"[...] nosso
conhecimento nunca pode ir mais longe do que nossas ideias." (Ensaio
sobre o entendimento humano)
John Locke (1632-1704).
Estudou Filosofia, Ciências Naturais e Medicina em Oxford. Esteve durante
muitos anos a serviço do Conde de Shaftesbury, como secretário e preceptor do
seu filho e do neto. Seguiu seu protetor, ao ser este exilado para a Holanda, e
voltou para a Inglaterra com a ascensão de Guilherme de Orange.
Obras de Locke: An Essay
concerning Human Understanding (Ensaio sobre o Entendimento Humano, 1690).
No mesmo ano escreveu An Essay concerning Toleration (Ensaio sobre a
Tolerância). Em 1693, publicou The Reasonableness of Christianity (A
Razoabilidade do Cristianismo). Sua obra é uma reação contra Descartes e sua
doutrina das ideias inatas. Escreveu também Two Treatises on Civil Government (Dois
Tratados sobre o Governo Civil), do qual An Essay Concerning
the True Original, Extent and End of Civil Government (O Ensaio Concernente à
Verdadeira Origem, Extensão e Fim do Governo Civil), é a segunda
parte.
Resumo de seu
pensamento: Os racionalistas acreditam que nascemos com algumas ideias e
conceitos: os que são "inatos". ==> Mas isso não
é confirmado pelo fato... ==> ... de que não há
verdades encontradas em todos nós no nascimento.
==> ... de que não há ideias universais encontradas em
pessoas de todas as culturas, em todos os tempos. ==> Tudo o que
sabemos é adquirido a partir da experiência. (1)
Quando John Locke dá
início ao empirismo inglês, a filosofia predominante é a cartesiana, cujo
problema metafísico é resolvido pela teoria substancialista (três substâncias)
de Descartes: res cogitans — a substância pensante —
(alma), res extensa — a substância extensa — (o corpo) e Deus,
a substância infinita criadora.
Descartes falava de
três tipos de ideias: adventícias, fictícias e inatas.
As ideias adventistas são as que sobrevêm em nós postas pela
presença da realidade externa; as ideias fictícias são aquelas
que por nós mesmos formamos em nossa alma; as ideias inatas são
as que constituem o acervo próprio do espírito, da mente e da alma. Locke nega
a existência de ideias inatas. Para explicar como as ideias se formam na mente,
supôs que a alma fosse um papel em branco (tabula rasa) onde tudo o mais
deveria ser escrito pelas sensações da experiência.
Suas ideias sobre o
governo civil mostram que cada indivíduo, movido pela lei natural, elabora uma
espécie de contrato, dando ao melhor o poder de governá-los. Os que são
escolhidos para o cargo de comando podem ser substituídos, caso não ajam de
acordo com a vontade da maioria. Locke tornou-se famoso, porque conseguiu
influenciar muitos governos, pois foi o primeiro a advogar a concepção moderna
de liberdade civil e definir as limitações da propriedade e do poder da
república.
(1) VÁRIOS
COLABORADORES. O Livro da Filosofia. Tradução de Rosemarie
Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.
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Locke, em seu Ensaio sobre
o Entendimento Humano, mesmo não sendo uma obra psicológica, inaugurou a
psicologia da associação de ideias.
Para Locke, a
proteção do cidadão, com relação ao abuso de poder, assenta-se na divisão de
poderes. Em se tratando do Estado, elucida, também, os limites da tolerância:
“Uma sociedade democrática não pode aceitar qualquer seita secreta e obediente
a um país estrangeiro, assim como não pode permitir o ateísmo, sinônimo de
imoralidade e falta de responsabilidade”.
Para Locke, a mente não inventa ideias. “A
mente limita-se a reelaborar sob forma de abstração crescente dados e
observações que recebe do exterior, segundo a fórmula empirista nada
existe no intelecto que não tenha antes passado pela percepção”.
Para Locke, o contrato produz a sociedade e o
governo, consequentemente o Estado. Para Rousseau, o contrato só constitui a
sociedade. Ele acha também que a sociedade e o Estado devem ser uma única
coisa; não podem estar separados. Por isso, diz que o único órgão soberano é a assembleia,
na qual se expressa a soberania. Nesse caso, a assembleia, representando o
povo, pode delegar poderes a algumas pessoas e delas retirar quando as
circunstâncias assim o exigirem.
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