"O trabalho, como todas as outras
coisas que são compradas e vendidas e cuja quantidade pode ser aumentada ou
diminuída, tem seu preço natural e seu preço de mercado. O preço natural do
trabalho é aquele necessário para permitir que os trabalhadores, em geral,
subsistam e perpetuem sua descendência, sem aumento ou diminuição." (David
Ricardo)
David Ricardo (1772-1823) foi
um economista e político britânico. Ao lado de Thomas Malthus e Adam Smith, foi
um dos mais influentes economistas clássicos. Deixou importantes contribuições
para o pensamento econômico mundial. Foi James Mill [o pai de John Stuart Mill]
quem o convenceu a escrever. Entretanto, alcançou fortuna considerável na
bolsa, o que lhe permitiu reformar-se aos 42 anos.
Malthus e Ricardo, sucessores de Adam
Smith, também exerceram uma considerável influência sobre o sistema social.
Malthus, no seu primeiro Essay
on Population, publicado em 1798, retrata a "visão miserífica" de
equilíbrio de longo prazo, onde a fome e a miséria são os únicos meios efetivos
para conter o crescimento excessivo da população. Ricardo, por sua vez, captou
os insights de
Adam Smith num corpo de doutrina abstrata, onde estão arrolados a ortodoxia do
padrão ouro, a pequena atuação governamental, os orçamentos equilibrados e uma
lei dos pobres punitiva.
Muitas de suas primeiras publicações
foram sobre moeda e sistema bancário. Em 1810 publicou o panfleto sobre O alto preço dos metais preciosos (ouro e prata) como prova da
desvalorização das notas bancárias (The high price of
bullion, a proof of the depreciation of bank notes); em 19815, Ensaio sobre a
influência de um baixo preço do cereal sobre os lucros do capital (Essay on the influence
of a low price of corn on the profits of stock); este apareceu em 1817, sob
o título Princípios da economia política e tributação (The principles of political economy and taxation), e dominou a economia
clássica durante cerca de meio século.
A principal questão
levantada por Ricardo nessa obra trata da distribuição do produto gerado pelo
trabalho na sociedade. Isto é, segundo Ricardo, a aplicação conjunta de
trabalho, maquinaria e capital no processo produtivo gera um produto, o qual se
divide entre as três classes da sociedade: proprietários de terra (sob a forma
de renda da terra), trabalhadores assalariados (sob a forma de salários) e os
arrendatários capitalistas (sob a forma de lucros do capital). O papel da ciência econômica seria, então, o
de determinar as leis naturais que orientam essa distribuição, como modo de
análise das perspectivas atuais da situação econômica, sem perder a preocupação
com o crescimento em longo prazo.
A sua teoria
das vantagens comparativas constitui a base essencial da teoria
do comércio internacional. Demonstrou que duas nações podem beneficiar
mutuamente do comércio livre, mesmo que uma nação seja menos eficiente na
produção de todos os tipos de bens do que o seu parceiro comercial. Ricardo
defendia que nem a quantidade de dinheiro num país, nem o valor
monetário desse dinheiro, era o maior determinante para a riqueza de uma nação.
A lei dos custos
comparativos é uma das partes mais importantes da teoria do comércio
internacional nos dias de hoje. Ricardo contribuiu substancialmente para a
metodologia e "ferramental" dos economistas.
Fonte de Consulta
BANNOCK, Graham,
BAXTER, R. E. e REES, Ray. Dicionário de Economia. Tradução de Antonio Luís Salvaterra e Maria
Madalena Marques de Carvalho Grade. Lisboa/São Paulo: Verbo, 1987.
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