11 outubro 2005

Pechincha e Barganha

mercado é um lugar onde as pessoas compram e vendem bens e serviços na expectativa de obter uma vantagem. Que tipo de conflito estaria em evidência nesta relação? As pessoas, diferentes umas das outras, nem sempre são conhecedoras de toda a gama de bens, de modo que elas podem estar em conflito se compram ou não um determinado produto. Porém, não é esse o conflito que existe entre comprador e vendedor.

O conflito entre comprador e vendedor é caracterizado pela razão de troca, ou seja, pelo estabelecimento do preço de um bem. Quer dizer, enquanto o vendedor quer oferecer o produto pelo maior preço, o consumidor quer adquiri-lo pelo menor. É no intervalo entre o maior preço ofertado e o menor preço procurado, que o conflito terá sua solução. À disputa entre o maior e o menor preço, denominamos de pechincha. Pechinchar é, pois, diminuir ao máximo o preço oferecido pelo vendedor.

Numa relação de troca, o consumidor irá pechinchar até encontrar o preço de equilíbrio para o bem em questão. No Oriente esta prática é comum. Por outro lado, os Quakers, no século XVII, fixavam os preços para as suas mercadorias e recusavam qualquer tipo de pechincha, alegando que se alguém pechinchava é porque havia uma expectativa de que o que eles recebiam não era verdadeiro. Este fato deu origem ao que conhecemos hoje como preço fixo.

Gradualmente, entretanto, o costume tornou-se quase universal e raramente discutimos os preços, principalmente quando vamos ao supermercado ou grandes magazines. Observe a compra num supermercado tradicional: pegamos um carrinho, enchemo-lo de mercadorias, passamos pelo caixa, pagamos e vamos para os nossos lares. Não vem à nossa mente discutir o preço com o dono do supermercado. Podemos deixar de comprar, caso achemos que o preço do produto é mais convidativo em outro lugar, mas não regateamos com o dono do supermercado para levá-lo por um preço menor.

preço fixo tornou uma constante, mas isso não que dizer que podemos estabelecer qualquer preço arbitrariamente. Basta, por exemplo, observar a postura de um atravessador: a maioria de nós imagina que ele ganha tanto quanto quer, ou fixa o lucro que quer. Isso não é uma verdade, porque se ele contrariar a lei de oferta e demanda, poderá perder a sua posição no mercado, visto os produtores e consumidores organizarem as suas trocas de outra forma.

Saibamos pechinchar, mas não nos tornemos egoístas, a ponto de querer amealhar todo o lucro da troca somente para nós.

Fonte de Consulta

BOULDING, K. E., Economic Analysis. USA, Harper & Brothers, 1941.


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