Há uma porção de homens com uma espécie de fama
curiosa. Eles não comandaram exércitos, não enviaram homens à morte, não
administraram impérios, não tomaram parte nas decisões históricas. Poucos deles
ficaram famosos, mas nenhum tornou-se um herói nacional. Contudo, o que eles
fizeram foi mais decisivo do que a fama dos grandes líderes políticos: eles,
mesmo aparentemente apagados, formaram e influenciaram a racionalidade de
muitas pessoas. Eles são os economistas filósofos.
Lord Keynes já nos dizia que as ideias dos
economistas e dos políticos filósofos, quer certas ou erradas, são mais
poderosas do que comumente se pensa. Os homens práticos, que se julgam isentos
de tais influências são muitas vezes escravos de um economista já falecido. O
estadista louco age premido por vozes que se encontram no ar. É através dessa
voz que ele vai administrar o dia a dia de milhões de pessoas. Dessa forma,
Keynes acha que o desenvolvimento das ideias é mais importante do que todos os
interesses pessoais do rei, do presidente ou do governador.
Esses grandes economistas eram de vários países, de
vários modos de vida e de diversos temperamentos. Alguns brilhantes, outros
grosseiros; alguns fizeram fortuna e outros não souberam administrar as suas
próprias finanças. Seus pontos de vista acerca do mundo variavam de acordo com
suas fortunas. Uns defendiam os direitos das mulheres, enquanto outros achavam
a mulher inferior; os economistas ricos escreviam contra a riqueza e os
economistas pobres contra a caridade.
Contudo, no meio dessas divergências havia uma
característica comum: todos estavam fascinados pelo mundo que os rodeava, pela
sua complexidade e pela sua aparente desordem. Todos estavam absorvidos na
análise do comportamento dos seus semelhantes, primeiro pelo modo como criavam
a riqueza material e depois pela forma como pisavam o pé do vizinho para
conseguir uma parte dessa riqueza. Estavam, por fim, interessados em
compreender o fascínio da luta pela riqueza e pela vida.
Quem pensaria em procurar ordem e forma no
interior de uma família pobre ou num especulador à beira da ruína, ou leis
de consistência e princípios numa multidão à
busca de riqueza ou numa hortaliceira sorrindo aos seus fregueses. É esta
procura de ordem e de sentido na história social que está o centro da ciência
econômica. É esse esforço para juntar a parte com o todo que dá aos grandes
pensadores elementos para arquitetar um mundo ideal, em que até a utopia é
factível e digna de ponderação.
Saibamos observar a ordem, mesmo quando tudo parece
ir contra. Há uma lei mais perfeita que rege todo o movimento de nossas ações:
é a lei natural.
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