24 julho 2025

Peste Negra

A Peste Negra, ou peste bubônica, foi uma epidemia ocorrida entre 1347 e 1351 — uma ocorrência devastadora — que consumiu a vida de 75 a 200 milhões de pessoas na Europa, Ásia e norte da África. Saliente-se que, em apenas dois anos, essa peste letal matou mais de um terço da população da Europa e do Oriente Médio, alterando o cenário econômico, social e religioso da região para sempre.

A causa reside na bactéria Yersinia Pestis, transmitida por pulgas de ratos infectados. Apresenta-se de três formas: 1) bubônica — a mais comum — causava inchaços (bubões) dolorosos nos gânglios linfáticos; 2) septicêmica, que é a infeção no sangue; 3) pneumônica, que atingia os pulmões e era altamente contagiosa por via aérea. O processo: primeiro surgiam os bubões; em seguida, as manchas pretas na pele (daí o nome "Peste Negra"); e, depois, cerca de três quartos dos infectados morriam.

A disseminação da peste negra. Tendo começado, provavelmente e de forma lenta, na Ásia Central ou no oeste da China nos anos 1330, espalhou-se rapidamente pelas rotas marítimas comerciais. Ao alcançar Gênova, apareceu rapidamente na Sicília e em Marselha. Em 1348, atingiu Espanha, Portugal e Inglaterra, chegando à Alemanha e à Escandinávia em 1349.

O impacto da Peste Negra: 1) reduziu drasticamente a população da Europa; 2) crises econômicas, ou seja, a escassez de mão de obra apontou para um aumento dos salários e grandes mudanças sociais. Em 1350, os trabalhadores ingleses conseguiam ganhar cinco vezes mais que em 1347, e os inquilinos pagavam seus aluguéis em dinheiro em vez de em trabalho compulsório; 3) perseguição aos judeus, considerados erroneamente culpados pelo flagelo.

Como no caso da pandemia da Covid, a medicina da época não sabia a causa da doença e, como consequência, aplicavam tratamentos ineficazes.

Fonte de Consulta

O Livro da História. Tradução de Rafael Longo. São Paulo: GloboLivros, 2017.

 

21 julho 2025

Tocqueville, Alexis de

Alexis de Tocqueville (1805-1859) foi um pensador político, historiador e escritor francês. Tornou-se célebre por suas análises da Revolução Francesa, da Democracia Americana e da evolução das democracias ocidentais em geral, sendo considerado um dos grandes pensadores do liberalismo. Suas principais obras foram: Da Democracia na América (1835-1840) e O Antigo Regime e a Revolução (1856).

A Democracia Americana é fruto de uma viagem de nove meses pelos Estados Unidos na qual Tocqueville conheceu e registrou todos os aspectos relevantes da sociedade americana. Após seu retorno à França, em fevereiro de 1832, escreveu Da Democracia na América. A obra foi impressa inúmeras vezes ainda no século XIX e acabou por tornar-se um clássico. A obra completa é vasta, com mais de mil páginas.

Em setembro de 1848, num discurso na Assembleia Constituinte da França, ele argumentou que os ideais da Revolução Francesa de 1789 traziam implícitos um futuro democrático para a França e a rejeição do socialismo.

Tocqueville atacou o socialismo: 1) argumentou que o socialismo jogava com as "paixões materiais dos homens" — sua meta seria a geração de riqueza; ignoraria os mais elevados ideais humanos como a generosidade e a virtude; 2) o socialismo minaria o princípio da propriedade privada, elemento vital para a liberdade; 3) o socialismo desprezava o indivíduo.

Em síntese, enquanto a democracia pretendia aumentar a autonomia pessoal, o socialismo a reduziria, ou seja, o socialismo e a democracia jamais poderiam seguir juntos.

KELLY, Paul... [et al]. O Livro da Política. Tradução Rafael Longo. São Paulo: Editora Globo, 2013.


 

 

Carta Magna

A Magna Carta foi assinada por João sem Terra (Rei da Inglaterra), em 15 de junho de 1215, em virtude das pressões exercidas pelos barões da terra, que discordavam da maneira como ele mantinha os territórios franceses que a Inglaterra possuía, como também do aumento excessivo de impostos que recaiam sobre os próprios barões. Entrou, também, em conflito com a Igreja, no sentido de controlar a nomeação de bispos.  

Por volta de 1215, ele se defrontou com uma rebelião e foi forçado a negociar com os seus barões quando chegaram a Londres. Eles lhe apresentaram um documento, tendo como modelo a Charter of liberties de cem anos antes, publicada pelo rei Henrique I, detalhando suas exigências que reduziam consideravelmente o poder de João e aumentavam os privilégios deles. Os "Articles of the barons" incluíam cláusulas relativas às suas propriedades, aos direitos e deveres, mas também fizeram com que o rei se sujeitasse às leis da terra.

A cláusula 39 tinha a seguinte implicação: "Nenhum homem livre será perseguido, aprisionado ou destituído de seus direitos ou posses, ou exilado ou privado de sua posição sob qualquer circunstância, nem usaremos de força contra ele, ou enviaremos outros para que o façam, exceto pelo julgamento legal por seus pares ou pela lei da terra”. Pela primeira vez, a liberdade de um indivíduo diante de um governante tirânico foi explicitamente garantida.

Embora não tenha sido prontamente posta em prática, as principais cláusulas foram mantidas, e o espírito da Magna Carta influenciou muito o desenvolvimento político da Grã-Bretanha, cuja ênfase residia na restrição do poder do monarca em favor dos direitos do "homem livre".

A Magna Carta foi pioneira na ideia de leis para proteger a liberdade do indivíduo da autoridade despótica. Ela também inspirou a declaração de direitos preservada em muitas constituições modernas, em especial as das ex-colônias da Grã-Bretanha, bem como na Declaração dos Direitos Humanos.

Fonte de Consulta

KELLY, Paul... [et al]. O Livro da Política. Tradução Rafael Longo. São Paulo: Editora Globo, 2013.