Na década de 1930, tínhamos que escolher entre comunismo e fascismo. No âmbito da ciência econômica norte-americana, éramos obrigados a optar entre monetaristas do “mercado livre” e keynesianos. Ninguém pensava numa terceira alternativa: a eliminação de qualquer influência ou controle do governo sobre oferta de moeda ou, até mesmo, sobre qualquer parte do sistema econômico.
Por
volta da segunda metade do século XIX, a “economia clássica” atinge o seu
apogeu nas figuras de David Ricardo e John Stuart Mill. Falha: tratar a
economia em função de “classes” e não em função das ações dos indivíduos.
Voltados para “classes” não conseguiam entender o “paradoxo do valor”: como é
que o pão, extremamente útil, era barato, enquanto o diamante, muito raro, era
caro? Haveria sempre uma interminável “luta de classes” entre “salários”,
“lucros” e “alugueis”.
A
solução: inicialmente por Carl Menger, fundador da Escola Austríaca, e
professor de economia na Universidade de Viena; depois, pelo seu aluno
Böhm-Bawek, em 1880, em seus vários volumes do livro Capital and Interest, que contém o produto maduro da Escola
Austríaca. Sua análise fundamenta-se na ação do indivíduo, em que este faz
escolhas no mundo real com base em suas preferências e valores.
Ludwig
von Mises, aluno de Eugen Böhm-Bawek, achava que havia importantes lacunas na
teoria econômica da Escola Austríaca, e a mais importante foi a análise da moeda. Ludwig se dispôs a eliminar a
separação que se fazia entre “micro” e “macro” economia, e fundamentar a
economia da moeda e de seu poder de compra (erroneamente denominado “nível de
preço”) na análise austríaca do indivíduo e da economia de mercado, que o fez
em sua obra: The Theory of Money and
Credit (1912)
Depois
de trabalhar com a teoria da moeda, voltou-se para interpretar o ciclo
econômico, baseado na ação dos indivíduos. Ao mesmo tempo, voltou-se para a
análise da economia em termos da intervenção e do planejamento governamentais,
escrevendo um bombástico artigo intitulado “O Cálculo Econômico na Comunidade Socialista”.
Mostrou que uma economia socialista, inteiramente desprovida de um sistema de
preços de mercado livre, não teria como calcular custos racionalmente.
Em
sua análise da metodologia econômica, combateu particularmente o método
positivista, que vê homens à maneira da física, como pedras ou átomos. Para o positivista,
o papel da teoria econômica é observar regularidades quantitativas, estatísticas,
do comportamento humano, para depois conceber leis que poderiam então ser
utilizadas para “prever” outras evidências estatísticas e ser por estas “testadas”.
Em contraposição
a esta metodologia, Mises desenvolveu a sua, a que chamou de “praxeologia” — ou
teoria geral da ação humana — tendo por base a análise dedutiva, lógica,
baseada no indivíduo e a filosofia da história. Questão: se a praxeologia
mostra que as ações humanas não podem ser encaixadas nos escaninhos das leis quantitativas,
como pode haver então um ciência econômica?
“Ação Humana é o que de melhor se poderia desejar; é ciência
econômica completa, desenvolvida a partir de sólidos axiomas praxeológicos,
integralmente baseada na análise do homem em ação, do indivíduo dotado de
propósitos agindo no mundo real. E a economia elaborada como disciplina
dedutiva, desfiando as implicações lógicas da existência da ação humana”.
Fonte de Consulta
MURRAY, Rothbard N. O
Essencial von Mises. Tradução de Maria Luiza Borges para o Instituto
Liberal. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises
Brasil, 2010.
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