Murray N. Rothbard, no capítulo 2 “Educação obrigatória na Europa”, de seu livro Educação: Livre e Obrigatória, editado pelo Instituto Ludwig Von Mises Brasil, em 2013, tradução de Filipe Rangel Celeti, faz um resumo histórico da obrigatoriedade do ensino, tanto público quanto privado.
No
parágrafo inicial, diz: “A história do desenvolvimento da educação obrigatória
é uma história da usurpação estatal do controle dos pais sobre seus filhos para
o próprio bem do estado; uma imposição de uniformidade e igualdade para
reprimir o crescimento individual; e o desenvolvimento de técnicas para impedir
o crescimento do poder de raciocínio e do pensamento independente entre as
crianças”.
O ponto
de partida é a Grécia antiga, especificamente na comparação entre Atenas e
Esparta. Atenas começou com a obrigatoriedade e cedeu, mais tarde, a um sistema
voluntário. Esparta, por seu ímpeto guerreiro, escolheu a educação obrigatória,
onde as crianças eram apreendidas pelo estado e educadas nos quartéis com o
ideal de obediência, em que havia uniformidade no ensino e completa passividade
às ordens do estado. A “Utopia” de Platão é a principal consequência desse
modelo estatal da educação.
Na Europa
da Idade Média, o problema da educação estatal não havia se apresentado. O ensino
era feito em escolas e universidades paroquiais, em escolas privadas, e em
centros de treinamento privados de formação profissional. Ressalte-se que o
primeiro movimento de estatização da educação veio da Reforma Protestante. Primeiramente,
Martinho Lutero; depois, Calvino.
Martinho
Lutero requisitou que as comunidades estabelecem escolas públicas e que a frequência
fosse obrigatória. A sua tese era: se o governo pode impelir cidadãos a pegar
em armas em tempos de guerra, por que não pode também compelir o povo a mandar
seus filhos na escola, pois, nesse caso, trata-se de uma guerra contra o diabo.
No fundo, Lutero enfatizou a teoria da obediência passiva, segundo a qual nenhum
motivo ou preocupação pode justificar a revolta contra o estado.
Em 1530,
ele declarou: “Era o dever de um cristão sofrer injustamente, e nenhuma
violação de juramento ou de direito poderia privar o imperador de seu direito à
obediência incondicional de seus súditos.” Mais tarde, voltou-se contra a
heresia, nos seguintes termos: “Hereges não devem ser contestados, mas devem ser rejeitados sem
serem ouvidos, enquanto perecem pelo fogo”.
João Calvino foi outro grande
influenciador da educação obrigatória no mundo moderno. Combinou dentro de si o
ditador político e o professor de religião. Para Calvino, nada importava,
nenhuma liberdade ou direito era importante, exceto sua doutrina e sua
supremacia. Para ele, o apoio ao calvinismo é o fim e o objetivo do estado, e
para tanto havia a necessidade da manutenção da pureza doutrinária e estrita
austeridade no comportamento das pessoas.
“A
influência de Calvino no mundo ocidental foi maior do que a de Lutero, porque,
com os esforços da propaganda diligente, ele fez de Genebra o centro europeu
para ampla difusão de seus princípios. Homens de toda Europa vieram estudar nas
escolas calvinistas e leram seus tratados, o resultado foi a influência
calvinista por toda Europa”.
Este capítulo inclui outros subtemas: 2.2. Prússia, 2.3. França, 2.4. Outros países, 2.5. Inglaterra, 2.6. Fascismo, nazismo e comunismo. Vale a pena dar uma olhada no livro todo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário