motivação da guerra justa deve ser a de corrigir o mal causado pela agressão que forneceu a causa justa, e não para encobrir outras motivações, como interesses nacionais, expansão territorial e engrandecimento.

“Subjugar o inimigo sem lutar é a excelência suprema”, segundo o general chinês Sun Tzu, o primeiro grande teórico militar do mundo. A ação militar deve ser sempre o último recurso e só se justifica se todas as outras opções pacíficas fracassarem. Como afirmou o político britânico Tony Benn, em certo sentido “toda guerra representa um fracasso da diplomacia”.

Fonte de Consulta

DUPRÉ, Bem. 50 grandes ideias da humanidade que você precisa conhecer. Tradução Elvira Serapicos. São Paulo: Planeta do Brasil, 2016.

&&&

Para Reflexão

742. Qual a causa que leva o homem à guerra?

— Predominância da natureza animal sobre a espiritual e satisfação das paixões. No estado de barbárie os povos só conhecem o direito do mais forte, e é por isso que a guerra, para eles, é um estado normal. À medida que o homem progride ela se torna menos frequente, porque ele evita as suas causas, e quando ela se faz necessária ele sabe adicionar-lhe humanidade.

743. A guerra desaparecerá um dia da face da Terra?

— Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Então, todos os povos serão irmãos.

744. Qual o objetivo da Providência ao tornar a guerra necessária?

— A liberdade e o progresso.

Extraído de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

 

Nenhum comentário: