01 julho 2008

Socialismo e Capitalismo

Socialismo é um termo ambíguo: deve ser analisado sob vários ângulos. 

Comecemos pelo Socialismo utópico: as ideias prematuras que remontam à Revolução Francesa. Os pensadores dessa época sustentavam que os meios de produção deveriam ser coletivos. A divisão entre empresários e trabalhadores era injusta e perturbadora. Todos deveriam estar na mesma situação econômica. Essa definição não esclarece se todos os meios de produção devem ser coletivos ou somente os que F. Engels chamou de commanding heights (alturas dominantes). Também não elucida satisfatoriamente o problema das distinções que decorrem da coexistência de sistemas socialistas – reais ou teóricos – com a democracia.

O termo Capitalismo designa um sistema econômico no qual a maior parte da vida econômica, particularmente o investimento em bens de produção e sua propriedade se desenvolvem em caráter privado (i.é, não-governamental), através do processo de concorrência econômica, tendo como incentivo o lucro. A palavra capitalismo foi amplamente difundida pelos socialistas para designar o sistema econômico que combatiam, especificamente no que se referia aos lucros excessivos. Na linguagem corrente, a palavra capitalismo implica frequentemente a existência de proprietários de grandes quantidades de capital.

marxismo — resultado das ideias de Marx expostas no Manifesto Comunista de 1848 e na sua obra O Capital — influenciou muitos pensadores e políticos na luta contra o capitalismo. Marx, no desenvolvimento de seus pensamentos, considerava que o Estado capitalista estava predestinado a ser destruído e substituído pela "ditadura do proletariado" que, por sua vez, por "decomposição" do Estado se transformaria finalmente numa sociedade sem classes. A história nos mostrou que apenas a Rússia e a China – países pré-capitalistas – implantaram esse sistema. O curioso é que esses países não tinham ainda atingido a fase do capitalismo.

capitalismo foi sempre duramente criticado, mas sem muita razão. É que a crítica referia-se à fase pré-capitalista. Observe que o princípio fundamental que mantém o capitalismo, tal como existe em todos os países, é a produção em massa para o consumo de massa. Por intermédio da economia de mercado, as inovações tecnológicas barateiam o produto e pode-se produzir mais com menor custo. Com isso, expande-se o mercado para além das fronteiras do país, onde mais e mais pessoas são beneficiadas no atendimento de suas necessidades. Hoje, esse fenômeno recebe o nome de globalização.

O fato econômico aí está. O que nos cabe é interpretá-lo adequadamente, no sentido de melhor compreendermos o processo de troca entre as pessoas. Para que haja uma coexistência pacífica entre o capitalismo e o socialismo, precisamos de uma intervenção estatal na economia de mercado. É o Estado o órgão que vai regular os interesses egoísticos dos indivíduos em detrimento do bem comum, do interesse do coletivo. Para isso, o Estado pode taxar as empresas monopolistas, a fim de melhor distribuir a renda entre os habitantes de seu território.

socialismo e o capitalismo deverão conviver pacificamente, pois, caso contrário, acabarão esfacelando-se mutuamente, o que é prejudicial tanto para o indivíduo, como para a empresa e o governo.

Fonte de Consulta

SILVA, B. (Org.) Dicionário de Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1986.

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F. A. Hayek, na introdução [“O socialismo foi um erro?”] do seu livro Os Erros Fatais do Socialismo, diz que a nossa civilização é dependente na origem e na preservação da ordem ampliada da cooperação humana, que é erroneamente conhecida como capitalismo. Afirma, ainda que essa ordem surgiu espontaneamente.

O resultado natural da cooperação humana foi o acesso a informações, e que o texto bíblico confirma plenamente tal acepção: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a” (Gênesis 1, 28). Esse processo talvez seja a faceta mais negligenciada da evolução humana.

O ponto central do argumento de Hayek é, pois, que “o conflito entre os defensores da ordem humana ampliada espontânea criada por um mercado competitivo, de um lado, e aqueles que exigem uma organização deliberada da interação humana pela autoridade central baseada no controle coletivo dos recursos disponíveis, de outro, deve-se a erro factual dos últimos a respeito de como o conhecimento desses recursos é e pode ser gerado e utilizado”.

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