O capitalismo opera em benefício do
consumidor, pois este possui o que os produtores querem: dinheiro.
O capitalismo, tal como entendemos hoje, originou-se na Idade
Média – período que se estende desde a queda
do Império Romano (476 d.C.) até a tomada de Constantinopla pelos turcos (1453) –, embora anteriormente já havia comerciantes, empresários e
financistas. Esse período foi dominado pelo regime feudalista, fechado, em que
as atividades econômicas centralizavam-se na subsistência do próprio feudo.
Juro condenado, lucro proibido e preço justo eram os fundamentos dos fatos
econômicos.
Os principais traços do sistema feudal: 1) rede de prestações, contraprestações e
sujeições em que cada indivíduo estava inserido; 2) diminuição dos intercâmbios
comerciais e o desaparecimento quase completo da moeda devido à tendência ao
entesouramento; 3) escambo tornou-se a modalidade típica de trocas e
transações; 4) vassalagem. Entretanto, alguns dos habitantes desses domínios
fechados começaram a sentir o desejo de melhorar sua condição de vida passando
a morar nas antigas cidades romanas a fim de lucrar com as possibilidades de
trocas abertas por essas aglomerações.
O comércio "exterior" entre
feudos, uma vez iniciado, generalizou-se, principalmente devido à divisão do
trabalho e do surgimento das especializações. Cabe ressaltar a importância das
Cruzadas que, no fundo eram religiosas, mas intensificaram as trocas comerciais
entre a Europa e o Oriente Próximo. Jessua diz: "A expansão comercial das
cidades-estados italianas provocou uma série de consequências econômicas: os
mercadores comprometidos com essas expedições comerciais tiveram que refinar
seus métodos de gestão. Foi assim que surgiu a contabilidade de partidas
dobradas em Florença, a partir do final do século XII, até ser codificada em
Veneza por Luca Paccioli em 1945".
Em fins do século XV, tivemos o início das
grandes descobertas. Colombo, Cabral e outros propuseram-se a buscar novos
acessos aos mercados da Índia. Observa-se, também, a expansão monetária
bancária, pois as grandes fortunas eram abstratas, ou seja, como soma de
moedas. Nota-se os principais traços distintivos do capitalismo: o aumento
cumulativo das riquezas, a racionalidade da condução dos negócios pela
utilização das redes de comunicação, pela contabilidade, pelo refinanciamento
das operações bancárias, pelo lucro e pelo espírito de aventura independente
dos poderes locais.
O passo seguinte foi o surgimento da
Revolução Industrial, ou seja, o conjunto dos rápidos melhoramentos que
beneficiaram as técnicas de produção nas manufaturas, sobretudo de 1770 em
diante. Consequência da Revolução Industrial: o Produto Interno Bruto
mundial por habitante (em dólares, 1990) passou de 565 em 1500 para 651 em
1820, mas atingiu 5.145 em 1992.
O espírito de independência e de
responsabilidade pessoal, desenvolvendo-se como uma reação contra o poder real
ou senhorial absolutista, foi a causa primordial da arrancada capitalista.
Fonte de Consulta
JESSUA, Claude. Capitalismo: Uma Breve Introdução. Tradução de William Lagos. Porto Alegre, RS:
L&PM, 2019, capítulo 1.
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