Socialismo é um termo ambíguo: deve ser analisado sob vários ângulos.
Comecemos
pelo Socialismo utópico: as ideias prematuras que remontam à
Revolução Francesa. Os pensadores dessa época sustentavam que os meios
de produção deveriam ser coletivos. A divisão entre empresários e trabalhadores era
injusta e perturbadora. Todos deveriam estar na mesma situação econômica. Essa
definição não esclarece se todos os meios de produção devem ser coletivos ou
somente os que F. Engels chamou de commanding heights (alturas
dominantes). Também não elucida satisfatoriamente o problema das distinções que
decorrem da coexistência de sistemas socialistas – reais ou teóricos – com a
democracia.
O termo Capitalismo designa
um sistema econômico no qual a maior parte da vida econômica, particularmente o
investimento em bens de produção e sua propriedade se desenvolvem em caráter privado
(i.é, não-governamental), através do processo de concorrência econômica, tendo
como incentivo o lucro. A palavra capitalismo foi amplamente difundida pelos
socialistas para designar o sistema econômico que combatiam, especificamente no
que se referia aos lucros excessivos. Na linguagem corrente, a palavra
capitalismo implica frequentemente a existência de proprietários de grandes
quantidades de capital.
O marxismo —
resultado das ideias de Marx expostas no Manifesto Comunista de
1848 e na sua obra O Capital — influenciou muitos
pensadores e políticos na luta contra o capitalismo. Marx, no desenvolvimento
de seus pensamentos, considerava que o Estado capitalista estava predestinado a
ser destruído e substituído pela "ditadura do proletariado" que, por
sua vez, por "decomposição" do Estado se transformaria finalmente
numa sociedade sem classes. A história nos mostrou que apenas a Rússia e a
China – países pré-capitalistas – implantaram esse sistema. O curioso é que
esses países não tinham ainda atingido a fase do capitalismo.
O capitalismo foi
sempre duramente criticado, mas sem muita razão. É que a crítica referia-se à
fase pré-capitalista. Observe que o princípio fundamental que mantém o
capitalismo, tal como existe em todos os países, é a produção em massa para
o consumo de massa. Por intermédio da economia de mercado, as
inovações tecnológicas barateiam o produto e pode-se produzir mais com menor
custo. Com isso, expande-se o mercado para além das fronteiras do país, onde
mais e mais pessoas são beneficiadas no atendimento de suas necessidades. Hoje,
esse fenômeno recebe o nome de globalização.
O fato econômico aí está. O que
nos cabe é interpretá-lo adequadamente, no sentido de melhor compreendermos o
processo de troca entre as pessoas. Para que haja uma coexistência pacífica
entre o capitalismo e o socialismo, precisamos de uma intervenção estatal na
economia de mercado. É o Estado o órgão que vai regular os interesses
egoísticos dos indivíduos em detrimento do bem comum, do interesse do coletivo.
Para isso, o Estado pode taxar as empresas monopolistas, a fim de melhor
distribuir a renda entre os habitantes de seu território.
O socialismo e
o capitalismo deverão conviver pacificamente, pois, caso
contrário, acabarão esfacelando-se mutuamente, o que é prejudicial tanto para o
indivíduo, como para a empresa e o governo.
Fonte de
Consulta
SILVA, B. (Org.) Dicionário
de Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1986.
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F. A. Hayek, na introdução [“O socialismo
foi um erro?”] do seu livro Os Erros
Fatais do Socialismo, diz que a nossa civilização é dependente na origem e
na preservação da ordem ampliada da cooperação humana, que é erroneamente
conhecida como capitalismo. Afirma, ainda que essa ordem surgiu
espontaneamente.
O resultado natural da cooperação humana
foi o acesso a informações, e que o texto bíblico confirma plenamente tal
acepção: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a”
(Gênesis 1, 28). Esse processo talvez seja a faceta mais negligenciada da
evolução humana.
O ponto central do argumento de Hayek é, pois,
que “o conflito entre os defensores da ordem humana ampliada espontânea criada
por um mercado competitivo, de um lado, e aqueles que exigem uma organização deliberada
da interação humana pela autoridade central baseada no controle coletivo dos
recursos disponíveis, de outro, deve-se a erro factual dos últimos a respeito
de como o conhecimento desses recursos é e pode ser gerado e utilizado”.
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