O mercado é um lugar onde as pessoas compram e vendem
bens e serviços na expectativa de obter uma vantagem. Que tipo de conflito estaria em evidência nesta relação? As
pessoas, diferentes umas das outras, nem sempre são conhecedoras de toda a gama
de bens, de modo que elas podem estar em conflito se compram ou não um
determinado produto. Porém, não é esse o conflito que existe entre comprador e
vendedor.
O conflito
entre comprador e vendedor é caracterizado pela razão de troca, ou seja,
pelo estabelecimento do preço de um bem. Quer dizer, enquanto o vendedor quer
oferecer o produto pelo maior preço, o consumidor quer adquiri-lo pelo menor. É
no intervalo entre o maior preço ofertado e o menor preço procurado, que o
conflito terá sua solução. À disputa entre o maior e o menor preço, denominamos
de pechincha. Pechinchar é, pois, diminuir ao máximo o
preço oferecido pelo vendedor.
Numa
relação de troca, o consumidor irá pechinchar até encontrar o preço de equilíbrio para o bem em questão. No
Oriente esta prática é comum. Por outro lado, os Quakers, no século XVII,
fixavam os preços para as suas mercadorias e recusavam qualquer tipo de
pechincha, alegando que se alguém pechinchava é porque havia uma expectativa de
que o que eles recebiam não era verdadeiro. Este fato deu origem ao que
conhecemos hoje como preço fixo.
Gradualmente,
entretanto, o costume tornou-se quase universal e raramente discutimos os
preços, principalmente quando vamos ao supermercado ou grandes magazines.
Observe a compra num supermercado tradicional: pegamos um carrinho, enchemo-lo
de mercadorias, passamos pelo caixa, pagamos e vamos para os nossos lares. Não
vem à nossa mente discutir o preço com o dono do supermercado. Podemos deixar
de comprar, caso achemos que o preço do produto é mais convidativo em outro
lugar, mas não regateamos com o dono do supermercado para levá-lo por um preço
menor.
O preço fixo tornou uma constante, mas isso não que
dizer que podemos estabelecer qualquer preço arbitrariamente. Basta, por
exemplo, observar a postura de um atravessador: a maioria de nós imagina que
ele ganha tanto quanto quer, ou fixa o lucro que quer. Isso não é uma verdade,
porque se ele contrariar a lei de oferta e demanda, poderá perder a sua posição
no mercado, visto os produtores e consumidores organizarem as suas trocas de
outra forma.
Saibamos
pechinchar, mas não nos tornemos egoístas, a ponto de querer amealhar todo o
lucro da troca somente para nós.
Fonte de
Consulta
BOULDING,
K. E., Economic Analysis. USA, Harper & Brothers, 1941.
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