19 maio 2025

Montesquieu

"A deterioração de um governo quase sempre começa pela decadência de seus princípios." Montesquieu

Montesquieu (1689-1755), também conhecido como Charles-Louis de Secondat, barão de La Brède et de Montesquieu, na França. Com a morte de seu tio em 1716, herdou o título de barão de Montesquieu. Estudou direito em Bordeaux, mas foi o seu casamento em 1715 que lhe garantiu um grande dote, o qual, com sua herança, lhe permitiu se concentrar na carreira literária, que teve início com a sátira Cartas persas.

Montesquieu foi eleito para a Academia de Paris em 1728 e deu início a uma série de viagens pela Itália, Hungria, Turquia e Inglaterra. Depois de voltar a Bordeaux, em 1731, trabalhou na sua história do Império Romano bem como em sua obra-prima, O espírito das leis, publicada anonimamente em 1748. 

Durante a era do Iluminismo no século XVIII, a autoridade tradicional da Igreja foi minada pelas descobertas científicas e questionou-se a ideia de monarcas governando segundo o direito divino. Na Europa, em especial na França, muitos filósofos políticos começaram a investigar o poder da monarquia, do clero e da aristocracia. Destacando-se entre eles, estavam Voltaire, Jean-Jacques Rousseau e Montesquieu. 

Rousseau defendia que o poder passasse da monarquia para o povo, e Voltaire, que houvesse a separação entre Igreja e Estado. Montesquieu pensava menos na figura do governante. Para ele, era mais importante a existência de uma constituição que evitasse o despotismo. Isso se daria, argumentava, pela separação dos poderes dentro do governo. No cerne desse argumento estava a divisão do poder administrativo do Estado em três categorias distintas: o executivo (responsável pela administração e aplicação das leis), o legislativo (responsável por aprovar, rejeitar e propor emendas às leis) e o judiciário (responsável por interpretar e aplicar as leis).

A separação de poderes garantiria que nenhuma das instituições administrativas pudesse assumir todo o poder, já que cada uma delas conseguiria restringir qualquer abuso de poder das outras. Apesar de as ideias de Montesquieu terem enfrentado a hostilidade das autoridades na França, seu princípio de separação de poderes foi muito influente, especialmente na América, onde se tornou o alicerce da Constituição dos Estados Unidos. Depois da Revolução Francesa, tal separação também se tornou modelo para a nova república, e, conforme se formavam novas democracias ao redor do mundo no século seguinte, suas constituições mantinham, em geral, alguma variação desse sistema tripartite. 

Obras principaisCartas persas (1721), Considerações sobre as causas da grandeza dos romanos e da sua decadência (1734), O espírito das leis (1748).

Fonte de Consulta 

KELLY, Paul... [et al]. O Livro da Política, Paul Kelly. Tradução Rafael Longo. São Paulo: Editora Globo, 2013.

Franklin, Benjamin

Benjamin Franklin (1706-1790) — primogênito de um fabricante de velas e sabão — foi um diplomata, escritor, jornalista, político e cientista norte-americano. Assinou três documentos principais na criação dos Estados Unidos: a "Declaração da Independência", o "Tratado de Paz" e a "Constituição". Fundou na Filadélfia uma Academia que mais tarde se transformou na Universidade da Pensilvânia.

Como cientista, ficou mais conhecido por seus experimentos com a eletricidade. Dentre suas várias invenções, estão o para-raios, o aquecedor, as lentes bifocais e o cateter de urina flexível.

Como empreendedor, foi editor de jornais bem-sucedido, gráfico e autor de literatura popular.

Como estadista, Franklin se opôs à Lei do Selo britânica, foi embaixador dos EUA em Londres e Paris e é considerado um dos mais importantes Pais Fundadores dos Estados Unidos. Foi um dos delegados da convenção que elaborou a Constituição Americana, assinada em 1787. Tentou em vão abolir a escravatura.

Concepção de Franklin sobre a virtudeSegundo ele, uma nação próspera seria construída sobre as virtudes dos cidadãos individuais, trabalhadores e produtivos, não sobre as características do governante ou de uma classe social como a aristocracia. Em comum com vários pensadores iluministas europeus, Franklin acreditava que os mercadores e os cientistas eram as principais forças motoras da sociedade, mas também dava ênfase à importância de traços pessoais e responsabilidades individuais. Ele considerava o empreendedorismo um importante traço pessoal de virtude.

Sobre o empreendedorismo.  A visão de Franklin dos empreendedores diferia, e muito, da imagem moderna de um empresário capitalista. Primeiro, ele via o empreendedorismo como uma virtude apenas nos casos em que promovia o bem comum, como na filantropia. Em segundo lugar, ele via um importante papel para as organizações voluntárias, capazes de restringir o individualismo.

Principais obras1733 — Poor Richard's almanack,  1787 — Constituição dos Estados Unidos, 1790 — Autobiografia.

Frases: "Deus ajudar os que se ajudam a si mesmos" / "Deitar cedo e acordar cedo tornam o homem sadio, rico e sábio" / "Nunca deixes para amanhã o que podes fazer hoje” / "Não perca tempo. Esteja sempre envolvido em algo útil. Descarte todas as ações desnecessárias". 

Fonte de Consulta

KELLY, Paul... [et al]. O Livro da Política, Paul Kelly. Tradução Rafael Longo. São Paulo: Editora Globo, 2013.


 

01 maio 2025

Código de Hamurabi, Leis das Doze Tábuas e Leis de Manu

As Leis de Manu representam o modelo jurídico-religioso do hinduísmo, com forte ligação entre lei, moral e religião, diferente dos códigos babilônicos e romanos, que eram mais jurídico-políticos.

Assim como o Código de Hamurabi, as Leis de Manu reforçam desigualdades sociais, especialmente pelo sistema de castas (brâmanes, xátrias, vaixás, sudras).

Ao contrário das Doze Tábuas, que tentam limitar o poder da elite, Manu legitima o status quo religioso e social.

Comparativo entre os Códigos Legais da Antiguidade: Hamurabi, Doze Tábuas e Leis de Manu

Os códigos legais da Antiguidade têm papel fundamental na formação das primeiras sociedades organizadas e no surgimento do direito como instrumento de regulação social. Três desses sistemas se destacam por sua influência histórica e por representarem diferentes visões culturais e políticas: o Código de Hamurabi (Babilônia), as Leis das Doze Tábuas (Roma) e as Leis de Manu (Índia).

1. Código de Hamurabi Elaborado por volta de 1754 a.C. pelo rei Hamurabi da Babilônia, esse código é um dos mais antigos e completos registros de leis da Antiguidade. Escritas em pedra e expostas publicamente, suas normas abrangiam temas como propriedade, família, trabalho e punições criminais. Seu principal princípio era a lei de talião (“olho por olho, dente por dente”), refletindo uma justiça retributiva. As penas eram severas e variavam conforme a classe social da vítima e do agressor.

2. Leis das Doze Tábuas Criadas por volta de 450 a.C., as Leis das Doze Tábuas foram uma conquista dos plebeus na Roma Antiga, que exigiam acesso igual à justiça. Gravadas em tábuas de bronze e afixadas no Fórum Romano, regulamentavam aspectos da vida civil, como direitos de propriedade, relações familiares e processos judiciais. Embora também contassem com punições duras, representavam um avanço em termos de acesso à legalidade e à transparência no uso da lei.

3. Leis de Manu Compiladas entre 200 a.C. e 200 d.C., as Leis de Manu (Manusmriti) constituem a base legal e moral do hinduísmo tradicional. Diferentemente dos códigos anteriores, essas leis são profundamente religiosas e estão fortemente ligadas à manutenção do sistema de castas. Determinavam normas de conduta social, deveres espirituais e punições para transgressões morais, sendo extremamente desiguais quanto aos direitos das castas inferiores e das mulheres.

Quadro comparativo

Aspecto

Código de Hamurabi

Leis das Doze Tábuas

Leis de Manu

Local

Babilônia (Mesopotâmia)

Roma Antiga

Índia Antiga

Data aproximada

~1754 a.C.

~450 a.C.

~200 a.C. a 200 d.C.

Autoridade

Rei Hamurabi

Decênviros romanos

Manu (sábio inspirado pelos deuses)

Base legal

Lei de talião, justiça retributiva

Direito civil codificado

Dharma e sistema de castas

Igualdade jurídica

Desigual entre classes

Tentativa de igualdade civil

Altamente desigual

Punições

Severas, corporais

Severas, mas cívicas

Espirituais, sociais e físicas

Objetivo principal

Ordem e poder real

Acesso igual à lei

Manutenção da ordem religiosa

Influência histórica

Direito mesopotâmico

Direito romano e ocidental

Direito hindu tradicional

Conclusão

Esses três códigos ilustram como diferentes civilizações lidaram com a necessidade de organizar a sociedade por meio da lei. Enquanto Hamurabi representava a justiça como poder divino e retributivo, Roma buscava um direito mais igualitário e acessível, e Manu estabelecia um sistema normativo baseado na hierarquia espiritual e social. Todos deixaram legados duradouros que ainda influenciam visões contemporâneas sobre o direito e a moral.

Fonte: ChatGPT


29 abril 2025

Código de Hamurabi

Hamurabi, rei da Primeira Dinastia da Babilônia, governou entre 1792 a.C. e 1750 a.C., e instituiu o chamado Código de Hamurabi, um dos conjuntos de leis mais antigos e famosos da história. 

Principais características do Código de Hamurabi:

Natureza legal e moral: Reunia cerca de 282 leis, tratando de diversos temas, como comércio, propriedade, família, trabalho, escravidão e punições criminais.

Princípio da reciprocidade (lei de talião): Muitas leis seguem o princípio "olho por olho, dente por dente", ou seja, a punição deveria ser proporcional ao crime.

Desigualdade social nas penas: A severidade das punições variava conforme a classe social da vítima e do agressor. Um crime contra um nobre era punido mais severamente do que o mesmo crime contra um escravo.

Finalidade: Pretendia garantir a justiça, a ordem e a autoridade do rei como representante dos deuses.

Hamurabi expandiu as fronteiras da Babilônia e consolidou seu poder. Ao mesmo tempo, destacou-se pela preocupação com a ordem e a justiça. Hamurabi é reconhecido por sua habilidade em unificar uma série de cidades-estados mesopotâmicas sob uma única bandeira, estabelecendo um império próspero. Hamurabi forjou um sistema jurídico coeso para seus cidadãos. 

O Código de Hamurabi — que conhecemos hoje —, é uma coleção de leis escritas em uma laje de pedra de diorito negra. Esse código — composto de 282 leis — reflete uma preocupação com a justiça, mas estabelece um padrão de leis que regulavam a vida cotidiana, o comércio e as relações familiares. Muitas dessas leis puniam crimes e infrações de maneira proporcional, estabelecendo assim um princípio fundamental de justiça: "olho por olho, dente por dente"

Destacamos alguns parágrafos: 

Parágrafo 196 

Se um homem perfurou o olho de um homem livre, terá um dos seus olhos perfurado. 

Este é um exemplo clássico da lei de talião, baseada na reciprocidade da punição. Ela reflete uma tentativa de impor justiça proporcional, mas também evidencia a rigidez e severidade das penas na Babilônia. Embora pareça brutal hoje, buscava limitar vinganças desmedidas entre indivíduos. 

Parágrafo 6 

Se um homem roubou o tesouro pertencente ao templo de um deus ou do palácio, esse homem é passível de morte, e aquele que recebeu de suas mãos o objeto roubado também o é.  

Mostra a severidade com que eram tratados crimes contra o Estado ou religião. 

Parágrafo 8 

Se um homem roubou um boi, carneiro, asno, porco ou um barco, se pertencente ao deus ou ao palácio, restituirá o correspondente a trinta vezes; se pertencente a um súdito comum, a compensação será correspondente a dez vezes. Se incapaz de restituir, o ladrão será passível de morte.

Reforça o princípio de punições severas, com variação conforme o status da vítima. 

Parágrafo 129 

Se a mulher de um homem for agrada no leito com um outro homem, eles serão amarrados e lançados na água, a menos que o marido não deixe sua mulher viva e que o rei não permita que seu servidor viva. 

Demonstra a importância da fidelidade e a autoridade final do rei. 

Parágrafo 195 

Se um filho agrediu seu pai, esse filho terá suas mãos cortadas. 

Reflete a rígida hierarquia familiar e o respeito absoluto aos pais. 

Decretos de equidade estatuídos por Hamurabi, o rei poderoso 

Fonte de Consulta

VIEIRA, Jair Lot (Org.). Código de Hamurabi [livro eletrônico]: as leis de Manu (capítulos VIII e IX): leis das doze tábuas (fragmentos). Tradução Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2023.

ChatGPT

 

18 fevereiro 2025

ChatGPT

GPT (Generative Pré-trained Transformer) é baseado na rede neural chamada transformer. O ChatGPT é um modelo de linguagem avançado que utiliza a arquitetura GPT, e foi desenvolvido pela OpenAI, uma organização de pesquisas em inteligência artificial com sede em São Francisco, cidade da Califórnia (EUA). Por meio do treinamento em uma vasta quantidade de dados textuais, o ChatGPT é capaz de compreender e gerar conteúdo de forma natural e inteligente.

IA — Geralmente se refere à capacidade de um sistema ou máquina de imitar ou replicar a inteligência humana em diferentes aspectos. O que está por trás da IA é a possibilidade de realizar tarefas cognitivas complexas de maneira semelhante ou até mesmo superior aos seres humanos. Isso inclui a capacidade de aprender com experiências, raciocinar, resolver problemas, reconhecer padrões, compreender e utilizar linguagem natural, perceber o ambiente e tomar decisões informadas.

De modo geral, o trabalho de transformar resume-se em obter dados — textos, imagens, áudios e estruturas de dados — e submetê-los ao treinamento e adaptação dos Transformers para lidar com diferentes tipos de dados e realizar diferentes tarefas: análise de sentimentos, extração de informações, legendas de imagens, reconhecimento de objetos e instruções a seguir.   

Prompt — Em termos de modelagem de linguagem, um prompt é uma instrução ou uma entrada fornecida para o modelo como ponto de partida para gerar uma resposta ou continuação coerente. Pode ser uma frase, um parágrafo ou até mesmo um texto grande. No contexto do ChatGPT, um prompt é a mensagem ou pergunta enviada pelo usuário para iniciar a interação com o assistente virtual. O prompt é essencial para direcionar o modelo e orientá-lo sobre o tipo de resposta desejada.

Palavras-chaves — São as ordens que damos ao ChatGPT. Eis algumas delas: crie, descreva, elabore, conduza, desenvolva, forneça, explique, realize, enumere, liste... Crie uma tabela, liste os 10 aspectos positivos da caminhada matinal, compare o crescimento econômico do Brasil e do Uruguai...

Frases extraídas do livro

"Crie um roteiro para uma peça teatral baseada no livro [título do livro]."

"Apresente um argumento [a favor/contra] [assunto] considerando diferentes pontos de vista."

"Elabore um guia detalhado com instruções passo a passo para preparar [tipo de prato] em casa."

"Explique os diversos benefícios que a prática de [atividade física] pode trazer para a saúde."

Fonte de Consulta

ESCUDELARIO, Bruna de Freitas. ChatGPT para o Dia a Dia: Explore o Poder da Inteligência Artificial Agora Mesmo. São Paulo: AOVS: Sistemas de Informática, 2023.


 

22 janeiro 2025

Donald Trump: 47º Presidente dos EUA

Algumas notas do discurso de posse do presidente dos EUA, Donald Trump, realizado no Salão Principal do Capitólio dos EUA em 20 de janeiro de 2025, em Washington, DC.

Donald Trump assume o comando dos EUA, reiterando os pontos levantados em sua campanha eleitoral — MAGA (Make America Great Again). Para tanto, logo no primeiro dia assinou diversos decretos, e a soma total deverá ser superior a 200. 

O primeiro dentre eles foi a anistia aos 1500 presos do episódio do Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021.

Eis algumas das notas: 

— A era de ouro começa agora.

— Nossa nação será orgulhosa, próspera e livre.

— Toda entrada ilegal será imediatamente interrompida e começaremos o processo de devolver milhões e milhões de estrangeiros criminosos para os lugares de onde vieram.

— Os cartéis serão tratados como organizações terroristas estrangeiras.

— Voltaremos a perfurar poços de petróleo.

— Em vez de tributar nossos cidadãos para enriquecer outros países, vamos tarifar e tributar países estrangeiros para enriquecer nossos cidadãos. 

— Respeito ao estado democrático de direito.

— Meritocracia.

— A partir de agora haverá somente dois gêneros sexuais: masculino e feminino.

— Rompimento com o Acordo de Paris, que trata do clima. 

— Justiça não pode ser origem de censura.

— Volta ao trabalho presencial dos agentes públicos.

— Saída da OMS (Organização Mundial da Saúde).

— Reintegraçao de todos os soldados que foram afastados por se recusarem a tomar a vacina da Covid.


 

 

03 dezembro 2024

Felipe Gimenez e o PL (Projeto de Lei) 1169/2015 do Voto Impresso

Em sessão na CCJ, procurador diz que STF “decide” as eleições.

O procurador Felipe Gimenez, do Estado do Mato Grosso do Sul, profissional do Direito, é um estudioso da hermenêutica constitucional. Sua função é representar o Estado do Mato Grosso do Sul. Faz isso há 30 anos.

O procurador Felipe Gimenez, do Mato Grosso do Sul, disse na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados que “são os ministros do STF [Supremo Tribunal Federal] quem decidem as eleições”. A fala se deu durante a audiência pública sobre o PL (Projeto de Lei) 1169/2015 do voto impresso em 28/11/2024.

Começou criticando o ministro do STF/TSE Kássio Nunes Marques, que já tinha se retirado da sessão, e não tinha dito nada sobre a Ciência do Direito. É que há 28 anos este Congresso discute informática, matemática, probabilidade.

As proposições racionais deste assunto estão na Ciência do Direito, que aborda temas, tais quais: democracia, cidadania, voto, princípio constitucional, publicidade, cláusulas pétreas. Nesse sentido, quando os ministros do STF repelem o que vocês fazem aqui, fazem-no pela falácia jurídica. São eles que controlam a eleição. É a falácia de que voto e sufrágio são a mesma coisa.

Voto é compromisso. Sufrágio é uma expressão metafórica que remete a uma decisão tomada debaixo da autoridade. São eles que apuram a vontade majoritária — só eles sabem como se protege a apuração da vontade majoritária.

A Constituição de 1988 deu-lhe esse poder. Eles não querem perder o poder de controlar o destino de um país continental.

Auditoria é audire, isto é, ouvir o outro. No caso, porém, do STF/TSE, eles ouvem a si próprios. É o próprio agente de justiça eletrônica que fiscaliza a si mesmo. Olhar o que uma máquina faz não significa que eu sei o que a outra faz.

Público é atributo do ato não do agente. Público é o que está na compreensão do povo. Desde 1996, nossa eleição é ILEGAL, INCONSTITUCIONAL, ANTIDEMOCRÁTICA E FASCISTA, ou seja, aquilo que era do povo passou a ser do Estado, para o Estado e pelo Estado.

Se o voto é eletrônico (elétrons), se o voto não tem matéria, ele não existe. Sabe por que eles dizem que não há fraude? O próprio voto não existe.

A sessão também contou com a presença do desembargador do Distrito Federal Sebastião Coelho e de representante do Fórum do Voto Eletrônico, o engenheiro Amílcar Brunazo. Coelho afirmou que “não podemos confiar nas pessoas que controlam as máquinas”, mas elogiou a ida de Nunes Marques à sessão. Disse que o judiciário “ignora” convites do legislativo para debater o sistema eletrônico das eleições...

Para mais informações, acesse: https://youtu.be/G7JMcZ9Uufk?list=RDNSG7JMcZ9Uufk

12 novembro 2024

Mediocristão e Extremistão

Mediocristão” e “Extremistão” são termos usados por Nassim Nicholas Taleb em A lógica do Cisne Negro: o Impacto do Altamente Improvável. Neste livro, o autor descreve eventos raros e imprevisíveis que têm um grande impacto socioeconômico. Na verdade, Nassim Taleb chama-nos a atenção para a armadilha que é darmos mais importância para o que conhecemos, ao invés de nos prepararmos para o imprevisível.

O uso do cisne como parâmetro na lógica do cisne negro tem origens na antiga crença de que todos os cisnes eram brancos. No entanto, com a descoberta de cisnes negros na Austrália, a metáfora evoluiu para representar algo imprevisível e além das expectativas.

O autor comenta também que a lei dos 80/20 é apenas metafórica não uma regra e muito menos uma lei rígida. No mercado editorial equivale a 97/20 ou seja 97 por cento das vendas de livros são feitas por 20 escritores.

Eis uma comparação entre mediocristão e extremistão feitas por ele no referido livro

TABELA 1

Mediocristão

Extremistão

Não escalável.

Escalável.

Aleatoriedade moderada ou do tipo 1.

Aleatoriedade intensa (até superintensa) ou do tipo 2.

O membro mais típico é medíocre.

O mais “típico” ou é gigante ou anão, ou seja, não existe um membro típico.

Vencedores levam uma pequena fatia do bolo.

Efeitos do tipo “O vencedor leva quase tudo”.

Exemplo: o público de um cantor de ópera antes do gramofone.

O público de um artista, hoje.

Mais provavelmente encontrado em nosso ambiente ancestral.

Mais provavelmente encontrado no ambiente moderno. 

 Imune ao Cisne Negro.

Vulnerável ao Cisne Negro.

Sujeito à gravidade.

Não existem restrições físicas a um número.

Corresponde (geralmente) a quantidades físicas. Por exemplo: peso.

Corresponde a números. Por exemplo: a riqueza.

O mais próximo possível do que a realidade pode oferecer espontaneamente de igualdade utópica.

Dominada pela desigualdade extrema do tipo “O vencedor leva tudo”.

O total não é determinado por uma única instância ou observação.

O total será determinado por um pequeno número de eventos extremos.

Quando se observa por algum tempo, é possível saber o que está acontecendo.

É necessário muito tempo para que se saiba o que está acontecendo.

Tirania do coletivo.

Tirania do acidental.

Fácil de se fazer previsões a partir do que se observa e de estendê-las ao que não se observa.

Difícil de se prever a partir de informações do passado.

A história se arrasta.

A história dá saltos.

Eventos são distribuídos de acordo com a “curva na forma de sino”* (a GIF) ou suas variações.

A distribuição ou é feita por Cisnes “cinzentos” mandelbrotianos (cientificamente tratáveis) ou por Cisnes Negros totalmente intratáveis.

* O que chamo de “distribuição de probabilidade” aqui é o modelo usado para calcular a probabilidade de eventos diferentes e como são distribuídos. Quando digo que um evento é distribuído de acordo com a “curva na forma de sino”, quero dizer que a curva na forma de sino gaussiana (assim chamada por causa de C. F. Gauss; mais sobre ele em breve) pode ajudar a oferecer as probabilidades de diversas ocorrências.